Um leitor da Grande Reportagem lembra que Manuel Maria Carrilho “não olha a meios para atingir os fins: forçou a saída de Rui Vieira Nery de secretário de estado da cultura porque lhe fazia sombra; considera Guterres um ‘beato, lânguido, insuportavelmente desresponsabilizante’. O mesmo Guterres que os socialistas queriam como candidato a Belém. E compara Sócrates a Santana Lopes na ‘falta de cultura e impreparação ideológica’. O mesmo Sócrates que dá o aval para que Carrilho seja o candidato do PS a presidente da Câmara de Lisboa. Resta a lucidez de António Barreto, contra quem Carrilho moveu um processo-crime por difamação, por ter feito do ‘novo príncipe’ o retrato mais lúcido e incisivo da criatura: ‘Um pavão de província’. Posto isto, resta alertar os lisboetas para o que aí vem. E Sócrates para que se cuide.”
Obviamente, os sublinhados são meus. Não conheço as atribuições de declarações e portanto não as posso confirmar ou desmentir, mas parece-me que com Manuel Maria Carrilho estamos a assistir ao início de algo. A forma como se impôs para Lisboa revela argúcia política e as polémicas que recordamos do seu tempo na Cultura indiciam vontade de protagonismo. Mas Carrilho é também um estilo de político que não existe em Portugal. É um espécime novo. Comparável a Santana, é verdade, mas suficientemente diferente dele para que, avisado contra os santanismos, o PS permita a sua ascenção. Carrilho tem mais classe e mais cultura política. Cuida da sua imagem como um artista, mas fá-lo com mais refinamento. Mas Carrilho tem menos lastro e é um loner da política. Irá usar o partido sempre que dele precisa, mas os seus projectos serão pessoais. Chegado ao patamar camarário, o “pavão” vai começar a olhar mais alto. Sócrates foi inteligente em dar-lhe a câmara, mas será ainda mais inteligente se continuar a controlar atentamente a situação. Porque este “pavão” exubera ambição.
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