Depois de todas as divagações, especulações e delírios acerca das potenciais alianças resultantes das próximas eleições (PS+BE; PS+PCP; PS+PP; PSD+PP; PSD+PS); depois dos apelos às maiorias estáveis (Cavaco no passado e Sampaio no presente); depois das experiências do bloco central, do CDS e do projecto PRD; parece por demais evidente que o sistema político português, tal como actualmente existe, é talhado à medida de um pequeno partido de centro, um fiel da balança capaz de fazer as transições de votos esquerda-direita de eleição para eleição, posicionando-se sempre como um viabilizador de maiorias e um parceiro de governo. A questão não é se o país precisa de um tal partido, mas se existe espaço político para ele. E a resposta a esta pergunta parece-me por demais evidentemente positiva.
Por isso causaram a polémica que se viu estas posições de Freitas do Amaral acerca das próximas eleições. Não foi só pela estranheza de ver um antigo presidente do antigo CDS a apoiar o PS contra os interesses do actual PP. Toda a a gente percebeu - e o eleitorado provavelmente também - que esse espaço político existe e que, com a entourage certa, também podia ter um rosto: o de Diogo Freitas do Amaral. Pelo seu perfil e pelo seu percurso político (inteiramente coerente porque sempre centrista, mesmo quendo se clamava por um CDS à direita), Freitas do Amaral está suficientemente "maduro" para ser fundador de um novo partido. E, pelo lado pessoal, também se percebe que, apesar desse longo percurso político, Freitas acha que ainda não fechou o seu ciclo político. Depois da participação na construção do nosso sistema democrático, depois da experiência da AD, depois da experiência internacional na ONU e depois da traumática derrota eleitoral nas presidenciais, Freitas acha que ainda tem algo a dar ao país; e esse algo pode muito bem ser um partido político centrista. O espaço político está aí, o protagonista também; só falta que a entourage dê os passos ncessários para que a coisa se pareça ao menos um pouco com um vaga de fundo.
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