"O futebol, que já foi um desporto, é hoje uma indústria que consiste na venda de um espectáculo desportivo."
Sporting, esclarecimento aos sócios
Eis o grande equívoco que está na base da ruína do projecto Roquette e do Sporting. Um jogo de futebol não é um espectáculo. É uma liturgia. As pessoas não vão ao estádio para verem boas jogadas, vão para comungarem, para exteriorizarem emoções juntos dos "seus". Economicamente, o paralelo não é o do altamente rentável e comercialmente bem sucedido futebol americano; é o do igualmente rentável e bem sucedido negócio dos evangelistas.
Talvez na Dinamarca, Noruega, Suécia, talvez mesmo Alemanha, o futebol seja encarado assim. Mas em Portugal - como em Itália, Espanha, Grécia - primeiro está a liturgia, só depois o espectáculo.
Por isso, quem configurar aquilo que tem para oferecer pensando no espectáculo vai descobrir que as pessoas não aderem. Quem preparar uma liturgia para cada jogo terá o povo futebolístico a seus pés. Foi isso que Luis Filipe Vieira já percebeu e os dirigentes do Sporting ainda não.
Talvez um dia seja assim. Oxalá. Mas por agora estão dramaticamente adiantados no tempo.
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