No quadro de um sistema de colocação de professores que tão depressa pode colocar um docente ao lado de casa como a centenas de quilómetros de distância, é previsível que cada um dos interessados faça o que estiver ao seu alcance para ficar perto de casa e evitar a desregulação - que, recorde-se, nalguns casos é anual - da sua vida quotidiana e familar. Quem, posto perante a imprevisibilidade e irracionalidade da situação, não recorreria a atestados médicos que atire a primeira pedra.
Mas um professor é um educador. É, em muitos casos, um modelo de comportamento para as nossas crianças e os nossos jovens, juntamente com os pais ou a família, nalgumas vezes mesmo, infelizmente, em vez dos pais ou da família.
Claro que a ética e a verticalidade são atributos individuais que compete a cada um de nós cultivar e que só se expressam perante o seu contrário. Só podemos assumir um comprtamento ético perante a tentação de um comprtamernto não conforme com a ética. Por isso, a cada um dos professores que apresentou atestados médicos falsos para conseguir influenciar a colocação pode ser imputado um comportamento censurável. Mas mal da sociedade que coloca os seus professores perante este dilema. Mais ainda num quadro geral em que, em muitas outra áreas da nossa vida colectiva, não é apontado o dedo àquele que "se safa" mas sim àquele que, em nome de valores vagos, não "aproveita" os "recursos" ao seu alcance. Para muitos professores - e facilmente se percebe que também para a população em geral - um professor que consegue um atestado para ficar colocado junto de família faz aquilo que é "normal"; um professor que se recusa a fazê-lo mesmo tendo essa possibilidade porque "não é correcto" passa por imbecil. Está assim o estado moral da nação...
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