Não sei se o livro presta para alguma coisa, mas esta recensão de Daniel Runciman, professor de ciência política em Cambridge, publicada na London Review of Books merece uma leitura.
(via Margens de Erro, via Bem Haja)
Tese + Antítese = Síntese. Espaço de reflexão sobre a actualidade. Media, política e jornalismo.
quarta-feira, dezembro 28, 2005
terça-feira, dezembro 27, 2005
A técnica ao serviço da lógica
Neste momento, a situação encerra mais dúvidas do que certezas, mas esta análise temporal do utilíssimo Margens de Erro parece dar razão à lógica inerente às eleições nas quais os dois competidores principais partem com uma grande distância nas sondagens.
segunda-feira, dezembro 26, 2005
Os miseráveis
Ontem, o alinhamento noticioso de uma televisão juntou a notícia de um condutor de autocarro embriagado que tirou a vida a vários turistas estrangeiros à de duas crianças que morreram queimadas por terem sido deixadas sozinhas em casa sem água nem luz. Só para nos lembrar que, no fundo, apesar de todas as miragens europeias, este nosso país é ainda, em muitos aspectos, miseravelmente subdesenvovido.
Eleição Betandwin
Embora com algum atraso (Natal oblige), cinco observações sobre a polémica das apostas online sobre as eleições presidenciais portuguesas:
1. O presidente da república é a mais importante figura da nação e representa todos os portugueses. Ele está para o regime republicano como o rei esteve durante muitos anos para a monarquia. Na verdade, na sui-generis configuração constitucional portuguesa, ele é o nosso rei em república. Por isso a sua dignidade deve ser preservada. O mesmo em relação ao acto eleitoral que o elege, não só por eleger quem elege, mas antes de tudo simplesmente por ser um acto eleitoral. É uma coisa séria e importante que, mais uma vez, deve estar a coberto deste tipo de utilizações.
2. Por isso, entende-se a reacção dos políticos e em primeiro lugar dos candidatos presidenciais, porque, como diz o povo "quem não se sente não é filho de boa gente". Mas, aceitando-se essa reacção, estranha-se que ela nunca tenha surgido a propósito de outras apostas relacionadas com eleições ou outros temas igualmente polémicos. Nessa medida, a reacção da classe política a este caso, integra um mecanismo corporativo que não faz nada para prestigiar a função, algo que os candidatos - até pelo alto cargo a que se candidatam - deviam ter percebido e integrado nas suas declarações sobre a matéria.
3. Já não se entente muito bem, por revelar excesso de zelo, a reacção do porta-voz da Comissão Nacional de Eleições. Em primeiro lugar porque introduz uma nova cambiante jurídica - o "qualquer-coisa-mente ilegal -, em segundo lugar porque configura uma reacção do porta-voz de um órgão colegial antes da reunião do órgão que lhe dá voz, e em terceiro lugar, sobretudo, porque revela medo dos políticos. E isso é um mau indício.
4. Também se entende mal que a Betandwin tenha retirado o jogo de apostas assim que percebeu o que estava a acontecer. Porque, das duas uma: ou a empresa tinha noção do que estava a fazer, tanto do ponto de vista comercial como do ponto de vista jurídico, e nesse caso devia manter as apostas: ou fê-lo sem a noção clara daquilo em que estava "a mexer" e tentando apenas ganhar alguns cêntimos "à socapa", na esperança de que ninguém desse por isso. Ao meter de imediato o "rabo entre as pernas" a empresa revelou a natureza sinuosa com que se move no mundo dos negócios e, mais uma vez, um receio da classe política que é tão mau indício como o anterior.
5. O problema das apostas online (que, recorde-se, se segue a uma polémica anterior sobre se a Betandwin pode ou não publicitar os seus jogos em território nacional) é apenas uma das milhentas manifestações da globalização e torna clara a crescente dificuldade dos estados em manterem o controlo das fronteiras nacionais na sociedade de informação globalizada. É altamente improvável que qualquer mecanismo legal português pudesse sancionar a empresa sediada na Áustria e seria grandemente exagerado recorrer aos canais diplomáticos para resolver uma questão deste calibre. Infelizmente, o recuo imediato da Betandwin transformou esta questão em mais um fait-divers eleitoral que será rapidamente esquecido. A questão que suscita, no entanto, veio para ficar e estou certo que mais cedo ou mais tarde, sob este ou outro pretexto, voltaremos a discuti-la. Mais valia que o tivéssemos feito já.
1. O presidente da república é a mais importante figura da nação e representa todos os portugueses. Ele está para o regime republicano como o rei esteve durante muitos anos para a monarquia. Na verdade, na sui-generis configuração constitucional portuguesa, ele é o nosso rei em república. Por isso a sua dignidade deve ser preservada. O mesmo em relação ao acto eleitoral que o elege, não só por eleger quem elege, mas antes de tudo simplesmente por ser um acto eleitoral. É uma coisa séria e importante que, mais uma vez, deve estar a coberto deste tipo de utilizações.
2. Por isso, entende-se a reacção dos políticos e em primeiro lugar dos candidatos presidenciais, porque, como diz o povo "quem não se sente não é filho de boa gente". Mas, aceitando-se essa reacção, estranha-se que ela nunca tenha surgido a propósito de outras apostas relacionadas com eleições ou outros temas igualmente polémicos. Nessa medida, a reacção da classe política a este caso, integra um mecanismo corporativo que não faz nada para prestigiar a função, algo que os candidatos - até pelo alto cargo a que se candidatam - deviam ter percebido e integrado nas suas declarações sobre a matéria.
3. Já não se entente muito bem, por revelar excesso de zelo, a reacção do porta-voz da Comissão Nacional de Eleições. Em primeiro lugar porque introduz uma nova cambiante jurídica - o "qualquer-coisa-mente ilegal -, em segundo lugar porque configura uma reacção do porta-voz de um órgão colegial antes da reunião do órgão que lhe dá voz, e em terceiro lugar, sobretudo, porque revela medo dos políticos. E isso é um mau indício.
4. Também se entende mal que a Betandwin tenha retirado o jogo de apostas assim que percebeu o que estava a acontecer. Porque, das duas uma: ou a empresa tinha noção do que estava a fazer, tanto do ponto de vista comercial como do ponto de vista jurídico, e nesse caso devia manter as apostas: ou fê-lo sem a noção clara daquilo em que estava "a mexer" e tentando apenas ganhar alguns cêntimos "à socapa", na esperança de que ninguém desse por isso. Ao meter de imediato o "rabo entre as pernas" a empresa revelou a natureza sinuosa com que se move no mundo dos negócios e, mais uma vez, um receio da classe política que é tão mau indício como o anterior.
5. O problema das apostas online (que, recorde-se, se segue a uma polémica anterior sobre se a Betandwin pode ou não publicitar os seus jogos em território nacional) é apenas uma das milhentas manifestações da globalização e torna clara a crescente dificuldade dos estados em manterem o controlo das fronteiras nacionais na sociedade de informação globalizada. É altamente improvável que qualquer mecanismo legal português pudesse sancionar a empresa sediada na Áustria e seria grandemente exagerado recorrer aos canais diplomáticos para resolver uma questão deste calibre. Infelizmente, o recuo imediato da Betandwin transformou esta questão em mais um fait-divers eleitoral que será rapidamente esquecido. A questão que suscita, no entanto, veio para ficar e estou certo que mais cedo ou mais tarde, sob este ou outro pretexto, voltaremos a discuti-la. Mais valia que o tivéssemos feito já.
sexta-feira, dezembro 23, 2005
Citador
Do Mau Tempo no Canil, vale a pena transcrever este post sobre o debate:
«Não foi D. Afonso Henriques escolhido pessoalmente por Deus para o extraordinário desígnio da reconquista? Não foi este o país que deu mundos ao mundo? Não somos, pelo menos na pena do Padre António Vieira, os inventores do V Império? Não somos os sempre afortunados que gastaram a herança brasileira no palácio de Mafra? E não somos ainda os filhos de Salazar e das suas prometidas e vãs glórias ultramarinas? Não somos também os pontas de lança do marxismo e do capitalismo, ora hesitando entre cumprir o desígnio de ser Moscovo à beira-tejo ou, agora, o de ser a nova Califórnia da Europa? Infelizmente, somos também o país que perdeu o império, que recebeu os espanhois aliviado, fugiu dos franceses e foi ultimado pelos ingleses. Somos o país do ditador que quase morreu de velho e dos cravos que murcharam. Somos o país dos que esperam D. Sebastião. O Portugal bipolar que não quer, nem sabe, sair do seu labirinto da saudade.»
Chapeau!
«Não foi D. Afonso Henriques escolhido pessoalmente por Deus para o extraordinário desígnio da reconquista? Não foi este o país que deu mundos ao mundo? Não somos, pelo menos na pena do Padre António Vieira, os inventores do V Império? Não somos os sempre afortunados que gastaram a herança brasileira no palácio de Mafra? E não somos ainda os filhos de Salazar e das suas prometidas e vãs glórias ultramarinas? Não somos também os pontas de lança do marxismo e do capitalismo, ora hesitando entre cumprir o desígnio de ser Moscovo à beira-tejo ou, agora, o de ser a nova Califórnia da Europa? Infelizmente, somos também o país que perdeu o império, que recebeu os espanhois aliviado, fugiu dos franceses e foi ultimado pelos ingleses. Somos o país do ditador que quase morreu de velho e dos cravos que murcharam. Somos o país dos que esperam D. Sebastião. O Portugal bipolar que não quer, nem sabe, sair do seu labirinto da saudade.»
Chapeau!
quinta-feira, dezembro 22, 2005
A fuga ao fisco
São compreensíveis os receios relativos à possibilidade de o fisco aproveitar os mecanismos que lhe coloquem ao dispor para en trar em excesso de zelo. Mas o nosso problema não é o excesso de zelo da máquina fiscal; é a sua ineficácia. Por isso, preocupemo-nos com esse problema quando e se esse problema surgir. E preocupemo-nos hoje com o problema que manifestamente hoje temos: a fuga ao fisco (e não é problema de somenos; juntamente com a ineficácia da justiça é certamente um dos granes problemas nacionais). A defesa dos cidadãos e empresas face ao Estado é um imperativo em países onde o Estado é forte e os cidadãos são fracos. Mas em Portugal, hoje, o Estado é fraco, os cidadãos são ainda mais fracos e só as empresas são fortes. Por isso é à máquina do Estado que urge dar as condições para exercer as suas funções.
Coroado, o reincidente
Afinal é um traço de estilo: Coroado reincidiu no "português criativo". Pronunciando-se sobre o lance de Nuno Gomes no jogo de ontem, em que se reclama mão, o ex-árbitro escreve no Jogo:
"Não. A bola é dominada na zona mamilar - talvez um pouco mais acima -, mas sem qualquer infracção por parte do jogador do Benfica."
(via Simplesmente Sporting)
"Não. A bola é dominada na zona mamilar - talvez um pouco mais acima -, mas sem qualquer infracção por parte do jogador do Benfica."
(via Simplesmente Sporting)
quarta-feira, dezembro 21, 2005
E a seguir... Lisboa!
Deliciosamente esquerdista este Bubble Project. Na senda dos lendários AdBusters.
(dica Bicho Carpinteiro)
(dica Bicho Carpinteiro)
Responsabilidade na internet
Na sequência dos ataques recentemente movidos à Wikipedia, foi agora criado um site (www.wikipediaclassaction.com) especificamente destinado a recolher e dar seguimento judicial a queixas de particulares e empresas em relação a informações erradas ou difamatórias publicadas naquela enciclopédia aberta.
A defesa da Wikipedia é certamente uma causa nobre. Mas, como o site também releva, há demasiado material anónimo e inimputável na internet para que as coisas realmente boas que nela existem possam ter a credibilidade que merecem. Por isso, pedir mais responsabilização é defender a internet e os sites como a Wikipedia. Podemos escrever panfletos com aquilo que quisermos, mas sabemos que podemos ser resposabnilizados por isso. Nos posts, mensagens ou e-mails com que comunicamos na internet não deve ser diferente.
A defesa da Wikipedia é certamente uma causa nobre. Mas, como o site também releva, há demasiado material anónimo e inimputável na internet para que as coisas realmente boas que nela existem possam ter a credibilidade que merecem. Por isso, pedir mais responsabilização é defender a internet e os sites como a Wikipedia. Podemos escrever panfletos com aquilo que quisermos, mas sabemos que podemos ser resposabnilizados por isso. Nos posts, mensagens ou e-mails com que comunicamos na internet não deve ser diferente.
O momento do debate
O momento do debate, ainda não devidamente salientado:
Soares: "Quando eu era primeiro-ministro reuni com um grupo de economistas para perguntar se devíamos aderir à então C.E.E. E eles disseram-me que não. Mas nós decidimos aderir. Porque tínhamos essa visão estratégica para o país; achámos que devíamos virar-nos para a Europa depois do fim das colónias." (citação aproximada)
As grandes decisões de política estratégica são influenciadas pela economia, mas não são determinadas pela economia. Muitas vezes, como se prova, podem até ser contrárias à economia. Um ministro das finanças tem que ser proficiente em economia; um primeiro-ministro deve ser profundamente sensível às questões económicas; mas um presidente da república tem sobretudo que ter uma visão estratégica para o país. Soares não mostrou nenhuma, mas com aquela frase pôs cada um dos candidatos no seu devido lugar. E isso é tudo o que pretende de momento.
Soares: "Quando eu era primeiro-ministro reuni com um grupo de economistas para perguntar se devíamos aderir à então C.E.E. E eles disseram-me que não. Mas nós decidimos aderir. Porque tínhamos essa visão estratégica para o país; achámos que devíamos virar-nos para a Europa depois do fim das colónias." (citação aproximada)
As grandes decisões de política estratégica são influenciadas pela economia, mas não são determinadas pela economia. Muitas vezes, como se prova, podem até ser contrárias à economia. Um ministro das finanças tem que ser proficiente em economia; um primeiro-ministro deve ser profundamente sensível às questões económicas; mas um presidente da república tem sobretudo que ter uma visão estratégica para o país. Soares não mostrou nenhuma, mas com aquela frase pôs cada um dos candidatos no seu devido lugar. E isso é tudo o que pretende de momento.
terça-feira, dezembro 20, 2005
Será possível?
Será possível que Cavaco se mantenha tão acima dos opositores? É verdade que Cavaco tem feito bem o seu trabalho de defesa da sua imagem e do seu eleitorado. Mas também é verdade que os outros candidatos (excepção feita a Manuel Alegre) também têm feito o que lhes compete. E isso torna este resultado estranho. Será o sebastianismo a funcionar? Ou será apenas volatilidade das sondagens?
Hã!?
"Irei aparecer, porque tenho bem a consciência do que é a minha responsabilidade e o meu dever."
José Sócrates, sobre a sua participação na campanha presidencial.
Lapsus linguae ou manifesto político?
José Sócrates, sobre a sua participação na campanha presidencial.
Lapsus linguae ou manifesto político?
segunda-feira, dezembro 19, 2005
Bons samaritanos
Os bons samaritanos - Bono, Melinda e Bill Gates - são as personalidades do ano para a revista Time.
(via Jumento)
domingo, dezembro 18, 2005
Citador
Não é habitual neste blogue. Mas, por me parecer extraordinariamente perspicaz, reproduzo na íntegra este post do Jumento sobre as eleições presidenciais:
"QUERO UM DEMOCRATA SINCERO EM BELÉM
O que me faz desconfiar de Cavaco não é o facto de ser candidato da direita, é querer ser candidato da direita da esquerda, não é o que ele diz mas tudo quanto não diz, não é querer colocar o PSD no governo mas querer transformar o PSD num Partido Justicialista, à semelhança do mexicano, não é ele vestir na perfeição o fato de um presidente autoritário mas o facto de revelar falhas graves num discurso onde tropeça nos valores democráticos com excessiva frequência.
Fosse o candidato alguém como Sá Carneiro e muitas outras personalidades da direita e, face ao espectáculo triste que o PS decidiu proporcionar-nos, quase olharia estas presidenciais com alguma indiferença. Mas com Cavaco não, é necessário evitá-lo.
Alguém de direita afirma-se como sendo de direita, faz um discurso de direita e tem capacidade de se afastar de alguma direita, mas Cavaco porta-se nesta campanha como se não houvesse ideologias, como se fosse possível governar à margem de opções políticas, como se a política fosse um exercício desnecessário perante a certeza da sua competência. Se Cavaco não é herdeiro de Salazar, poderia ser muito bem o sucessor de Marcelo, pois recupera os valores do corporativismo, até na forma como marginaliza os partidos que o apoiam.
Cavaco promete o que não pode, com a situação económica da Europa nem ele nem ninguém conseguiria transformar Portugal na Andaluzia, quanto mais na Califórnia. Mas Cavaco sabe que tem um bode expiatório, afinal de contas quando a desilusão e a crise política se instalarem basta-lhe dizer que a culpa foi de José Sócrates, porque o presidente não governa.
Cavaco veio para terminar o seu projecto e só ele conhece os contornos desse projecto, até porque Cavaco nunca teve dimensão política para ter qualquer projecto. Cavaco até pode ser um democrata, embora nunca tenha dado muitos sinais nesse sentido, mas da forma como se apresenta esta sua candidatura oferece poucas garantias de respeitar os valores democráticos.
Não quero na Presidência da República alguém que me parece ser um democrata por conveniência. De direita ou de esquerda, gostaria de ver em Belém alguém cujas formação democrática não oferecesse tantas dúvidas como sucede com este Cavaco Silva."
"QUERO UM DEMOCRATA SINCERO EM BELÉM
O que me faz desconfiar de Cavaco não é o facto de ser candidato da direita, é querer ser candidato da direita da esquerda, não é o que ele diz mas tudo quanto não diz, não é querer colocar o PSD no governo mas querer transformar o PSD num Partido Justicialista, à semelhança do mexicano, não é ele vestir na perfeição o fato de um presidente autoritário mas o facto de revelar falhas graves num discurso onde tropeça nos valores democráticos com excessiva frequência.
Fosse o candidato alguém como Sá Carneiro e muitas outras personalidades da direita e, face ao espectáculo triste que o PS decidiu proporcionar-nos, quase olharia estas presidenciais com alguma indiferença. Mas com Cavaco não, é necessário evitá-lo.
Alguém de direita afirma-se como sendo de direita, faz um discurso de direita e tem capacidade de se afastar de alguma direita, mas Cavaco porta-se nesta campanha como se não houvesse ideologias, como se fosse possível governar à margem de opções políticas, como se a política fosse um exercício desnecessário perante a certeza da sua competência. Se Cavaco não é herdeiro de Salazar, poderia ser muito bem o sucessor de Marcelo, pois recupera os valores do corporativismo, até na forma como marginaliza os partidos que o apoiam.
Cavaco promete o que não pode, com a situação económica da Europa nem ele nem ninguém conseguiria transformar Portugal na Andaluzia, quanto mais na Califórnia. Mas Cavaco sabe que tem um bode expiatório, afinal de contas quando a desilusão e a crise política se instalarem basta-lhe dizer que a culpa foi de José Sócrates, porque o presidente não governa.
Cavaco veio para terminar o seu projecto e só ele conhece os contornos desse projecto, até porque Cavaco nunca teve dimensão política para ter qualquer projecto. Cavaco até pode ser um democrata, embora nunca tenha dado muitos sinais nesse sentido, mas da forma como se apresenta esta sua candidatura oferece poucas garantias de respeitar os valores democráticos.
Não quero na Presidência da República alguém que me parece ser um democrata por conveniência. De direita ou de esquerda, gostaria de ver em Belém alguém cujas formação democrática não oferecesse tantas dúvidas como sucede com este Cavaco Silva."
Lógica
Não de estranhar que Soares passe o tempo a falar de Cavaco e tentar provocá-lo: é o que lhe compete.
Não é de estranhar que Cavaco passe o tempo a tentar falar e polemizar o mínimo possível: é o que lhe compete.
Não é de estranhar que Alegre não tenha nada para dizer: é o que acontece a quem se candidata por razões pessoais.
Não é de estranhar que Cavaco passe o tempo a tentar falar e polemizar o mínimo possível: é o que lhe compete.
Não é de estranhar que Alegre não tenha nada para dizer: é o que acontece a quem se candidata por razões pessoais.
Para mais tarde recordar
Por acaso, também acho, como o Tomarpartido, que esta é uma sondagem para mais tarde recordar. Nem sempre as coisas lógicas acontecem, mas normalmente acabam por se verificar. Veremos portanto em Janeiro o que o eleitorado tem a dizer sobre este assunto.
Será uma pubalgia?
O professor Marcelo acaba de dizer na RTP que no debate com Jerónimo, Louçã estava "em má forma física." Será uma pubalgia?
Irracional brutalidade
O caso da bebé de Viseu agredida e violentada pelos próprios pais lembra-nos, na sua irracional brutalidade, que o ser humano está, ainda hoje, perigosamente próximo da mais abjecta animalidade. E demonstra-nos também que a vida em sociedade pode não ser capaz de identificar todos estes problemas antes de eles se consumarem desta forma.
Claro que haverá responsabilidades a apurar, nomeadamente por omissão. Um caso tão grave não pode deixar de ter responsáveis, provavelmente com diferentes graus de responsabilidade e a diferentes níveis. Mas pode ser redutor e simplista acusar as delegadas que deviam ter identificado os maus tratos e não o fizeram. Claramente elas deviam ter visto algo que não viram. Mas resta saber porque razão não viram (falta de formação?) e resta identificar todas as outras razões pelas quais um caso tão limite passou por todos os check-points que a sociedade tem sem que ninguém fizesse nada. Que grau de miséria humana pode engendrar tamanha violência? Quantas vezes quantas pessoas terão olhado para o lado? Quantas famílias haverá neste país (e neste mundo) em condições semelhantes? A animalidade está tão próxima da civilidade...
Claro que haverá responsabilidades a apurar, nomeadamente por omissão. Um caso tão grave não pode deixar de ter responsáveis, provavelmente com diferentes graus de responsabilidade e a diferentes níveis. Mas pode ser redutor e simplista acusar as delegadas que deviam ter identificado os maus tratos e não o fizeram. Claramente elas deviam ter visto algo que não viram. Mas resta saber porque razão não viram (falta de formação?) e resta identificar todas as outras razões pelas quais um caso tão limite passou por todos os check-points que a sociedade tem sem que ninguém fizesse nada. Que grau de miséria humana pode engendrar tamanha violência? Quantas vezes quantas pessoas terão olhado para o lado? Quantas famílias haverá neste país (e neste mundo) em condições semelhantes? A animalidade está tão próxima da civilidade...
O racismo no futebol
O racismo no futebol é o racismo na sociedade, nem mais nem menos. E, como seria de esperar, é muitas vezes instigado - ou estimulado - pelos próprios intervenientes no jogo. Paolo Di Canio, jogador da Lazio, faz da saudação fascista o seu modo de relacionamento com a claque. Mesmo já multado pelo facto, repete a "graça" sempre que pode e transformou o gesto na sua "imagem de marca". Uma parte da história pode ser acompanhada no blogue Megafone, sobretudo aqui e aqui.
sábado, dezembro 17, 2005
Íntima Fracção em podcast
Uma boa notícia: a Íntima Fracção já está disponível em podcast. Notícia no blogue da IF e download em GavezDois.
(dica Adufe)
É uma excepção muito positiva a uma realidade que demora a arrancar em Portugal: a dos podcasts. Para quando os podcasts dos programas da TSF, aqueles que passam a horas e dias em nunca estamos a ouvir rádio e que certamente ouviríamos se os pudessemos ter guardados no leitor de MP3?
(dica Adufe)
É uma excepção muito positiva a uma realidade que demora a arrancar em Portugal: a dos podcasts. Para quando os podcasts dos programas da TSF, aqueles que passam a horas e dias em nunca estamos a ouvir rádio e que certamente ouviríamos se os pudessemos ter guardados no leitor de MP3?
Recomendação musical
Para quem tem espírito de colecionador, recomendo esta edição especial dos singles e maxi-singles editados pelos Cocteau Twins entre 82 e 96. A magnífica caixa de 4 CD chama-se "Lullabies to Violaine" e dá uma óptima prenda de Natal. Eu já o ofereci a mim próprio, não vá alguém esquecer-se...
quarta-feira, dezembro 14, 2005
Olhe que não, olhe que não...
"Nestas coisas, como diria o filósofo, a natureza atribui ao ser humeno um dom único, que é o de, através do discurso, esconder o pensamento."
Jerónimo de Sousa, referindo-se a Cavaco Silva, no debate televisivo entre ambos (som na TSF)
Ou de como um metalúrgico acerta na mouche. Depois da questão dos imigrantes despoletada por Louçã (e mal gerida por Cavaco), este terá sido o ponto do debate que - segundo o meu palpitómetro - mais votos terá custado a Cavaco. Cavaco perdeu muito poucos votos contra Alegre, perdeu bastantes votos contra Louçã e perdeu muitos votos contra Jerónimo. Por isso, feitos três dos seus debates e faltando apenas o decisivo contra Soares, estico o dedo para accionar o palpitómetro e aposto que Cavaco já não tem, hoje, a vitória na primeira volta.
Jerónimo de Sousa, referindo-se a Cavaco Silva, no debate televisivo entre ambos (som na TSF)
Ou de como um metalúrgico acerta na mouche. Depois da questão dos imigrantes despoletada por Louçã (e mal gerida por Cavaco), este terá sido o ponto do debate que - segundo o meu palpitómetro - mais votos terá custado a Cavaco. Cavaco perdeu muito poucos votos contra Alegre, perdeu bastantes votos contra Louçã e perdeu muitos votos contra Jerónimo. Por isso, feitos três dos seus debates e faltando apenas o decisivo contra Soares, estico o dedo para accionar o palpitómetro e aposto que Cavaco já não tem, hoje, a vitória na primeira volta.
terça-feira, dezembro 13, 2005
A capa
Se não fossem como a Pepsi e a Coca-cola, esta capa da Newsweek merecia figurar na galeria das melhores capas da Time.
(via Bicho Carpinteiro)
O pulinho das feiras
Actualizando a problemática das feiras, dei um pulinho até Aveiro com a RTP (sem link). Aparentemente a polícia fez o que devia e, numa rusga, apreendeu grandes quantidades de produtos provenientes de contrafacção.
Curiosa, a reacção de uma vendedora no local:
1. "Mas porque é que eles não vão mas é apreender droga?"
2. "Se não nos venderem a nós as fábricas fecham."
Uma pergunta pertinente e uma afirmação preocupante de quem conhece bem o seu métier.
Curiosa, a reacção de uma vendedora no local:
1. "Mas porque é que eles não vão mas é apreender droga?"
2. "Se não nos venderem a nós as fábricas fecham."
Uma pergunta pertinente e uma afirmação preocupante de quem conhece bem o seu métier.
segunda-feira, dezembro 12, 2005
Mapa da poluição
Interessante, este mapa da poluição na Europa, reproduzido no Povo de Bahá. Notícia completa na BBC.
Estes asiáticos são loucos...
Jogador fica on-line por dez dias e morre de esgotamento
Um sul-coreano de 38 anos, que jogou na internet ininterruptamente por dez dias, morreu de esgotamento, informou nesta sexta-feira uma fonte policial. O incidente aconteceu ontem, quando ele iniciava uma nova partida em um cybercafé de Incheon (oeste).
Folha Online
Um sul-coreano de 38 anos, que jogou na internet ininterruptamente por dez dias, morreu de esgotamento, informou nesta sexta-feira uma fonte policial. O incidente aconteceu ontem, quando ele iniciava uma nova partida em um cybercafé de Incheon (oeste).
Folha Online
domingo, dezembro 11, 2005
Feira do Relógio
A Feira do Relógio, em Lisboa, é (como qualquer outra do género) um impagável laboratório sociológico. Os finalistas de sociologia deviam ser obrigados a fazer ali parte do estágio. Na Feira do Relógio pulsa o país real (o.k., 95% dele!) e uma visita diz-nos muito sobre o que somos como povo e como país.
Hoje de manhã três agentes da PSP circulavam calmamente, vigilando a ordem pública por entre feirantes que, bancada sim, bancada não, comerciavam artigos de contrafacção ou simplesmente roubados. Os artigos obviamente não lhes interessavam, nem a eles nem aos agentes da polícia municipal que por lá andavam.
Desta vez como todas as outras em que já tinha presenciado a cena, achara estranho que a polícia pudesse estar presente e não fazer nada. Mas hoje vislumbrei parte da resposta quando vi uma fiscal da câmara, devidamente identificada, a conversar com uma feirante sobre o que julgei ter percebido ser algo relacionado com os documentos que é preciso ter para ali poder estar. A polícia olha para o lado porque a câmara olha para as licenças, porque os compradores olham para o bolso. É uma cadeia económica devidamente montada que só tem um detalhe estranho: é ilegal. Mas isso que importa. Aparentemente todos ganham menos as multinacionais lesadas (sim, isso é redentor!). Para refinar a ironia, até a fiscal que verificava a condição de feirantes dos feirantes ia pelo meio fazendo as suas compras da manhã: uma camisola da Gant, uma camisa Lacoste, uns sapatos Timberland, etc.
Se isto não é a imagem de um povo...
ADENDA: O Telejornal da RTP acaba de emitir uma reportagem feita na Feira do Relógio com o teor popularucho habitual, sobre o Natal dos pobres. A contrafacção e os artigos roubados não despertaram a atenção do jornalista. Mais um personagem para esta farsa nacional?
Hoje de manhã três agentes da PSP circulavam calmamente, vigilando a ordem pública por entre feirantes que, bancada sim, bancada não, comerciavam artigos de contrafacção ou simplesmente roubados. Os artigos obviamente não lhes interessavam, nem a eles nem aos agentes da polícia municipal que por lá andavam.
Desta vez como todas as outras em que já tinha presenciado a cena, achara estranho que a polícia pudesse estar presente e não fazer nada. Mas hoje vislumbrei parte da resposta quando vi uma fiscal da câmara, devidamente identificada, a conversar com uma feirante sobre o que julgei ter percebido ser algo relacionado com os documentos que é preciso ter para ali poder estar. A polícia olha para o lado porque a câmara olha para as licenças, porque os compradores olham para o bolso. É uma cadeia económica devidamente montada que só tem um detalhe estranho: é ilegal. Mas isso que importa. Aparentemente todos ganham menos as multinacionais lesadas (sim, isso é redentor!). Para refinar a ironia, até a fiscal que verificava a condição de feirantes dos feirantes ia pelo meio fazendo as suas compras da manhã: uma camisola da Gant, uma camisa Lacoste, uns sapatos Timberland, etc.
Se isto não é a imagem de um povo...
ADENDA: O Telejornal da RTP acaba de emitir uma reportagem feita na Feira do Relógio com o teor popularucho habitual, sobre o Natal dos pobres. A contrafacção e os artigos roubados não despertaram a atenção do jornalista. Mais um personagem para esta farsa nacional?
sábado, dezembro 10, 2005
Citador
"É curioso como ninguém consegue combater a religião sem fazer disso uma religião."
Estado Civil
Estado Civil
Alguém me explica...
Alguém me explica o que leva um jornal a escolher, para comentar o debate Cavaco-Louçã para a Presidência da República, um painel composto por António Perez Metelo, jornalista de economia; Saldanha Sanchez, fiscalista; e Diogo Leite Campos, fiscalista (sem link)? Será que o futuro Presidente vai acumular a pasta das finanças? Será que a sua visão da política económica é o essencial do seu projecto presidencial. Ou será que também os jornalistas e editores desta peça embarcaram na falácia de que os candidatos a presidente não têm nada de mais importante para discutir que política económica?
Exercícios de depuração
"O que decidirá as eleições não será o posicionamento ideológico mas o tipo de personalidade que a maioria dos portugueses quer ver em Belém nos próximos anos, tendo em conta a situação por que estamos a passar."
Daniel Proença de Carvalho, apoiante de Cavaco Silva, no DN
1º exercício de depuração
"O que decidirá as eleições não será o posicionamento ideológico mas o tipo de personalidade que a maioria dos portugueses quer ver em Belém nos próximos anos(...)."
2º exercício de depuração
"O que decidirá as eleições não será o posicionamento ideológico mas o tipo de personalidade (...)."
3º exercício de depuração
"O que decidirá as eleições (...) será (...) o tipo de personalidade (...)."
Isto sim, são presidenciais!
Daniel Proença de Carvalho, apoiante de Cavaco Silva, no DN
1º exercício de depuração
"O que decidirá as eleições não será o posicionamento ideológico mas o tipo de personalidade que a maioria dos portugueses quer ver em Belém nos próximos anos(...)."
2º exercício de depuração
"O que decidirá as eleições não será o posicionamento ideológico mas o tipo de personalidade (...)."
3º exercício de depuração
"O que decidirá as eleições (...) será (...) o tipo de personalidade (...)."
Isto sim, são presidenciais!
quinta-feira, dezembro 08, 2005
O PCP segundo PP
Eu compreendo as razões científicas e até politico-filosóficas que levam Pacheco Pereira a dedicar tanta da sua atenção ao PCP e a Álvaro Cunhal. Um e outro são objectos de trabalhos dos mais interessantes de que certamente poderia dispor. E - é correcto - um e outro são, na sua história, património colectivo. O Partido certamente gostaria de monopolizar a respectiva historiografia, mas isso simplesmente não é possível numa sociedade democrática.
Mas, mesmo entendendo essas razões, também me repugna aceitar como "bom" que Pacheco Pereira possa, sem mais, passar uma vida a reescrever a história do PCP de uma forma tão parcial quanto o original e, agora, crie um blogue chamado alvarocunhalbio.blogspot.com,
à maneira das biografias não autorizadas de Hollywood. Já por razões puramente teóricas, uma biografia não autorizada é um objecto bastante estranho e, em termos práticos, é, provavelmente, menos credível do que uma biografia autorizada ou uma autobiografia (afinal, o objecto aqui é o próprio biografado e portanto ninguém, mais do que ele e os que lhe são próximos, está em condições de saber como é ou como foi a sua vida).
Pergunto-me, por exemplo, como reagirá a família de Álvaro Cunhal a este conjunto de "histórias" potencialmente afectadoras da sua memória e inteiramente incontroláveis por si. O PCP já emititu um comunicado sobre o livro e o teor do mesmo é compreensível. Mas também segue a abodagem errada (e tradicional do partido). A escolha do PCP e de Álvaro Cunhal como objecto de estudo do historiador Pacheco Pereira faz todo o sentido; assim como a criação de um blogue sobre o mesmo tema, aberto a outras participações (até do próprio PCP!), é uma excelente ideia do ponto de vista do progresso do conhecimento destas matérias e um excelente exemplo de como as novas tecnologias de informação podem dinamizar o trabalho científico e a discussão política.
Conclusão lógica, então: o que falta aqui afinal é uma historiografia autorizada do PCP que seja mais do que mera propaganda e uma atitude mais dinâmica e menos reverencial por parte das pessoas que realmente privaram de perto com Álvaro Cunhal. Nem num nem outros estão obrigados a fazê-lo. Mas tanto um como outros poderiam fazê-lo e não o fazem.
Mas, mesmo entendendo essas razões, também me repugna aceitar como "bom" que Pacheco Pereira possa, sem mais, passar uma vida a reescrever a história do PCP de uma forma tão parcial quanto o original e, agora, crie um blogue chamado alvarocunhalbio.blogspot.com,
à maneira das biografias não autorizadas de Hollywood. Já por razões puramente teóricas, uma biografia não autorizada é um objecto bastante estranho e, em termos práticos, é, provavelmente, menos credível do que uma biografia autorizada ou uma autobiografia (afinal, o objecto aqui é o próprio biografado e portanto ninguém, mais do que ele e os que lhe são próximos, está em condições de saber como é ou como foi a sua vida).
Pergunto-me, por exemplo, como reagirá a família de Álvaro Cunhal a este conjunto de "histórias" potencialmente afectadoras da sua memória e inteiramente incontroláveis por si. O PCP já emititu um comunicado sobre o livro e o teor do mesmo é compreensível. Mas também segue a abodagem errada (e tradicional do partido). A escolha do PCP e de Álvaro Cunhal como objecto de estudo do historiador Pacheco Pereira faz todo o sentido; assim como a criação de um blogue sobre o mesmo tema, aberto a outras participações (até do próprio PCP!), é uma excelente ideia do ponto de vista do progresso do conhecimento destas matérias e um excelente exemplo de como as novas tecnologias de informação podem dinamizar o trabalho científico e a discussão política.
Conclusão lógica, então: o que falta aqui afinal é uma historiografia autorizada do PCP que seja mais do que mera propaganda e uma atitude mais dinâmica e menos reverencial por parte das pessoas que realmente privaram de perto com Álvaro Cunhal. Nem num nem outros estão obrigados a fazê-lo. Mas tanto um como outros poderiam fazê-lo e não o fazem.
quarta-feira, dezembro 07, 2005
Os blogues e a ERC
Para esclarecer as dúvidas sobre se, sim ou não, os blogues fazem parte das competências da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, lsantos, do Atrium dirigiu um e-mail pertinente ao ministro dos Assuntos Parlamentares. A resposta está aqui e não é clara: por um lado esclarece que os blogues não estavam no espírito inicial da lei, mas, por outro, permite uma latitude de interpretação perigosamente abrangente. Um assunto a acompanhar.
Mais uma sobre o debate
Quando Cavaco começou a tratar Alegre como "o deputado Manuel Alegre", fiquei à espera para ver quando é que o opositor respondia com "o ex-primeiro-ministro Cavaco"...
P.S. (Post Scriptum): A Torre de Vigia tem um pequeno "balanço bloguítico" sobre o debate
P.S. (Post Scriptum): A Torre de Vigia tem um pequeno "balanço bloguítico" sobre o debate
O paradoxo Osama
É um paradoxo destes tempos de globalização que Osama Bin Laden- afinal apenas um homem:
- esteja morto e isso ainda não se saiba;
ou
- esteja vivo e os EUA ainda não o tenham apriosionado.
As duas hipóteses - e outras... - são concebíveis, mas nenhuma delas deixa de ser profundamente surpreendente. Creio que mais cedo ou mais tarde este mistério será desvendado.
- esteja morto e isso ainda não se saiba;
ou
- esteja vivo e os EUA ainda não o tenham apriosionado.
As duas hipóteses - e outras... - são concebíveis, mas nenhuma delas deixa de ser profundamente surpreendente. Creio que mais cedo ou mais tarde este mistério será desvendado.
Ouvido na TSF
"Os trabalhadores da Autoeuropa vão reunir-se hoje para discutir os passos seguintes no impasse com a administração."
Duas notas: uma fonética - a repetição "passo"/"passe" - e outra linguística - é difícil conceber como serão "os passos" de um "impasse".
Duas notas: uma fonética - a repetição "passo"/"passe" - e outra linguística - é difícil conceber como serão "os passos" de um "impasse".
As diferenças entre um país desenvolvido e um país civilizado
Para que conste:
Para mim, um cidadão português, os Estados Unidos da América nunca serão um país civilizado enquanto a pena de morte existir.
Para mim, um cidadão português, os Estados Unidos da América nunca serão um país civilizado enquanto a pena de morte existir.
Alegre, o fleumático?
No debate com Cavaco, Alegre surgiu supreendentemente cordaro e fleumático, sem dúvida porque precisa de não perder votos mais do que de os ganhar. E até é capaz de manter a mesma postura "esfíngica" perante Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã. Mas não resistirá a confrontar Soares com a sua "traição". Nesse dia, Alegre vai voltar a ser aquilo que sempre foi: frontal, corajoso e polémico. Se a emoção mútua não toldar os movimentos políticos dos candidatos, esse poderá ser outro interessante debate.
Golpe baixo
No debate Alegre-Cavaco, quando o socialista disse que supra-partidário era ele porque na realidade Cavaco tinha a poderosa máquina eleitoral do PSD por trás, o ex-primeiro-ministro reagiu dizendo que Alegre gostaria de ter tido o apoio do seu partido, mas não o tinha conseguido. Foi o único golpe baixo do debate. E demonstra que Cavaco não é afinal uma esfínge. Se Cavaco reage assim a uma "alfinetada" tão ligeira, é de esperar que não resista às múltiplas "pauladas" que Soares e Louçã lhe vão desferir. Esses sim, vão ser debates "animados".
Paulo Pedroso
Paulo Pedroso esteve cinco meses em prisão preventiva sob suspeita de pedofilia e não mais se livrará do anátema de a simples suspeita acarreta. Por isso processar os acusadores não é só um direito que lhe assiste; é um dever de higiene cívica!
terça-feira, dezembro 06, 2005
Mais futebolês
Ouvido na TSF, da boca de alguém que não consegui identificar, nos comentários ao intervalo do ArtMedia-F.C.Porto:
"(...) se eu fosse o Co Adriansse metiria [do verbo metir] o Hugo Almeida, mas mantiria [do verbo mantir] em campo o Quaresma."
"(...) se eu fosse o Co Adriansse metiria [do verbo metir] o Hugo Almeida, mas mantiria [do verbo mantir] em campo o Quaresma."
Civismo é...
Porque o grau de desenvolvimento de uma sociedade também se pode medir por estas coisas, recomendo este vídeo do jogo Ajax-Den Haag, do campeonato holandês. Algo IMPOSSÍVEL em QUALQUER clube de futebol português.
(dica Bola na rede)
(dica Bola na rede)
segunda-feira, dezembro 05, 2005
Debate morno
A blogosfera e as audiências ficaram certamente desiludidas com o carácter cordato do debate Cavaco-Alegre. Mas se isso significa que foi esclarecedor, ainda bem. Mas será o último. Em todos os outro haverá sangue. Disso não tenho dúvidas.
Como bem observou Henrique Monteiro na SIC Notícias, este foi o debate entre dois candidatos mais interessados em não perder os votos que já têm do que em ganhar novos. Por isso ambos jogaram à defesa.
Como bem observou Henrique Monteiro na SIC Notícias, este foi o debate entre dois candidatos mais interessados em não perder os votos que já têm do que em ganhar novos. Por isso ambos jogaram à defesa.
domingo, dezembro 04, 2005
Infortenimento?
Segundo o JN, Francisco Penin, novo director de programas da SIC, acha que «algumas mentalidades no interior da estação têm de mudar no sentido de tornar mais ágil a ligação entre informação e entretenimento. "Antes, não havia essa sintonia". Essa ligação virá a reflectir-se em mais do que um programa. Do lado do público também observa mutações "O espectador mudou e as televisões ainda não perceberam".»
Declarações para mais tarde recordar...
(Dica IrrealTV)
Declarações para mais tarde recordar...
(Dica IrrealTV)
Vasco sobre Cavaco
Vasco Pulido Valente viu a entrevista de Cavaco Silva a Judite de Sousa, na RTP, e comentou isto:
«(...) A propósito do perigo de conflito com o primeiro-ministro, se fosse e quando fosse Presidente da República, Cavaco disse: "Duas pessoas sérias com a mesma informação (no caso ele próprio e Sócrates) têm (inevitavelmente) de concordar". Cavaco disse isto com toda a naturalidade e convicção, como quem declara uma evidência, sem uma reserva ou a mais leve sombra de ironia. Acha mesmo que sim: que duas pessoas só podem discordar por ignorância ou falta de carácter. Para ele, a verdade é unívoca e, pior ainda, não custa nada estabelecer. O fanatismo nunca falou por outras palavras e quem conserva um reflexo de independência e liberdade com certeza que as reconheceu pelo que elas são: a raiz da mais cega e absoluta intolerância (...)»
«(...) Claro que as circunstâncias não permitem que o dr. Cavaco se torne num pequeno ditador. Mas talvez convenha perceber o indivíduo que dentro de semanas vai chegar a Belém. O velho desprezo pela política (de novo flagrante nesta campanha), sempre rejeitada como pura intriga ou jogo de interesses sem legitimidade ou desculpa, não passa de uma condenação sumária da gente pouco séria (ou incapaz), que desvia ou "bloqueia" Portugal. Para o dr. Cavaco, há um "bem da nação" indiscutível e uma única maneira de governar: a maneira honesta e sabedora que ele aconselha e representa.»
(via Puxapalavra)
«(...) A propósito do perigo de conflito com o primeiro-ministro, se fosse e quando fosse Presidente da República, Cavaco disse: "Duas pessoas sérias com a mesma informação (no caso ele próprio e Sócrates) têm (inevitavelmente) de concordar". Cavaco disse isto com toda a naturalidade e convicção, como quem declara uma evidência, sem uma reserva ou a mais leve sombra de ironia. Acha mesmo que sim: que duas pessoas só podem discordar por ignorância ou falta de carácter. Para ele, a verdade é unívoca e, pior ainda, não custa nada estabelecer. O fanatismo nunca falou por outras palavras e quem conserva um reflexo de independência e liberdade com certeza que as reconheceu pelo que elas são: a raiz da mais cega e absoluta intolerância (...)»
«(...) Claro que as circunstâncias não permitem que o dr. Cavaco se torne num pequeno ditador. Mas talvez convenha perceber o indivíduo que dentro de semanas vai chegar a Belém. O velho desprezo pela política (de novo flagrante nesta campanha), sempre rejeitada como pura intriga ou jogo de interesses sem legitimidade ou desculpa, não passa de uma condenação sumária da gente pouco séria (ou incapaz), que desvia ou "bloqueia" Portugal. Para o dr. Cavaco, há um "bem da nação" indiscutível e uma única maneira de governar: a maneira honesta e sabedora que ele aconselha e representa.»
(via Puxapalavra)
quinta-feira, dezembro 01, 2005
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