Agora é oficial: Condoleezza Rice sucede a Colin Powell como responsável pela diplomacia norte-americana. Powell era talvez o governante norte-americano que nós, europeus, conhecíamos melhor, a seguir a Bush, obviamente. E conhecíamo-lo como o mais moderado dos membros do executivo. Não sei qual o alinhamento dos restantes demissionários do governos americano ou qual a linha perfilhada por aqueles que lhes vão suceder, mas parece-me que um “saneamento” dos moderados e um reforço de posições da “linha dura” é algo que poderia ter sido previsto a partir do conhecimento do resultado das eleições.
Os acontecimentos e a política de Bush após o 11 de Setembro foram um fortíssimo elemento de divisão entre os americanos e entre estes e o resto do mundo. Bush foi fortemente atacado tanto na frente interna como na frente externa e em determinadas alturas chegou a parecer que podia de facto perder a eleição. A prova de que esta não foi uma eleição como as outras está no volume de participação dos eleitores.
Ora, o facto de Bush ter enfrentado nesta eleição factores tão adversos e ter saído vencedor, deu a essa vitória um “peso” maior que o número de votos em que se sustenta. Psicologicamente – e politicamente – Bush “arrasou” a votação e ganhou toda uma nova legitimidade para sua política. E, no quadro da “guerra surda” que todos percebemos existir no seio do governo norte-americano, a “sua” política é a da linha dura.Por isso, a substituição de Colin Powell por Condoleezza Rice é apenas o primeiro dos sinais – e certamente um dos mais “ruidosos” – de que temos pela frente uma administração Bush provavelmente ainda mais isolacionista, neo-conservadora e politicamente agressiva que a anterior. O Mundo irá certamente notar isso nos próximos meses.
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