Na sua edição de ontem, o Correio da Manhã titulou «Tem amnésia» a propósito do julgamento de Bibi, puxando para manchete um detalhe colateral da notícia principal, que era, obviamente: «Julgamento de novo adiado». Ora, como soubemos pelo Público do mesmo dia, cujo título de primeira página era justamente qualquer coisa deste género, o alegado psiquiatra que deu esta informação não o era na realidade e até passou por ter mais conhecimento sobre o processo do que na realidade tinha. Sem querer fazer processos de intenções, parece-me que o CM puxou para título o «Tem amnésia» justamente porque sabia qual a reacção de isso ia ter na «populaça»: indignação e mais jornais vendidos. Mas ao fazê-lo, o CM acabou por cair numa ratoeira que não foi criada para si mas lhe assenta como... uma ratoeira. Tivesse o tablóide resistido aos seus instintos tablóides e teria feito uma manchete jornalisticamente correcta, como as outras, teria vendido menos uns quantos milhares de exemplares e não teria que regressar ao assunto na edição de hoje.
Hoje, o CM, ressabiado e vingativo, não puxa para manchete as declarações do psiquiatra, mas o próprio psiquiatra, que é, segundo as informações apuradas pelo jornal, «mentiroso e sedutor». Aliás, mais precisamente, é-o segundo «fonte ligada ao processo». Ou seja, o CM não faz qualquer mea culpa relativa ao facto de ter posto na primeira página uma informação errada ou não devidamente enquadrada – como queiram. Também não explica como aquele senhor chegou a ter o crédito jornalístico que teve à saída do tribunal, o que de resto seria sempre uma nota à margem de importância muito relativa. O que o CM faz é mandar-se ao senhor – que não conheço nem respeito – com unhas e dentes. A intuito é muito simplesmente o de destruir profissionalmente o alegado psiquiatra. É errado, mais uma vez, duplamente errado, mesmo que ele mereça o castigo.
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