"À escala cósmica, a água é mais rara do que o ouro."
Hubert Reeves, citado por Fernando Alves nos Sinais de ontem.
A multiplicação das iniciativas e estratégias relacionadas com o aproveitamenteracional da água, faz pensar nos elementos fundamentais dos gregos e na forma como eles explicam boa parte do quadro de fundo da história do ser humano.
Por volta de 1500 a Terra ainda era um bem não escasso e a descoberta de "nova terra" era possível. Hoje, a terra é disputada ao centímetro, há poucas zonas no mundo "livres de humanos" e as que há têm que ser deles protegidas. A Terra transformou-se num recurso escasso, passou a a valer dinheiro e por isso foi tomada pela propriedade privada.
A água é nos dias que correm objecto de acordos e convenções internacionais quando não de disputas veladas entre países (Portugal e Espanha, por exemplo). Ainda é um bem livre e não escasso, mas está a tornar-se em algo com valor económico, primeiro numa perspectiva nacional, mas depois também numa perspectiva particular. Neste momento a discussão ainda permanece no primeiro desses planos, mas vai evoluir para o segundo.
Por fim, o Ar. O que significam acordos como o de Qioto senão a assunção de que tembám o Ar, o mais abundante dos elementos, é afinal limitado e tem que ser "gerido"? A pergunta que se coloca então é: se hoje em dia fosse tecnicamente possível criar e manter ar puro em zonas controladas, isso não teria imediatamente um enorme mercado potencial em muitos países ocidentais? Aliás, partindo da crença no progresso inelutável da técnica, a pergunta não deve ser "e se"; deve ser "e quando" isso for possível?
A muliplicação dos seres humanos gera pressão sobre os recursos todos. Primeiro a Terra, agora a Água, no futuro o Ar. E na medida em que essa pressão cresce, cresce o valor económico dos elementos e portanto a sua atractividade para a propriedade privada.
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