segunda-feira, junho 27, 2005

Revolução no Barnabé

Estão agitadas as águas no Barnabé que, de blogue de referência da esquerda redical, ameaça tornar-se num blogue de direita moderada com a saída dos fundadores Daniel Oliveira e Rui Tavares.

À parte os restantes afazeres e projectadas intenções de ambos (que é algo que só aos próprios diz respeito) lamento perder a crítica acutilante de ambos (não conheço muitos bloggers pelo nome e estes são certamente dois deles), mas tenho esperança de a reencontrar brevemente noutro lugar.

Mas há duas observações que gostaria de fazer neste momento a propósito deste PREC:
1. É deprimente que menos de uma mão-cheia de intelectuais brilhantes cheios de indomável espírito crítico não consiga conviver numa mesma plataforma de exercício livre de opinião. É deprimente que o tamanho dos seus egos os obrigue a acotovelarem-se no espaço limitado de um blogue ao ponto de um ou dois deles terem que sair. Porque a verdade é que nenhum sai por causa das ideias (suas ou dos outros), mas por causa da reacções (as suas) às ideias próprias e dos outros. E isso é uma pura manifestação do ego.

2. O Barnabé, como outro blogues, sempre pautou a sua "acção" pela falta de respeito por aqueles que eram objecto de crítica, em nome da liberdade e acutilância dessa critíca e em nome do desejo de provocar polémica, mesmo quando os criticados eram os próprio co-bloggers. Verdade seja dita, isso mesmo está inscrito no código genético do blogue. Mas, visitando o Barnabé (como outros blogues que com ele polemizaram), perguntei-me frequentemente por onde andaria a "geração rasca" que há uns anos tinha mostrado os seus universitários rabos à ministra da educação. Pois bem, pelos vistos ela anda a blogar. O resultado está aqui à vista. Vários anos depois, a "geração rasca" não é capaz de exercer uma discussão intelectualmente séria e livre sem se ofender pelo meio, o que também é genético. Quando isso acontece no "espaço" fechado de um blogue, naturalmente alguém tem que sair. Foi o que aconteceu. Mas convém nesta hora recordar que a discussão séria, livre, polémica e em respeito pela opiniões alheias é possível.

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