No Um Homem das Cidades a propósito de uma polémica com Pacheco Pereira, escreve-se o seguinte:
"Segundo Chossudovsky, a denominada “guerra ao terrorismo” é uma fabricação completa baseada na ilusão de que um homem, Osama bin Laden, conseguiu ludibriar o aparelho de informações norte-americano que possui um orçamento de 30 mil milhões de dólares.
A “guerra ao terrorismo” é uma guerra de conquista. A globalização é a marcha final para a “Nova Ordem Mundial”, dominada por Wall Street e pelo complexo militar-industrial americano.
O 11 de Setembro de 2001 foi o momento que a administração Bush aguardava, a denominada “crise útil” que forneceu um pretexto para empreender uma guerra sem fronteiras.
A estratégia americana consiste em estender as fronteiras do Império Americano de modo a facultar o controlo completo por parte das grandes corporações americanas, enquanto instala na América as instituições de um estado securitário."
Dá que pensar....
Tese + Antítese = Síntese. Espaço de reflexão sobre a actualidade. Media, política e jornalismo.
quinta-feira, julho 28, 2005
Scarf Face na jukebox
Mais um som a descobrir na Jukebox: Scarf Face é um produtor britânico, que usa Sarah Vaughan e Count Basie para criar o tema downtempo que se pode ouvir aqui.
quarta-feira, julho 27, 2005
Soares contra Cavaco
Soares contra Cavaco é uma curiosa remake de combate político que decerto ainda vai fazer correr muita tinta. Mas, para já, duas ou três observações sobre o assunto:
1. Ao contrário do que ouvi num noticiário televisivo, imagino que Cavaco tenha sido de todo supreendido por esta solução de esquerda. Cavaco terá pensado em Guterres, em António Vitorino, talvez mesmo em Freitas ou Manuel Alegre, mas nunca em Mário Soares. E é isso que explica algum nervosismo visível no PSD e na direita (ao ponto, não inédito, de, como nota Paulo Gorjão na Bloguítica, Pacheco Pereira ter deixado o político sobrepor-se ao analista, aqui). Afinal esta eleição não será um passeio e, em parte por causa da sua incoerência, Soares introduz um elemento de imprevisibilidade no resultado de uma eleição que parecia decidida (com ou sem Guterres). E a eleição é imprevisível porque Soares é um jongleur político capaz de, com o seu ar bonacheirão (que como sabemos dá votos), dizer hoje o oposto do que disse ontem sem que isso o prejudique nas urnas (algo que Pacheco Pereira parece ter esquecido aqui, outra vez). Cavaco não se pode dar a esse luxo.
Temos portanto dois homens com perfis bastante diferentes: Soares tem perfil de Presidente, Cavaco tem perfil de primeiro-ministro. Contra um adversário fraco isso nem se notaria, mas, contra Soares, essa diferença significa que Soares pode ganhar.
Para além disso, Soares e Cavaco já se confrontaram politicamente (embora não nas urnas) no segundo mandato presidencial do primeiro. E Soares ganhou! Saiu por cima e Cavaco saiu por baixo.
2. Há duas razões que podem ter levado Soares a aceitar ser candidato, para além, obviamente, do gosto pessoal pela disputa política: o facto de a eleição se estar a tornar num plebiscito a Cavaco Silva; e o mundo de possibilidades aberto pelo precedente presidencialista criado por Sampaio. Soares digeriria mal um plebiscito presidencial qualquer que fosse o candidato de direita, mas digere-o muito mal se esse candidato for Cavaco Silva. Se tivesse havido outro candidato de esquerda, Soares não avançaria, mas, à falta dele, o velho político não resistiu ao desafio de voltar a enfrentar Cavaco (o que, concordo com o Nestes Tempos, é manifestamente pouco).
Por outro lado, embora soe a conspiração, é verdade que o precedente aberto por Sampaio quando demitiu um governo maioritário na assembleia pode ter apelado ao desejo de protagonismo de Soares (mas também de Cavaco, convém não esquecer, como muito bem refere Martim Avillez Figueiredo no Diário Económico). Sobretudo num quadro de ingovernabilidade do sistema político (não em termos de maiorias, mas em termos de "peso" político para impor reformas, como, também bem, referiu Lobo Xavier na Quadratura do Círculo), que, arrisco-o, vai ser um dos temas de fundo desta eleição presidencial. Saberemos se esta questão é ou não especulativa quando ouvirmos os dois candidatos sobre o seu entendimento das funções presidenciais. O que ainda não aconteceu.
3. Pelo seu perfil, é inevitável que Cavaco proponha uma agenda económica própria se chegar à Presidência. Se Sócrates lhe resistir vai ter um confronto político sério (e aberto) pela frente. Pelo seu perfil, se Soares chegar à Presidência, vai ter uma agenda política própria. Se Sócrates lhe resistir vai ter um conflito sério (mas sub-reptício) pela frente. Em qualquer dos casos Sócrates fica a perder porque qualquer das soluções lhe cria mais problemas do que o "manso" Sampaio lhe criava.
4. É claro que a questão da idade de Soares não tem qualquer relevância institucional. Mas tem relevância política. Nada sobre isso está inscrito na Constituição e é abusivo interpretar algo do facto de existir uma imposição de idade para aceder ao cargo. Mas não é irrelevante a idade de uma pessoa no momento de ascender a um cargo para cinco anos (com mais cinco de opção). Não é irrelevante para os eleitores e portanto não é irrelevante do ponto de vista político. Mas será curioso ver se alguém terá coragem de puxar esse tema na campanha eleitoral, nomeadamente Cavaco, como é óbvio.
5. Dependendo da personalidade de quem ocupe o cargo, o segundo mandato presidencial é sempre mais "irresponsável" que o primeiro. Não existe a pressão de voltar a sufragar nas urnas o desempenho no cargo e a carreira política quase sempre acaba (ou começa a acabar) depois disso. Com dois mandatos presidenciais extremamente bem sucedidos (recordem-se os níveis de popularidade atingidos), um estatuto de figura tutelar da democracia portuguesa e uma idade que garante que esta será, de facto, a última coisa que faz na vida, Soares será ainda mais "irresponsável" do que qualquer "irresponsável" antes dele e estará em absoluto em rédea livre se porventura for eleito. Se recordarmos o que foi o seu segundo mandato com Cavaco, podemos imaginar o que será agora se for eleito. Com Sócrates ou com outro.
1. Ao contrário do que ouvi num noticiário televisivo, imagino que Cavaco tenha sido de todo supreendido por esta solução de esquerda. Cavaco terá pensado em Guterres, em António Vitorino, talvez mesmo em Freitas ou Manuel Alegre, mas nunca em Mário Soares. E é isso que explica algum nervosismo visível no PSD e na direita (ao ponto, não inédito, de, como nota Paulo Gorjão na Bloguítica, Pacheco Pereira ter deixado o político sobrepor-se ao analista, aqui). Afinal esta eleição não será um passeio e, em parte por causa da sua incoerência, Soares introduz um elemento de imprevisibilidade no resultado de uma eleição que parecia decidida (com ou sem Guterres). E a eleição é imprevisível porque Soares é um jongleur político capaz de, com o seu ar bonacheirão (que como sabemos dá votos), dizer hoje o oposto do que disse ontem sem que isso o prejudique nas urnas (algo que Pacheco Pereira parece ter esquecido aqui, outra vez). Cavaco não se pode dar a esse luxo.
Temos portanto dois homens com perfis bastante diferentes: Soares tem perfil de Presidente, Cavaco tem perfil de primeiro-ministro. Contra um adversário fraco isso nem se notaria, mas, contra Soares, essa diferença significa que Soares pode ganhar.
Para além disso, Soares e Cavaco já se confrontaram politicamente (embora não nas urnas) no segundo mandato presidencial do primeiro. E Soares ganhou! Saiu por cima e Cavaco saiu por baixo.
2. Há duas razões que podem ter levado Soares a aceitar ser candidato, para além, obviamente, do gosto pessoal pela disputa política: o facto de a eleição se estar a tornar num plebiscito a Cavaco Silva; e o mundo de possibilidades aberto pelo precedente presidencialista criado por Sampaio. Soares digeriria mal um plebiscito presidencial qualquer que fosse o candidato de direita, mas digere-o muito mal se esse candidato for Cavaco Silva. Se tivesse havido outro candidato de esquerda, Soares não avançaria, mas, à falta dele, o velho político não resistiu ao desafio de voltar a enfrentar Cavaco (o que, concordo com o Nestes Tempos, é manifestamente pouco).
Por outro lado, embora soe a conspiração, é verdade que o precedente aberto por Sampaio quando demitiu um governo maioritário na assembleia pode ter apelado ao desejo de protagonismo de Soares (mas também de Cavaco, convém não esquecer, como muito bem refere Martim Avillez Figueiredo no Diário Económico). Sobretudo num quadro de ingovernabilidade do sistema político (não em termos de maiorias, mas em termos de "peso" político para impor reformas, como, também bem, referiu Lobo Xavier na Quadratura do Círculo), que, arrisco-o, vai ser um dos temas de fundo desta eleição presidencial. Saberemos se esta questão é ou não especulativa quando ouvirmos os dois candidatos sobre o seu entendimento das funções presidenciais. O que ainda não aconteceu.
3. Pelo seu perfil, é inevitável que Cavaco proponha uma agenda económica própria se chegar à Presidência. Se Sócrates lhe resistir vai ter um confronto político sério (e aberto) pela frente. Pelo seu perfil, se Soares chegar à Presidência, vai ter uma agenda política própria. Se Sócrates lhe resistir vai ter um conflito sério (mas sub-reptício) pela frente. Em qualquer dos casos Sócrates fica a perder porque qualquer das soluções lhe cria mais problemas do que o "manso" Sampaio lhe criava.
4. É claro que a questão da idade de Soares não tem qualquer relevância institucional. Mas tem relevância política. Nada sobre isso está inscrito na Constituição e é abusivo interpretar algo do facto de existir uma imposição de idade para aceder ao cargo. Mas não é irrelevante a idade de uma pessoa no momento de ascender a um cargo para cinco anos (com mais cinco de opção). Não é irrelevante para os eleitores e portanto não é irrelevante do ponto de vista político. Mas será curioso ver se alguém terá coragem de puxar esse tema na campanha eleitoral, nomeadamente Cavaco, como é óbvio.
5. Dependendo da personalidade de quem ocupe o cargo, o segundo mandato presidencial é sempre mais "irresponsável" que o primeiro. Não existe a pressão de voltar a sufragar nas urnas o desempenho no cargo e a carreira política quase sempre acaba (ou começa a acabar) depois disso. Com dois mandatos presidenciais extremamente bem sucedidos (recordem-se os níveis de popularidade atingidos), um estatuto de figura tutelar da democracia portuguesa e uma idade que garante que esta será, de facto, a última coisa que faz na vida, Soares será ainda mais "irresponsável" do que qualquer "irresponsável" antes dele e estará em absoluto em rédea livre se porventura for eleito. Se recordarmos o que foi o seu segundo mandato com Cavaco, podemos imaginar o que será agora se for eleito. Com Sócrates ou com outro.
quinta-feira, julho 21, 2005
A propósito de Campos e Cunha
Ainda há muitas coisas por esclarecer acera da demissão de Campos e Cunha. Mas há algumas reflexões que se podem fazer já:
1. O PS é o pior inimigo do governo de José Sócrates. Na medida em que Sócrates consiga contrariar o seu partido, ele conseguirá um rumo certo para o país. Sendo Sócrates um homem do "aparelho" nascido e criado na juventude socialista, isso não augura nada de bom. Mas a verdade é que, até ontem, Sócrates tinha conseguido parecer resistir aos apelos despesistas de todos os clientes socialistas. Agora as dúvidas adensam-se. E o país fica em stand-by. Sobretudo para ouvir o próprio Sócrates e o novo ministro das finanças.
2. Sócrates foi eleito com base num programa de obras públicas como motor da economia. Isso foi claramente dito na campanha e é impossível que não tenha sido disctutido entre Sócrates e Campos e Cunha aquando do convite do primeiro ao segundo. Depois, mais tarde, foi apresentado no CCB um plano de investimentos que claramente previa o lançamento da Ota e do TGV "ainda nesta legislatura". Se entretanto e depois disto, Campos e Cunha quebrou a solidariedade governamental tornando públicas divergências quanto ao rumo a seguir, então era Campos e Cunha que estava a mais. Se isso é bom ou não para o país (e se a Ota e o TGV devem ou não ser feitos), é outra questão (talvez mesmo a questão essencial). Mas com esta medida Sócrates tornou claro que quem manda é ele. E não podia deixar de ser assim.
3. Por outro lado, parece impossivel que Sócrates e Campos e Cunha não tivessem já falado sobre a Ota e o TGV. Por isso, das duas uma: ou Sócrates não disse a Campos e Cunha o rumo que as coisas iam tomar como forma de o seduzir; ou Campos e Cunha concordou com o rumo traçado (mesmo dele discordando intimamente) para poder ser ministro. No primeiro caso estamos perante um erro de casting imperdoável num PM responsável; no segundo, estamos simplesmente perante uma falta de verticalidade a todos os títulos criticável. Neste aspecto, provavelmente, nunca saberemos ao certo o que terá acontecido.
1. O PS é o pior inimigo do governo de José Sócrates. Na medida em que Sócrates consiga contrariar o seu partido, ele conseguirá um rumo certo para o país. Sendo Sócrates um homem do "aparelho" nascido e criado na juventude socialista, isso não augura nada de bom. Mas a verdade é que, até ontem, Sócrates tinha conseguido parecer resistir aos apelos despesistas de todos os clientes socialistas. Agora as dúvidas adensam-se. E o país fica em stand-by. Sobretudo para ouvir o próprio Sócrates e o novo ministro das finanças.
2. Sócrates foi eleito com base num programa de obras públicas como motor da economia. Isso foi claramente dito na campanha e é impossível que não tenha sido disctutido entre Sócrates e Campos e Cunha aquando do convite do primeiro ao segundo. Depois, mais tarde, foi apresentado no CCB um plano de investimentos que claramente previa o lançamento da Ota e do TGV "ainda nesta legislatura". Se entretanto e depois disto, Campos e Cunha quebrou a solidariedade governamental tornando públicas divergências quanto ao rumo a seguir, então era Campos e Cunha que estava a mais. Se isso é bom ou não para o país (e se a Ota e o TGV devem ou não ser feitos), é outra questão (talvez mesmo a questão essencial). Mas com esta medida Sócrates tornou claro que quem manda é ele. E não podia deixar de ser assim.
3. Por outro lado, parece impossivel que Sócrates e Campos e Cunha não tivessem já falado sobre a Ota e o TGV. Por isso, das duas uma: ou Sócrates não disse a Campos e Cunha o rumo que as coisas iam tomar como forma de o seduzir; ou Campos e Cunha concordou com o rumo traçado (mesmo dele discordando intimamente) para poder ser ministro. No primeiro caso estamos perante um erro de casting imperdoável num PM responsável; no segundo, estamos simplesmente perante uma falta de verticalidade a todos os títulos criticável. Neste aspecto, provavelmente, nunca saberemos ao certo o que terá acontecido.
terça-feira, julho 19, 2005
A agora algo realmente interessante...
Eis o primeiro serviço de transmissão de blogues para o espaço. Provando que na verdade o mundo nunca mais será como dantes...
(via The Blog Herald)
(via The Blog Herald)
Um produto do nosso tempo
As capas da Time desde a sua fundação passaram a estar disponíveis online. Navegar por aqui é como tomar o pulso à evolução da história mundial de 1923 até hoje. (via CyberJournalist)
A ler
Notável o artigo de opinião de João Lopes, no DN, sobre a entrevista de José Eduardo Moniz ao mesmo jornal há uns dias atrás. (via ContraFactos & Argumentos)
Do artigo destaco:
"Antigamente, o País existia como "reflexo" da Televisão; agora, a Televisão "superiorizou-se" ao País. Em ambos os casos, nunca, nem na mais ínfima fracção de segundo, se admite a possibilidade de o País ser aquilo que é também por causa de alguns modos de fazer televisão?"
"(...) a noção de responsabilidade esvaiu-se e foi trocada por um conceito moralista de culpa."
Da entrevista destaco (e não resisto a comentar) o seguinte:
"Os nossos jornalistas têm uma atitude proactiva e quem é proactivo arranja notícias."
Obs.: Pensei que se reportava notícias; fiquei a saber que na TVI elas se "arranjam".
"Preocupa-me quando ouço falar em código disciplinar para os jornalistas, em normas enquadradoras da actividade dos jornalistas, preocupações sancionatórias. "
Obs.: José Eduardo Moniz em defesa dos jornalistas. Estranha ironia...
Do artigo destaco:
"Antigamente, o País existia como "reflexo" da Televisão; agora, a Televisão "superiorizou-se" ao País. Em ambos os casos, nunca, nem na mais ínfima fracção de segundo, se admite a possibilidade de o País ser aquilo que é também por causa de alguns modos de fazer televisão?"
"(...) a noção de responsabilidade esvaiu-se e foi trocada por um conceito moralista de culpa."
Da entrevista destaco (e não resisto a comentar) o seguinte:
"Os nossos jornalistas têm uma atitude proactiva e quem é proactivo arranja notícias."
Obs.: Pensei que se reportava notícias; fiquei a saber que na TVI elas se "arranjam".
"Preocupa-me quando ouço falar em código disciplinar para os jornalistas, em normas enquadradoras da actividade dos jornalistas, preocupações sancionatórias. "
Obs.: José Eduardo Moniz em defesa dos jornalistas. Estranha ironia...
segunda-feira, julho 18, 2005
Declaração de voto
Para que conste:
Declaro que não votei PS nas últimas eleições;
e
Declaro que votaria Sócrates se as eleições fossem hoje.
Num quadro de dificuldades económicas internas e externas, com vários "fogos" sociais para enfrentar, à beira de uma eleição autárquica difícil, com uma derrota presidencial no horizonte e com uma oposição claramente definida, a popularidade de Sócrates e do seu governo desafia toda a lógica política e prova que os ciclos políticos não são sempre iguais.
Declaro que não votei PS nas últimas eleições;
e
Declaro que votaria Sócrates se as eleições fossem hoje.
Num quadro de dificuldades económicas internas e externas, com vários "fogos" sociais para enfrentar, à beira de uma eleição autárquica difícil, com uma derrota presidencial no horizonte e com uma oposição claramente definida, a popularidade de Sócrates e do seu governo desafia toda a lógica política e prova que os ciclos políticos não são sempre iguais.
Todos de acordo (bem, quase todos..)
Divagando pela blogofera, encontra-se uma saudável unanimidade de elogios à aposta do Governo na energia eólica, com o único "sim, mas" do Abrupto (e, ok, descontado o Blasfémias...). Para mim esta medida é supreendente (como muitas que o governo de Sócrates tem tomado), é ambiciosa e vai no caminho certo, aproveitando um dos nosso recursos naturais (para quando o mar?).
Citando o Queimado no Momento, esta medida apela aos investidores nacionais, de forma a não importar a tecnologia e a criar emprego; distribui-se correctamente do ponto de vista económico e regional; reduz a dependência energética do petróleo e do exterior; e estimula energias renováveis e mais limpas.
Citando o Queimado no Momento, esta medida apela aos investidores nacionais, de forma a não importar a tecnologia e a criar emprego; distribui-se correctamente do ponto de vista económico e regional; reduz a dependência energética do petróleo e do exterior; e estimula energias renováveis e mais limpas.
Nós não temos medo!
A ideia é interessante: um site aberto a todas as participações, feito com fotografias, de pessoas que querem manifestar das formas mais diversas que não têm medo do terrorismo e dos terroristas. Nós, ocidentais, somos certamente muito fracos; mas só até descobrirmos o quanto somo fortes.
(via Bicho Carpinteiro)
(via Bicho Carpinteiro)
Eu sou... turista
A família Eu Sou, que se não estou em erro começou pelo Eu Sou Jornalista, tem mais um membro: para quem gosta de viajar ou viaja frequentemente, o Eu Sou Turista pode ser um boa ajuda.
Microsoft avança para o RSS
A partir de um artigo da Marketing Studies citado na última newsletter do Obercom, cheguei a esta página onde a Microsoft descreve em detalhe de que forma vai integrar a leitura de RSS no seu sistema operativo a lançar em 2006.
Esta questão do RSS está longe de ser uma tecnicidade: a sobrecarga de informação que a internet já hoje produz impõe um sistema de gestão de informação capaz de a organizar de forma bastante diferente do passado. O RSS é esse sistema.
Mas, mais ainda, a associação entre os leitores RSS e os podcasts - que será o passo seguinte - o que faz é alterar a relação de poder entre emissor e receptor da mensagem. Com RSS e podcasts, consumidor de mensagens escolhe realmente quando e como quer consumar o acto comunicativo. E isso dá-lhe poder na mesma medida em que o tira ao emissor (ex. ontem os jornais, hoje a rádio, amanhã a televisão).
Esta questão do RSS está longe de ser uma tecnicidade: a sobrecarga de informação que a internet já hoje produz impõe um sistema de gestão de informação capaz de a organizar de forma bastante diferente do passado. O RSS é esse sistema.
Mas, mais ainda, a associação entre os leitores RSS e os podcasts - que será o passo seguinte - o que faz é alterar a relação de poder entre emissor e receptor da mensagem. Com RSS e podcasts, consumidor de mensagens escolhe realmente quando e como quer consumar o acto comunicativo. E isso dá-lhe poder na mesma medida em que o tira ao emissor (ex. ontem os jornais, hoje a rádio, amanhã a televisão).
sexta-feira, julho 15, 2005
Percepções sociais
Significativas estas percentagens do Harper's index, citadas no Bicho Carpinteiro:
Percentagem da população do Reino Unido que os britânicos pensam ser imigrantes: 21%Percentagem da população do Reino Unido que realmente é imigrante: 8 %
Percentagem da população do Reino Unido que os britânicos pensam ser imigrantes: 21%Percentagem da população do Reino Unido que realmente é imigrante: 8 %
Dois anos de blogue
Faz hoje dois anos que se postou pela primeira vez neste blogue, na altura ainda chamado Alma Mater. O primeiro post foi um presunçoso "estatuto editorial" que pretendia explicar o porquê do blogue. Desse post, gostaria de citar - e assim reafirmar - o seguinte:
"(...) Sempre senti a tentação de procurar o sentido último das coisas, o porquê por trás do porquê, mesmo que o ponto de partida fosse o mais simples e aparentemente inócuo fait-divers. E não tenho dúvidas que por detrás de cada acção e de cada comportamento está uma ideia (...)"
"Ao mesmo tempo, o nome "alma mater" serve também para prestar homenagem a um dos mais brilhantes discos que já ouvi em toda a minha vida e ao seu autor: Rodrigo Leão."
"Neste blog vão aparecer opiniões suscitadas pelas matérias da actualidade social, política, cultural e desportiva sem nenhum critério especial que não seja a procura das explicações mais profundas para os fenómenos (...) Não é um blog de tomadas de posição é um blog de tomadas de opinião. Por isso, a opinião pode ser hoje uma e amanhã outra sem nenhuma necessidade de coerência (...) Por isso este blog não é de esquerda nem é de direita (...) Este não é um blog de humor. As opiniões expressas são sérias (...)"
"Neste blog aparecerão também ficções e recensões. Ficções curtas, normalmente pequenos textos que não chegam a ser contos e que nascem simplesmente porque encontram um caminho para se materializarem em letras e palavras; e recensões do que quer que seja que mereça ser "propagado": livros, discos, filmes, etc."
"(...) Sempre senti a tentação de procurar o sentido último das coisas, o porquê por trás do porquê, mesmo que o ponto de partida fosse o mais simples e aparentemente inócuo fait-divers. E não tenho dúvidas que por detrás de cada acção e de cada comportamento está uma ideia (...)"
"Ao mesmo tempo, o nome "alma mater" serve também para prestar homenagem a um dos mais brilhantes discos que já ouvi em toda a minha vida e ao seu autor: Rodrigo Leão."
"Neste blog vão aparecer opiniões suscitadas pelas matérias da actualidade social, política, cultural e desportiva sem nenhum critério especial que não seja a procura das explicações mais profundas para os fenómenos (...) Não é um blog de tomadas de posição é um blog de tomadas de opinião. Por isso, a opinião pode ser hoje uma e amanhã outra sem nenhuma necessidade de coerência (...) Por isso este blog não é de esquerda nem é de direita (...) Este não é um blog de humor. As opiniões expressas são sérias (...)"
"Neste blog aparecerão também ficções e recensões. Ficções curtas, normalmente pequenos textos que não chegam a ser contos e que nascem simplesmente porque encontram um caminho para se materializarem em letras e palavras; e recensões do que quer que seja que mereça ser "propagado": livros, discos, filmes, etc."
Os números da Greve
Sobre a greve da Função Pública de hoje, o que sabemos de certeza é que entre os 15% de participação avançados pelo Governo e os 75% avançados pelos sindicatos não há ponte possível. Não há detalhe interpretativo nem consideração geográfica ou organizacional que explique uma tal diferença. E portanto, o que ficamos a saber com toda a certeza, é que - Governo ou sindicatos - alguém está a mentir. Isso é o que sabemos de certeza. E isso é grave.
quinta-feira, julho 14, 2005
Blogues na China
5 million and counting...
O número de bloggers chineses não pára de aumentar.
Será este o dado que faltava nas análises geoestratégicas sobre o renascimento do Império do Meio? Será que a China não vai afinal crescer tão homogénea e monolítica como se pensava?
(outra vez o The Blog Herald)
O número de bloggers chineses não pára de aumentar.
Será este o dado que faltava nas análises geoestratégicas sobre o renascimento do Império do Meio? Será que a China não vai afinal crescer tão homogénea e monolítica como se pensava?
(outra vez o The Blog Herald)
Capitalismo selvagem
Uma empresa da Califórnia pediu o registo da marca Blog para a produção de blasers, blusas, soutiens, camisolas, vestidos, luvas, chapéus, calças, gravatas, camisas de noite, macacões, pijamas, gabardines, sandálias, camisas, sapatos, calçoes, cuecas, saias, meias, fatos, sweaters, t-shirts, fatos de treino, etc.
(via The Blog Herald)
P.S. Lado positivo, à atenção da burocracia portuguesa: o processo de aprovação do registo pode ser acompanhado aqui.
(via The Blog Herald)
P.S. Lado positivo, à atenção da burocracia portuguesa: o processo de aprovação do registo pode ser acompanhado aqui.
Sem políticas...
Gostava de saber o que pensa o Blasfémias sobre esta medida do governo socialista de simplificar a criação de empresas. Será que Sócrates vai merecer um elogio por algo que, em boa verdade, é politicamente neutro, é imposto pelo mero bom senso e, além de tudo, é bem próprio para agradar a um liberal. Sem políticas...
Uma "fonte" sobre as fontes
"If the judge would permit it, I would go serve some of her [Judith Miller] jail time, because I think the principle is that important, and it should be underscored. It's not a casual idea that we have confidential sources. It is absolutely vital. And I'll bet there are all kinds of reporters out there, if we could divvy up this four-month jail sentence -- I suspect the judge would not permit that, but if he would, I'll be first in line. It's that important to our business."
Bob Woodward, jornalista co-responsável pelo Watergate, um dos momentos altos da história do jornalismo, conseguido graças à preservação da identidade das fontes.
Bob Woodward, jornalista co-responsável pelo Watergate, um dos momentos altos da história do jornalismo, conseguido graças à preservação da identidade das fontes.
quarta-feira, julho 13, 2005
eGovernment na UE
A mais recente newsletter do Obercom remete para o relatório da UE sobre o grau de desenvolvimento do eGovernment nos 25 países da UE. É um relatório completo e interessante pelas comparações que pode suscitar.
Jornalismo adivinhativo
É um novo tipo de reporting! Repare-se como todos os tempos verbais estão no... futuro.
VAI RECUSAR CONTRAPROPOSTA DO SANTOS
LÉO TEM ACODO POR TRÊS ÉPOCAS
O Santos vai oferecer a Léo um aumento salarial com vista a fazê-lo desistir da transferência para o Benfica mas o lateral-esquerdo não aceitará a proposta. O internacional brasileiro tem um acordo verbal que prevê a assinatura de um futuro contrato por três temporadas
(Record)
O Record está de facto um passo à frente!
VAI RECUSAR CONTRAPROPOSTA DO SANTOS
LÉO TEM ACODO POR TRÊS ÉPOCAS
O Santos vai oferecer a Léo um aumento salarial com vista a fazê-lo desistir da transferência para o Benfica mas o lateral-esquerdo não aceitará a proposta. O internacional brasileiro tem um acordo verbal que prevê a assinatura de um futuro contrato por três temporadas
(Record)
O Record está de facto um passo à frente!
terça-feira, julho 12, 2005
Nem tudo é política...
... também há o marketing turístico.
O Corriere della Sera noticia que um grupo de biólogos russos regressou do lago Labinkir, no leste do país, convencida de trazer testemunhos sérios da existência de um monstro semelhante ao do lago Ness, conhecido localmente como "o diabo".
O Corriere della Sera noticia que um grupo de biólogos russos regressou do lago Labinkir, no leste do país, convencida de trazer testemunhos sérios da existência de um monstro semelhante ao do lago Ness, conhecido localmente como "o diabo".
Ninguém é inocente...
Tribunal de Comércio de Lisboa sob investigação há dois anos.
Autoridades suspeitam de actos de corrupção na venda de bens das empresas falidas. (DN)
Agentes da brigada de trânsito...
Autarcas...
Funcionários fiscais...
Presidentes de clubes de futebol...
Juízes e advogados...
Ex-apresentadores de televisão...
Médicos...
etc...
Se calhar talvez seja mais fácil pôr uma rede à volta deste país e pedir a quem estiver inocente que faça o favor de sair.
Você sairia? Quem nunca prevaricou que atire a primeira pedra. IRS? Seguros? Sisa? TV Cabo? Software? Roupas de "marca"?
O problema é que baixámos o nosso grau de exigência perante nós próprios e agora ninguém é verdadeiramente inocente.
É por isso que, tal como dizia o professor Adriano Moreira no Prós e Contras de ontem, não nos podemos queixar dos políticos que temos ("eles..", como diz o povo), porque fomos nós que os criámos.
O problema deste país não está fora de nós. Não está na economia, não está na justiça, não está na educação. O problema deste país está dentro de nós. Porque verdadeiramente só poderemos exigir dos outros aquilo que formos capazes de exigir de nós próprios.
Cada um que fale por si.
Autoridades suspeitam de actos de corrupção na venda de bens das empresas falidas. (DN)
Agentes da brigada de trânsito...
Autarcas...
Funcionários fiscais...
Presidentes de clubes de futebol...
Juízes e advogados...
Ex-apresentadores de televisão...
Médicos...
etc...
Se calhar talvez seja mais fácil pôr uma rede à volta deste país e pedir a quem estiver inocente que faça o favor de sair.
Você sairia? Quem nunca prevaricou que atire a primeira pedra. IRS? Seguros? Sisa? TV Cabo? Software? Roupas de "marca"?
O problema é que baixámos o nosso grau de exigência perante nós próprios e agora ninguém é verdadeiramente inocente.
É por isso que, tal como dizia o professor Adriano Moreira no Prós e Contras de ontem, não nos podemos queixar dos políticos que temos ("eles..", como diz o povo), porque fomos nós que os criámos.
O problema deste país não está fora de nós. Não está na economia, não está na justiça, não está na educação. O problema deste país está dentro de nós. Porque verdadeiramente só poderemos exigir dos outros aquilo que formos capazes de exigir de nós próprios.
Cada um que fale por si.
Terá Jardim perdido um aliado por omissão?
O PSD-Madeira considerou hoje o ex-eurodeputado Pacheco Pereira um "diletante sem qualquer utilidade" que "se pavoneia" a atacar com "asneiras" Alberto João Jardim, e avisou que é contra uma "caça às bruxas" no partido. (Público)
E agora? Será que Pacheco Pereira continua a achar que a solidariedade partidária que Jardim lhe prestou no passado (foi assim que justificou não o criticar na quadratura há algumas semanas) ainda vale alguma coisa? Continuará PP a defender Jardim não o atacando?
E agora? Será que Pacheco Pereira continua a achar que a solidariedade partidária que Jardim lhe prestou no passado (foi assim que justificou não o criticar na quadratura há algumas semanas) ainda vale alguma coisa? Continuará PP a defender Jardim não o atacando?
Abaixo o BES! Viva Balsemão!
Claro que cheira a bolsa toda esta história do BES versus Impresa. E todos sabemos que é verdade que o Expresso faz campanhas. Mas (partindo do princípio de que não há jogadas de bastidores), como bem notam a Grande Loja e a Bloguítica, dada a dimensão publicitária do BES e a dimensão informativa do grupo Balsemão, a "birra" não pode deixar de ser entendida como uma forma de pressão sobre todo o sector da comunicação. Se um major player não tem força para "dobrar" o BES, como se sentirá um minor player? Constrangido certamente. É por isso que com reality shows ou sem eles, hoje estamos todos com Balsemão.
domingo, julho 10, 2005
Plano secreto para retirar do Iraque
A BBC cita o jornal Mail on Sunday como tendo tido acesso a um documento oficial do Secretário da Defesa inglês que prevê a retirada da maior parte das tropas inglesas o Iraque no início de 2006.
Que timing...!
Que timing...!
Humilhação
Alberto João Jardim era um problema difícil para Marques Mendes. Mas o desconvite para festa do Chão da Lagoa já é uma humilhação e se daqui não resultarem consequências institucionais (mesmo se deferidas no tempo) Marques Mendes inicia uma curva descendente.
sábado, julho 09, 2005
O papel da esquerda face ao terrorismo
Como muito bem nota Bettencourt Resendes no Bicho Carpinteiro, a esquerda comete um grave erro de perspectiva no seu posicionamento face ao problema do terrorismo. É verdade que Bush é muitas vezes inepto e os EUA são muitas vezes parte do problema e não parte da solução. Mas uma das condições necessárias a um clima de paz entre a civilização ocidental e a civilização árabe é a laicização dos estados muçulmanos. E existem certamente menos diferenças entre a esquerda e Bush do que entre a esquerda e os regimes muçulmanos, onde os direitos humanos são violados todos os dias e das mais variadas formas. Ora aí está uma boa luta para a esquerda.
Jornalismo desportivo
Discurso directo na primeira página do Record:
"Quero sair"
Discurso directo na notícia:
“Quero sair do Sporting para o Dínamo de Moscovo se a transferência for boa para todas as partes.”
sexta-feira, julho 08, 2005
Futebolês
Programa "Defeso", da SportTV, apresentado por Carlos Manuel, com Moreira, guarda-redes do Benfica:
Carlos Manuel: Depois da conquista do campeonato, o que é que sentiste nas pessoas?
Moreira: Foi um extravagar de sentimentos acumulados.
Carlos Manuel: Extravasar?
Moreira: Sim. As pessoas tinham estado à espera daquele momento durante muitos anos e depois transvasaram os sentimentos que tinham acumulado.
Carlos Manuel: Depois da conquista do campeonato, o que é que sentiste nas pessoas?
Moreira: Foi um extravagar de sentimentos acumulados.
Carlos Manuel: Extravasar?
Moreira: Sim. As pessoas tinham estado à espera daquele momento durante muitos anos e depois transvasaram os sentimentos que tinham acumulado.
quinta-feira, julho 07, 2005
As razões profundas do terrorismo
É verdade que não se pode pactuar ou negociar com terroristas, porque isso os torna mais fortes. É verdade que, de cada vez que um dirigente ocidental fala em "compreender" as razões dos terroristas, isso o torna mais fraco e aos terroristas mais fortes. Mais ainda: como é linear de perceber, a ausência de reacção é ela própria um sinal de fraqueza.
Mas, por outro lado, é também verdade que não se pode dizimar os terroristas porque isso só instiga mais terrorismo. É inegável que a violência ocidental no Afeganistão e no Iraque só gerou mais terrorismo e mais terroristas. A humilhação dos terroristas só incentiva mais terroristas.
Este é portanto certamente um dos problemas de mais difícil solução com que nos deparamos. É claramente uma situação loose-loose.
Mas devemos ir mais longe e pensar se não será o terrorismo, afinal, uma espécie manifestação violenta do mecanismo de reequilíbrio do ecossistema humano?
Não é sustentável um mundo tão díspar como o nosso, sob todos os aspectos: económico, cultural, político, etc. A homogeneidade de uma sociedade é que lhe permite viver colectivamente e uma forma organizada, isto é, segundo regras, escritas e não escritas. Numa sociedade ocidental típica, a maior parte das pessoas respeitam as regras e os diversos tipos de crimes quotidianos são tratados pelas autoridades competetendes by the book. Quando os crimes são repetidamente associados a um grupo étnico ou social, então, o seu potencial de desequilibrio da sociedade é muito maior e os mecanismos para lidar com o problema já têm que ser diferentes (no limite são resolvidos por guerras étnicas ou civis).
Na sociedade humana globalizada, o ocasional conflito étnico, político ou social também é aceitável e pode ser resolvido pelos mecanismos instituídos e pelas instituições congregadoras (ONU, UE, NATO, por exemplo). Quando o conflito surge repetidamente associado a uma etnia ou grupo social, o problema desequilibra a socidade globalizada. O conflito entre o terrorismo muçulmano e a sociedade ocidental globalizada transcendeu há muito o limiar de um problema que possa ser resolvido pelos mecanismos habituais tal como os conhecemos (a ONU, a UE, etc).
Não é por serem muçulmanos e que os muçulmanos são terroristas. É por serem muçulmanos (radicais) e estarem confrontados com uma sociedade humana globalizada que de alguma forma os choca, quer do ponto de vista cultural, quer do ponto de vista económico, quer do ponto de vista político, quer do ponto de vista da comunicação/informação. É pela conjugação das duas razões - a radicalidade da leitura do Corão e o choque civilizacional - que o problema do terrorismo muculmano assume as proporções que hoje se tornam evidentes.
Há duzentos anos atrás, este problema seria sem dúvida resolvido com uma guerra, como muitas houve, ao longo da história e em todos os continentes, alimentadas pela religião (que não é mais do que um sistema completo de padrões culturais).
Mas no mundo global e civilizadamente progressista de hoje, essa simplesmente não é uma opção. Ou melhor: é a última das opções, que se imporá por si própria quando todas as outras falharem. Antes disso, a solução do problema do terrorismo muçulmano terá que passar por medidas dos próprios muçulmanos para limitar a interpretação radical do Corão e por medidas do mundo ocidental para suavizar o choque civilizacional com "este" terceiro mundo (outros "terceiros mundos" existem que, felizmente, não têm o combustível do radicalismo religioso, como a África sub-sahariana).
Mas, por outro lado, é também verdade que não se pode dizimar os terroristas porque isso só instiga mais terrorismo. É inegável que a violência ocidental no Afeganistão e no Iraque só gerou mais terrorismo e mais terroristas. A humilhação dos terroristas só incentiva mais terroristas.
Este é portanto certamente um dos problemas de mais difícil solução com que nos deparamos. É claramente uma situação loose-loose.
Mas devemos ir mais longe e pensar se não será o terrorismo, afinal, uma espécie manifestação violenta do mecanismo de reequilíbrio do ecossistema humano?
Não é sustentável um mundo tão díspar como o nosso, sob todos os aspectos: económico, cultural, político, etc. A homogeneidade de uma sociedade é que lhe permite viver colectivamente e uma forma organizada, isto é, segundo regras, escritas e não escritas. Numa sociedade ocidental típica, a maior parte das pessoas respeitam as regras e os diversos tipos de crimes quotidianos são tratados pelas autoridades competetendes by the book. Quando os crimes são repetidamente associados a um grupo étnico ou social, então, o seu potencial de desequilibrio da sociedade é muito maior e os mecanismos para lidar com o problema já têm que ser diferentes (no limite são resolvidos por guerras étnicas ou civis).
Na sociedade humana globalizada, o ocasional conflito étnico, político ou social também é aceitável e pode ser resolvido pelos mecanismos instituídos e pelas instituições congregadoras (ONU, UE, NATO, por exemplo). Quando o conflito surge repetidamente associado a uma etnia ou grupo social, o problema desequilibra a socidade globalizada. O conflito entre o terrorismo muçulmano e a sociedade ocidental globalizada transcendeu há muito o limiar de um problema que possa ser resolvido pelos mecanismos habituais tal como os conhecemos (a ONU, a UE, etc).
Não é por serem muçulmanos e que os muçulmanos são terroristas. É por serem muçulmanos (radicais) e estarem confrontados com uma sociedade humana globalizada que de alguma forma os choca, quer do ponto de vista cultural, quer do ponto de vista económico, quer do ponto de vista político, quer do ponto de vista da comunicação/informação. É pela conjugação das duas razões - a radicalidade da leitura do Corão e o choque civilizacional - que o problema do terrorismo muculmano assume as proporções que hoje se tornam evidentes.
Há duzentos anos atrás, este problema seria sem dúvida resolvido com uma guerra, como muitas houve, ao longo da história e em todos os continentes, alimentadas pela religião (que não é mais do que um sistema completo de padrões culturais).
Mas no mundo global e civilizadamente progressista de hoje, essa simplesmente não é uma opção. Ou melhor: é a última das opções, que se imporá por si própria quando todas as outras falharem. Antes disso, a solução do problema do terrorismo muçulmano terá que passar por medidas dos próprios muçulmanos para limitar a interpretação radical do Corão e por medidas do mundo ocidental para suavizar o choque civilizacional com "este" terceiro mundo (outros "terceiros mundos" existem que, felizmente, não têm o combustível do radicalismo religioso, como a África sub-sahariana).
A degradação da vida pública
Este artigo de Rui Camacho no JN (citado no Fumaças), merece ser transcrito:
"Estamos num país em que o crime (muitas vezes) compensa. É o resultado de a sociedade portuguesa estar a desenvolver uma cultura de transgressão, como já tem sido assinalado, a propósito de temas tão diferentes como a corrupção, a fuga sistemática aos impostos e, até, a condução criminosa.
É evidente que, em todos os países, há quem cometa os mesmos delitos mas, nos mais civilizados, guarda-se disso segredo, não só por receio da condenação dos tribunais como, fundamentalmente, da exclusão social. Por cá, os transgressores vangloriam-se dos seus actos nas rodas de amigos e não recebem deles qualquer reprovação, antes palmadas nas costas como prémio à sua valentia e, se conseguirem escapar à justiça, à sua inteligência. Aberração que aflora na grande parte da população há pouco chegada ao consumismo, mas ainda distante do civismo, esse aplauso ao delito e a reverência e simpatia pelos transgressores estão a reflectir-se na esfera da política de uma forma que faz perigar o interesse das populações em geral. Basta reparar-se que todos os candidatos às autárquicas arguidos em mediáticos processos de burla, estão destacadamente à frente nas sondagens às preferências dos eleitores. Dirão que já eram populares e, até serem julgados, se presume estarem inocentes. Poderão estar, de facto, mas, em muitos países, bastariam as suspeitas para estarem de quarentena até cabal esclarecimento..."
"Estamos num país em que o crime (muitas vezes) compensa. É o resultado de a sociedade portuguesa estar a desenvolver uma cultura de transgressão, como já tem sido assinalado, a propósito de temas tão diferentes como a corrupção, a fuga sistemática aos impostos e, até, a condução criminosa.
É evidente que, em todos os países, há quem cometa os mesmos delitos mas, nos mais civilizados, guarda-se disso segredo, não só por receio da condenação dos tribunais como, fundamentalmente, da exclusão social. Por cá, os transgressores vangloriam-se dos seus actos nas rodas de amigos e não recebem deles qualquer reprovação, antes palmadas nas costas como prémio à sua valentia e, se conseguirem escapar à justiça, à sua inteligência. Aberração que aflora na grande parte da população há pouco chegada ao consumismo, mas ainda distante do civismo, esse aplauso ao delito e a reverência e simpatia pelos transgressores estão a reflectir-se na esfera da política de uma forma que faz perigar o interesse das populações em geral. Basta reparar-se que todos os candidatos às autárquicas arguidos em mediáticos processos de burla, estão destacadamente à frente nas sondagens às preferências dos eleitores. Dirão que já eram populares e, até serem julgados, se presume estarem inocentes. Poderão estar, de facto, mas, em muitos países, bastariam as suspeitas para estarem de quarentena até cabal esclarecimento..."
A ler
O mais completo e insightful post que encontrei até ao momento sobre os atentados de Londres é este na Rua da Judiaria. Muita atenção às palavras de Omar Bakri Mohammed publicadas na Púbica:
"É inevitável [que ocorra um atentado em Londres]. Porque estão a ser preparados vários, por vários grupos.(…)"
"Nos comunicados [da al-Qaeda], basta ler uma frase para se reconhecer o seu rigor teórico: não há nenhum sinal de nacionalismo, não se dizem árabes, nem palestinianos, apenas muçulmanos. Falam sempre do martírio, da morte.(…)"
"Nós não fazemos a distinção entre civis e não civis, inocentes e não inocentes. Apenas entre muçulmanos e descrentes. E a vida de um descrente não tem qualquer valor. Não tem santidade."
«Os muçulmanos que morrerem num ataque serão aceites imediatamente no paraíso como mártires. Quanto aos outros, o problema é deles. Deus mandou-lhes mensagens, os muçulmanos levaram-lhes mensagens, eles não acreditaram. Deus disse: “Quando os descrentes estão vivos, guia-os, persuade-os, faz o teu melhor. Mas quando morrem, não tenhas pena deles, nem que seja o teu pai ou mãe, porque o fogo do Inferno é o único lugar para eles".(…)»
"Os seculares dizem que “o Islão é a religião do amor". É verdade. Mas o Islão também é a religião da guerra. Da paz, mas também do terrorismo."
"É inevitável [que ocorra um atentado em Londres]. Porque estão a ser preparados vários, por vários grupos.(…)"
"Nos comunicados [da al-Qaeda], basta ler uma frase para se reconhecer o seu rigor teórico: não há nenhum sinal de nacionalismo, não se dizem árabes, nem palestinianos, apenas muçulmanos. Falam sempre do martírio, da morte.(…)"
"Nós não fazemos a distinção entre civis e não civis, inocentes e não inocentes. Apenas entre muçulmanos e descrentes. E a vida de um descrente não tem qualquer valor. Não tem santidade."
«Os muçulmanos que morrerem num ataque serão aceites imediatamente no paraíso como mártires. Quanto aos outros, o problema é deles. Deus mandou-lhes mensagens, os muçulmanos levaram-lhes mensagens, eles não acreditaram. Deus disse: “Quando os descrentes estão vivos, guia-os, persuade-os, faz o teu melhor. Mas quando morrem, não tenhas pena deles, nem que seja o teu pai ou mãe, porque o fogo do Inferno é o único lugar para eles".(…)»
"Os seculares dizem que “o Islão é a religião do amor". É verdade. Mas o Islão também é a religião da guerra. Da paz, mas também do terrorismo."
Palavras vazias, apenas palavras vazias
"It's important however that those engaged in terrorism realise that our determination to defend our values and our way of life is greater than their determination to cause death and destruction to innocent people in a desire to impose extremism on the world.
Whatever they do, it is our determination that they will never succeed in destroying what we hold dear in this country and in other civilised nations throughout the world."
Tony Blair, citado pelo De mal a pior
Blair fala por si próprio ou pelo povo inglês? Poderá a sua ênfase ser afinal um sinal de abandono? Há algum país, alguma sociedade, alguma comunidade, que resista ao terror do terrorismo?
Whatever they do, it is our determination that they will never succeed in destroying what we hold dear in this country and in other civilised nations throughout the world."
Tony Blair, citado pelo De mal a pior
Blair fala por si próprio ou pelo povo inglês? Poderá a sua ênfase ser afinal um sinal de abandono? Há algum país, alguma sociedade, alguma comunidade, que resista ao terror do terrorismo?
quarta-feira, julho 06, 2005
Qual é o melhor jornal do mundo?
Outra vez o editorsweblog a fazer referência a uma notícia da Reuters sobre um estudo suíço junto de executivos, políticos, universitário, jornalistas e publicitários para escolher o melhor jornal do mundo.
Os 10 melhores são estes (valores entre parênteses referentes a 2003):
1) Financial Times (U.K.) - 19.4 (20.7)
2) Wall Street Journal (U.S.) - 17.0 (7.5)
3) Frankfurter Allgemeine (Germany) - 16.2 (10.9)
4) Le Monde (France) - 12.5 (2.1)
5) Neue Zuercher Zeitung (Switzerland) - 12.1 (15.0)
6) New York Times (U.S.) - 8.1 (21.3)
7) Intl. Herald Tribune (France) - 5.2 (11.3)
8) Asahi Shimbun (Japan) - 2.6 (0.4)
9) El Pais (Spain) - 1.9 (4.8)
10) Corriere della Sera (Italy) - 1.3 (0.7)
Source: Reuters
Os 10 melhores são estes (valores entre parênteses referentes a 2003):
1) Financial Times (U.K.) - 19.4 (20.7)
2) Wall Street Journal (U.S.) - 17.0 (7.5)
3) Frankfurter Allgemeine (Germany) - 16.2 (10.9)
4) Le Monde (France) - 12.5 (2.1)
5) Neue Zuercher Zeitung (Switzerland) - 12.1 (15.0)
6) New York Times (U.S.) - 8.1 (21.3)
7) Intl. Herald Tribune (France) - 5.2 (11.3)
8) Asahi Shimbun (Japan) - 2.6 (0.4)
9) El Pais (Spain) - 1.9 (4.8)
10) Corriere della Sera (Italy) - 1.3 (0.7)
Source: Reuters
Jornais gratuitos
Numa altura em que em Portugal se estão a implantar os jornais gratuitos, esta referência do Editorsweblog ao estudo do professor holandês de jornalismo Piet Bakker sobre a história e expressão mundial dos jornais gratuitos vale uma visita.
A geração hipertecnológica
Pires de Lima e a direita
Pires de Lima, ex-vice-presidente do CDS/PP disse duas coisas interessantes no debate "Noites à Direira", no Nicola:
1º Que a direita não estava preparada para chegar ao poder em 2001 porque não esperava a fuga de Guterres e que terá sido por isso que não conseguiu demonstrar eficácia na governação;
e
2º Que a presença de tantos dirigentes da anterior direcção do PP neste debate não era sinal de intenção de criar uma organização partidária.
1º Que a direita não estava preparada para chegar ao poder em 2001 porque não esperava a fuga de Guterres e que terá sido por isso que não conseguiu demonstrar eficácia na governação;
e
2º Que a presença de tantos dirigentes da anterior direcção do PP neste debate não era sinal de intenção de criar uma organização partidária.
terça-feira, julho 05, 2005
World Stupidity Awards
Com a devida vénia ao Blogue de Esquerda, eis os nomeados para as várias categorias dos World Stupidity Awards. Paris Hilton e George Bush, com três nomeações cada, partem com vantagem, ela porque é loira,ele porque é Bush.
Stupidest Man of the Year:
- US Senator John Kerry
- Former Ukrainian President Leonid Kuchma
- Ann Coulter
- NHL Commissioner Gary Bettman and Players Association Director Bob Goodenow (Shared)
- US President George Bush
Stupidest Statement of the Year:
- “Can you handle my truth?” - Britney Spears
- “Go Fuck yourself” - Dick Cheney, US Vice President
- “Nooooooooooooo” - Darth Vader, in Star Wars Revenge of the Sith
- “They never stop thinking of ways of harming America, and neither do we.” - US President George W. Bush
- “That’s hot.” - Paris Hilton
Dumbest Moment of the Year:
- Ashlee Simpson on SNL
- Basketball fight featuring Ron Artest
- Prince Harry showing up to party in Nazi suit
- Tom Cruise on Oprah
- Russell Crowe throwing a phone at somebody’s head5
Stupidest Movie of the Year:
- Elektra
- Hitchhikers Guide to the Galaxy
- Alexander
- Alien vs Predator
- The Pacifier
Stupidest Woman of the Year:
- Paris Hilton
- Ashlee Simpson
- Branjelina
- The Runaway Bride
- Paula Abdul
Stupidest Trend of the Year:
- Religious Fundamentalism of all kinds
- War
- Crystal Meth
- Seeing the Virgin Mary in toast, hamburgers etc...
- Climate Change
Stupidest TV Show of the Year:
- Britney Spears, Chaotic
- Surreal Life
- The Simple Life
- The Beauty and the Geek
- Dr Phil
Dumbest Government of the Year:
- The Government of Iran
- The Government of the United States of America
- The Government of Canada
- The Government of North Korea
- The United Nations
Stupidity Award for Reckless Endangerment of the Planet:
- Kim Jong Il, Dictator of North Korea
- US President George Bush
- The Vatican
- The Government of Iran
- Paris Hilton
Media Outlet Which Has Best Furthered Ignorance:
- Fox News
- CBS News
- CNN
- Al Jazeera
- Newsweek
Stupidest Award Show of The Year:
- The Oscars
- The Grammys
- The Daytime Emmy Awards
- The Golden Globes
- The World Stupidity Awards
Não há portugueses nesta lista, o que vem provar que o facto de sermos pequeninos e ninguém nos conhecer também tem as suas vantagens...
Stupidest Man of the Year:
- US Senator John Kerry
- Former Ukrainian President Leonid Kuchma
- Ann Coulter
- NHL Commissioner Gary Bettman and Players Association Director Bob Goodenow (Shared)
- US President George Bush
Stupidest Statement of the Year:
- “Can you handle my truth?” - Britney Spears
- “Go Fuck yourself” - Dick Cheney, US Vice President
- “Nooooooooooooo” - Darth Vader, in Star Wars Revenge of the Sith
- “They never stop thinking of ways of harming America, and neither do we.” - US President George W. Bush
- “That’s hot.” - Paris Hilton
Dumbest Moment of the Year:
- Ashlee Simpson on SNL
- Basketball fight featuring Ron Artest
- Prince Harry showing up to party in Nazi suit
- Tom Cruise on Oprah
- Russell Crowe throwing a phone at somebody’s head5
Stupidest Movie of the Year:
- Elektra
- Hitchhikers Guide to the Galaxy
- Alexander
- Alien vs Predator
- The Pacifier
Stupidest Woman of the Year:
- Paris Hilton
- Ashlee Simpson
- Branjelina
- The Runaway Bride
- Paula Abdul
Stupidest Trend of the Year:
- Religious Fundamentalism of all kinds
- War
- Crystal Meth
- Seeing the Virgin Mary in toast, hamburgers etc...
- Climate Change
Stupidest TV Show of the Year:
- Britney Spears, Chaotic
- Surreal Life
- The Simple Life
- The Beauty and the Geek
- Dr Phil
Dumbest Government of the Year:
- The Government of Iran
- The Government of the United States of America
- The Government of Canada
- The Government of North Korea
- The United Nations
Stupidity Award for Reckless Endangerment of the Planet:
- Kim Jong Il, Dictator of North Korea
- US President George Bush
- The Vatican
- The Government of Iran
- Paris Hilton
Media Outlet Which Has Best Furthered Ignorance:
- Fox News
- CBS News
- CNN
- Al Jazeera
- Newsweek
Stupidest Award Show of The Year:
- The Oscars
- The Grammys
- The Daytime Emmy Awards
- The Golden Globes
- The World Stupidity Awards
Não há portugueses nesta lista, o que vem provar que o facto de sermos pequeninos e ninguém nos conhecer também tem as suas vantagens...
If it bleeds, it leads!
Mais um indício: a Rua da Judiaria recupera os idos de 95 para recordar a vaga de violência que então "assolava" o país e que afinal não tinha números nem era mais do que a mera percepção da violência amplificada pelos media. Um ensinamento para os dias que correm: "if it bleeds, it leads."
A Voz
Porque é justo que se destaque aquilo que é bom, chamo a atenção para o programa A Voz emitido todos os dias na RTP1 a seguir ao telejornal. Poesia de expressão portuguesa dita por actores e declamadores de expressão portuguesa com um trabalho de realização a que acertadamente Virgílio Castelo chamou "iconoclasta". É mais uma produção de qualidade das Produções Fictícias de Nuno Artur Silva. Desta vez ao serviço do serviço público.
O que tem o CDS a dizer desta posição do PP?
Gostava de saber o que acha Ribeiro e Castro, presidente do CDS, do facto de Nuno Melo, líder parlamentar do PP, "compreender" as declarações de Alberto João Jardim.
Será que o jovem popular tem jeito para cavaleiro?
Ou será que Ribeiro e Castro devia defitivamente arrumar a casa?
Será que o jovem popular tem jeito para cavaleiro?
Ou será que Ribeiro e Castro devia defitivamente arrumar a casa?
segunda-feira, julho 04, 2005
História de um não-acontecimento
Através do Jornalismo e Comunicação e do IrrealTV cheguei ao conhecimento de um trabalho em vídeo de Diana Andringa (disponível em http://www.eraumavezumarrastao.net/) sobre o não-acontecimento que foi o famoso arrastão de Carcavelos e sobre a forma como como um não-acontecimento se transformou num clima social de medo que, com os agente políticos certos, está à beira de se transformar num clima de xenofobia. A forma como uma coisa gera as outras e a forma como qualquer delas pode ser gerada pela vertigem de espectáculo da informação televisiva é assustadora. Mas é por isso mesmo que deve ser conhecida. Curiosamente, tal como referem os posts citados, este video parece não existir fora da blogosfera.
Para que servem os blogues?
Segundo cita o Periodistas 21, há quem pense que "os blogues não são para ler, são para escrever". Por isso as audências são crescentes mas dispersas. Esta é uma ideia interessante.
Os extremos tocam-se
Não encontrei o link para as declarações a que se faz referência, mas, nos comentários a um post no Bicho Carpinteiro, o leitor "José Sarney" nota esta curisidade:
«O Conselheiro de Estado Jardim, confessou-se hoje, numa televisão generalista, admirador do Coronel Hugo Chavez, que ele vê como um homem de "valores humanos" e de "quem ele pessoalmente tem boa impressão".
Os extremos tocam-se!
Os Venezuelanos têm Chavez, eleito democraticamente!
Os Madeirenses têm Jardim, eleito democraticamente!
Os Amarantinos terão Avelino, eleito democraticamente!
Os Felgueirenses terão Fátima, eleita democraticamente!»
O que é preocupante é o que esta ironia nos diz sobre a democracia.
«O Conselheiro de Estado Jardim, confessou-se hoje, numa televisão generalista, admirador do Coronel Hugo Chavez, que ele vê como um homem de "valores humanos" e de "quem ele pessoalmente tem boa impressão".
Os extremos tocam-se!
Os Venezuelanos têm Chavez, eleito democraticamente!
Os Madeirenses têm Jardim, eleito democraticamente!
Os Amarantinos terão Avelino, eleito democraticamente!
Os Felgueirenses terão Fátima, eleita democraticamente!»
O que é preocupante é o que esta ironia nos diz sobre a democracia.
Alberto João Jardim e a xenofobia
A propósito das lamentáveis declarações de Alberto João Jardim (outra vez...), apenas três reflexões rápidas:
1. É por demais evidente que existe hoje em Portugal uma vaga de fundo xenófoba pronta a ser cavalgada por quem tenha coragem de o fazer. Fá-lo-á certamente o mais populista, ou seja, aquele que menos condicionar a sua acção pelos seus princípios. Alberto João Jardim (lídimo representante do PPD santanista), um PP menos "CDS" do que este ou, na falta dele, um Monteiro renascido das cinzas são sérios candidatos para o "papel", o qual, como se sabe, será nos tempos mais próximos (anos?) um papel central no "drama" europeu, cá dentro e lá fora. Se proventura vier a existir um referendo em Portugal sobre o projecto de constituição, não custa prever que, tal como em França, a questão dos imigrantes será central e não ficará polticamente orfã, ou seja, alguém há-de ocupar esse espaço;
2. Em face do que está em causa, aquilo que o Presidente fez é manifestamente pouco. Com muito menos legitimidade, chamou os partidos e conselheiros ao seu regaço aquando da crise santanista. Agora o que está em causa é, objectivamente, a defesa a Constituição à sua guarda. Impunha-se por isso algo mais do que palavras vãs;
3. O PSD reagiu cautelosamente com Miguel Macedo, mas corajosamente com Paula Teixeira da Cruz, vice-presidente: "Quaisquer que tenham sido as circunstâncias em que foram proferidas, não me parece que haja alguma coisa que possa diminuir a gravidade dessas declarações".
1. É por demais evidente que existe hoje em Portugal uma vaga de fundo xenófoba pronta a ser cavalgada por quem tenha coragem de o fazer. Fá-lo-á certamente o mais populista, ou seja, aquele que menos condicionar a sua acção pelos seus princípios. Alberto João Jardim (lídimo representante do PPD santanista), um PP menos "CDS" do que este ou, na falta dele, um Monteiro renascido das cinzas são sérios candidatos para o "papel", o qual, como se sabe, será nos tempos mais próximos (anos?) um papel central no "drama" europeu, cá dentro e lá fora. Se proventura vier a existir um referendo em Portugal sobre o projecto de constituição, não custa prever que, tal como em França, a questão dos imigrantes será central e não ficará polticamente orfã, ou seja, alguém há-de ocupar esse espaço;
2. Em face do que está em causa, aquilo que o Presidente fez é manifestamente pouco. Com muito menos legitimidade, chamou os partidos e conselheiros ao seu regaço aquando da crise santanista. Agora o que está em causa é, objectivamente, a defesa a Constituição à sua guarda. Impunha-se por isso algo mais do que palavras vãs;
3. O PSD reagiu cautelosamente com Miguel Macedo, mas corajosamente com Paula Teixeira da Cruz, vice-presidente: "Quaisquer que tenham sido as circunstâncias em que foram proferidas, não me parece que haja alguma coisa que possa diminuir a gravidade dessas declarações".
sexta-feira, julho 01, 2005
Os novos media "iluminam" a noite de Madrid
Via Periodistas 21, descubro este interessante projecto: dez prostitutas, dez telemóveis e uma reportagem alargada sobre o lado escuro de Madrid. Um excelente exemplo de como os novos media podem lançar luz sobre as facetas das nossas sociedades que os media tradicionais mais parecem esquecer.
Media Bloggers Association
Já foi constituída uma Media Bloggers Association aberta a todos os bloggers que tratem de assuntos relacionados com os media. Entre os fundadores encontram-se, por exemplo, Dan Gillmor; Jeff Jarvis, do BuzzMachine; Jay Rosen, do PRESSthink, J.D.Lasica do New Media Musings; e Jonathan Dube, do CyberJournalist.net. Entre os membros há pelo menos três portugueses: Luis António Santos, do Atrium; Manuel Pinto, do Jornalismo & Comunicação; e António Granado, do PontoMedia. O objectivo é promover os blogues do seus membros e estimular o desenvolvimento do citizen journalism. Inscrições aqui.
O futuro passa por aqui
Conselhos para bem "blogar"
Via ContraFactos & Argumentos, eis a segunda dose de conselhos úteis para melhorar a produtividade dos bloggers, da autoria da To-Done.
O guião de Marlon Brando
O guião de Marlon Brando para O Padrinho, com anotações feitas pelo punho do actor, foi leiloado pela Christies, por um valor de 257 mil euros.
Comentário meu: 258! 258!
Comentário meu: 258! 258!
Luis Osório deixa A Capital
Espero que o facto de Luis Osório ter deixado a direcção de A Capital não signifique uma alteração da linha estratégica do jornal. Não porque seja accionista e esteja preocupado com a rentabilidade do título, mas apenas porque olho com interesse a experiência que com o mesmo estava a ser feita em termos estritamente editoriais.
A reformulação levada a cabo quando Luis Osório entrou reposicionou o jornal como o mais semanário dos diários portugueses, com uma agenda própria e muitas vezes desligada da agenda "geral", com mais opinião e com um tratamento mais "militante" dos temas (vide o caso da tomada de posição nas eleições norte-americanas). Ora, num quadro de crescente oferta e consumo de informação online (todas as estatísticas apontam para aí) e com a crescente velocidade de circulação da informação (os blogues, por exemplo, dão conta dos acontecimentos muitas vezes antes de qualquer meio "institucional"), o papel de um diário altera-se substancialmente, aproximando-se do de um semanário; e o papel do semanário altera-se concomitantemente, aproximando-se do de um mensário.
Durante muitos anos, habituámo-nos a ver A Capital como um jornal "cinzento" que "dava" mais ou menos o mesmo que o Público ou o DN, mas segundo um "formato" mais tradicional, por isso menos apelativo. A Capital de hoje, pelo contrário, conseguiu romper essa imagem e aparece como um media inovador do panorama informativo nacional.
Não conheço os resultados desta experiência em termos de vendas e rentabilidade, mas recordo que o Público fez também um movimento semelhante quando surgiu (em cada edição o tema ou temas principais têm um grau de aprofundamento que há uns anos era exclusivo dos semanários) e demorou vário anos a implantá-lo. Por isso é que acharia desejável que a experiência continuasse. Se servir de alguma coisa afirmo solenemente, que antes nem sequer olhava para A Capital, agora sou leitor esporádico, e tenho vontade de me tornar leitor mais regular no futuro. Se isso quer dizer alguma coisa...
A reformulação levada a cabo quando Luis Osório entrou reposicionou o jornal como o mais semanário dos diários portugueses, com uma agenda própria e muitas vezes desligada da agenda "geral", com mais opinião e com um tratamento mais "militante" dos temas (vide o caso da tomada de posição nas eleições norte-americanas). Ora, num quadro de crescente oferta e consumo de informação online (todas as estatísticas apontam para aí) e com a crescente velocidade de circulação da informação (os blogues, por exemplo, dão conta dos acontecimentos muitas vezes antes de qualquer meio "institucional"), o papel de um diário altera-se substancialmente, aproximando-se do de um semanário; e o papel do semanário altera-se concomitantemente, aproximando-se do de um mensário.
Durante muitos anos, habituámo-nos a ver A Capital como um jornal "cinzento" que "dava" mais ou menos o mesmo que o Público ou o DN, mas segundo um "formato" mais tradicional, por isso menos apelativo. A Capital de hoje, pelo contrário, conseguiu romper essa imagem e aparece como um media inovador do panorama informativo nacional.
Não conheço os resultados desta experiência em termos de vendas e rentabilidade, mas recordo que o Público fez também um movimento semelhante quando surgiu (em cada edição o tema ou temas principais têm um grau de aprofundamento que há uns anos era exclusivo dos semanários) e demorou vário anos a implantá-lo. Por isso é que acharia desejável que a experiência continuasse. Se servir de alguma coisa afirmo solenemente, que antes nem sequer olhava para A Capital, agora sou leitor esporádico, e tenho vontade de me tornar leitor mais regular no futuro. Se isso quer dizer alguma coisa...
Subscrever:
Mensagens (Atom)