segunda-feira, fevereiro 07, 2005

PS, BE ou voto em branco?

Pelo que leio, as estatísticas dão uma quantidade grande (anormalmente grande) de indecisos a uma semana e meia das eleições.
Pode ser resultado de um efeito de projecção (o meu voto também ainda está por se decidir por um dos três vértices deste triângulo), mas imagino que a maior parte desses indecisos ande à volta deste trio: PS, BE ou voto em branco (ou abstenção, que é a forma comodista de "dizer" o mesmo).
Parece-me que o PP tem o seu eleitorado mais ou menos seguro e que o PSD tem o seu eleitorado mais ou menos perdido. A questão é quanto mais eleitorado vai Santana Lopes conseguir perder daqui até às eleições, sendo que a maior parte dele irá para o PP com medo do PS e do BE.
No centro-esquerda e na esquerda, vai concerteza haver muitos eleitores a fugir do PCP e se calhar ainda mais a fugir de Santana. Esses são os que estão indecisos. O PS parece-lhes bem porque é verdadeiramente o único projecto de governo que concorre às eleições; mas parace-lhes mal porque sabem que a pandilha de Sócrates não é outra senão a de Guterres, mas sem Guterres. E, pelo que nos têm dito, o país simplesmente não está para isso e não seria capaz de aguentar mais quatro anos de "socialismo".
O Bloco foi para muitos destes eleitores uma boa alternativa no passado, basicamente porque era uma escolha irresponsável: sabia-se que nunca seria governo e portanto esse voto funcionava mais como um voto anti-sistema do que como uma verdadeira escolha. Foi isso que fez crescer o BE até ao tamanho que tem hoje. Mas nesta eleição já toda gente percebeu que a situação é diferente e o BE pode ser um dos parceiros de governo. E isso, paradoxalmente, é o que pode afastar dele muitos eleitores, nomeadamente aqueles que acham que o BE pode ser ainda mais despesista (ou indutor de despesa) que o PS. Por outro lado, a perspectiva de uma coligação (formal ou não) do PS com o BE pode de facto afastar muitos eleitores de centro pouco receptivos às medidas "fracturantes" que a influência BE teria numa coligação de esquerda.
Deste modo, alimentado pelo centro desconfiado do PS ou pela esquerda desconfiada do PS e do BE, o partido dos indecisos deve ser, nesta altura, o mais importante a seguir aos dois "grandes". Resta saber como vai ele agir no dia 20. Por ordem de probabilidades, vai mairitariamente ficar em casa ou vai ter a coragem de votar em branco, demitindo-se em qualquer dos casos de uma escolha demasiado importante para não ser traumática. Ou, segunda probabilidade, vai maioritariamente votar no PS em nome da estabilidade e da política económica de "contenção" que toda a gente diz ser necessária. Ou ainda, terceira probabilidade, vai maioritariamente distribuir os seus votos entre a abstenção, os brancos e o Bloco, impedindo o PS de ter maioria absoluta ou sequer mais votos do que a direita e baralhando completamente a situação política emergente.
Seja como for, é curioso notar o facto de o Governo emergente das eleições de dia 20 (ou, melhor dito, o arranjo eleitoral gerado e as várias configurações de poder que ele poderá suscitar) vir a resultar do voto de não mais de alguns milhares de eleitores. Isto significa a falta de uma força política forte e liderante (como foram o PSD de Cavaco e o PS de Guterres no passado) e o desencanto dos eleitores com as propostas de esquerda e de direita: nem de um lado nem do outro vêm propostas capazes de galvanizar o eleitorado. E isso fica a débito dos partidos e das suas lideranças.

1 comentário:

Sérgio Bastos disse...

votem em quem mais aventar dar... ou máquinas de lavar roupa como o Valentim Loureiro... lol

http://marcaustico.blogspot.com