Claro que o caso"Marcelo" merece ser discutido, antes de tuudo o mais, à luz da questão da concentração do meios de comunicação social e da sua influência sobre a informação. Essa é um problema a meu ver insuficientemente debatido e aquele que mais carece de debate, porque é o que mais nos pode afectar como colectividade. Tudo aponta para que o grupo Media Capital tenha influenciado a política editorial de um dos seus meios (a TVI) em função de negócios que possui noutras áreas. Presumo que uma boa parte da motivação do presidente para receber Marcelo é precisamente essa, como "fez saber" ao público. Embora me pareça a mais importante, esta faceta do problema ainda foi muito pouco discutida, independentemente de se provar ou não que houve tentaiva de influência da administração da Media Capital sobre a política editorial da TVI. Ou seja, mesmo que tal influência não tenha existido, a questão continua a merecer debate porque continua a ser pertinente.
Por outro lado, o caso "Marcelo" também merece ser discutido, embora menos, no sentido de determinar se houve ou não algum nexo de causalidade entre declarações ou acções de membros do governo e a demissão do comentador. A provar-se tal nexo estaríamos perante uma ingerência do governo numa matéria que claramente não lhe compete, com as necessárias consequências institucionais e políticas. As audições parlamentares que vai haver e uma parte das notícias sobre esta matéria vai tratar desta questão.
Por fim, o caso "Marcelo" vai sem dúvida ser profusamente discutido - nomeadamente nos blogues - naquela que, embora interessante, é a menos importante das suas vertantes: o jogo político-partidário. As declarações de Cavaco Silva sugerem que há uma batalha no interior do partido em torno da questão presidencial. Existia essa batalha antes de Santana ser primeiro-ministro e naturalmente a questão não se esvaiu em fumo depois disso. Há certamente duas facções a digladiarem-se no interior do partido e a questão presidencial é um dos motivos dessa "guerra" surda.
Em suma, a discussão que se fará do caso "Marcelo" será inversamente proprorcional à importância da coisa discutida.
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