Esta súbita emergência de bandeiras em todas as janelas e em todos os automóveis deste país encerra duas ironias interessantes.
A primeira usa a Grécia como exemplo. A última vez que estive em Atenas coincidiu, por um mero acaso, com a celebração do dia nacional da Grécia, o equivalente ao nosso 10 de Junho. Nesse dia, fiquei espantado com a quantidade de bandeiras que vi desfraldadas das janelas gregas, demonstração de patriotismo dos gregos e também de confiança no seu momento actual como nação. Curiosamente, o nosso 10 de Junho aconteceu dias antes de iniciado o Euro 2004 e então eram ainda poucas as bandeiras que se viam na rua. E na mesma data há um ano atrás, não me lembro de ter visto qualquer bandeira que não as oficiais. Mas bastou que estivesse em causa o pontapé na bola para que os portugueses despertassem em massa para a exibição do seu símbolo nacional. E isso é profundamente irónico. Não sou capaz de dizer que demonstra falta de patriotismo (será mais um "clubismo nacional" do que "patriotismo"), mas demonstra pelo menos uma manifestaão bastante enviesada do patriotismo.
A segunda ironia prende-se com a notícia que ouvi que dizia que muitas têm sido as bandeiras roubadas a particulares e a entidades públicas, nalguns casos com os próprios mastros que as sustentam. É mais uma demonstração bem irónica do patriotismo desta gente: patriota sim mas sem custos e à custa dos outros!
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