O caso da bebé de Viseu agredida e violentada pelos próprios pais lembra-nos, na sua irracional brutalidade, que o ser humano está, ainda hoje, perigosamente próximo da mais abjecta animalidade. E demonstra-nos também que a vida em sociedade pode não ser capaz de identificar todos estes problemas antes de eles se consumarem desta forma.
Claro que haverá responsabilidades a apurar, nomeadamente por omissão. Um caso tão grave não pode deixar de ter responsáveis, provavelmente com diferentes graus de responsabilidade e a diferentes níveis. Mas pode ser redutor e simplista acusar as delegadas que deviam ter identificado os maus tratos e não o fizeram. Claramente elas deviam ter visto algo que não viram. Mas resta saber porque razão não viram (falta de formação?) e resta identificar todas as outras razões pelas quais um caso tão limite passou por todos os check-points que a sociedade tem sem que ninguém fizesse nada. Que grau de miséria humana pode engendrar tamanha violência? Quantas vezes quantas pessoas terão olhado para o lado? Quantas famílias haverá neste país (e neste mundo) em condições semelhantes? A animalidade está tão próxima da civilidade...
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