sábado, junho 24, 2006

NOVO ENDEREÇO

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O BLOGUE TESE & ANTÍTESE MUDOU-SE PARA:
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quarta-feira, junho 14, 2006

Amnistia Internacional / Amensty International

A Amnistia Internacional tem em curso uma campanha contra a repressão, nomeadamente no que se refere aos novos media. Uma das manifestações da campanha pede aos bloggers e administradores de sites que ajudem a minar a censura, abrindo espaço à divulgação, por parte da Amnistia, de material que em algum lugar deste mundo foi censurado (via Mediashift). Basta juntar este html algures no blogue e cada vez que se faz refresh ele veicula uma nova mensagem que alguém não quer divulgada.

quarta-feira, maio 10, 2006

Mudança...

Este blogue mudou de casa!

Atraído pela estética mais moderna e pelas funcionalidades alargadas (obrigado ao lisbonlab, ao Atrium, ao Ponto Media e ao Jornada pelos exemplos), troquei o Blogger pelo Wordpress. O Tese & Antítese está agora em:

http://teseeantitese.wordpress.com

Como isto não é um casamento, esta casa fica "montada" não vá eu fartar-me da "outra" e querer voltar...

terça-feira, maio 09, 2006

Sobre os diários gratuitos

«Como o 'Metro' não é pago pelos consumidores, não tem que encenar a informação para vender mais. "Ser gratuito permite fazer um jornal mais decente. Não precisamos de raparigas nuas ou crimes na capa"»
Pelle Tornberg, director da Metro International, citado pelo Courrier Internacional, reproduzindo um artigo do Guardian.

sábado, maio 06, 2006

Sobre cinema... e qualquer outra coisa.

"- De que é que não gosta no cinema, Edgar Pêra?
- Não gosto que me tomem por parvo."
Edgar Pêra, cineasta, em entrevista a Carlos Vaz Marques no Pessoal e Transmissível.

terça-feira, abril 25, 2006

Sobre o discurso de Cavaco

Poderá dar-se o caso de Cavaco achar que este governo está a governar BEM!?

Cavaco tinha todas as razões para fazer um discurso crítico. O seu programa eleitoral, a sua base social de apoio, a sua base política de apoio, a conjugação de vários relatórios internacionais, a contestação social, todas as "pontas soltas" teriam podido servir a Cavaco para "mandar recados" ao Governo. No entanto, ele nada fez, quando toda a gente achava que era hoje, 25 de Abril, que ele se ia "assumir". Se houvesse um verdadeiro jornal de direita em Portugal ele amanhã devia titular, com toda propriedade, "A Desilusão Cavaco".

Pode-se especular sobre as razões para o mutismo do Presidente (na verdade, de relevante o longo discurso nada disse). Haverá explicações mais ou menos complexas e elaboradas, tanto da esquerda como da direita. Mas há uma terceira hipótese, centrista: que é a de Cavaco estar intimamente convencido de que, dadas as circunstâncias, este governo está a governar bem.

E o que faria Cavaco se estivesse intimamente convencido disso? Faria um discurso crítico do Governo para agradar à sua base eleitoral, ao centro-direita que o elegeu, aos partidos que o apoiam? Claro que não. Self-righteous como sempre foi e sempre será, Cavaco é incapaz de contrariar as suas convicções profundas. Por isso não criticou o Governo neste 25 de Abril. Como já muita gente tinha dito, Sócrates pode ter ganho um aliado. Mas, ainda mais interessante, se Sócrates governar bem, Cavaco pode ter ganho um problema: como estar de bem, ao mesmo tempo, com a sua consciência e com a sua base de apoio?

segunda-feira, abril 17, 2006

A essência do futebol

A essência do futebol nestes spots da Adidas chamados "José +10", parte 1 e parte 2 (também visível no site da Adidas).

Agora é que vão ser elas...

A MTV alemã vai transmitir a partir de 3 de Maio a série de animação Popetown (em que contracenam um Papa excêntrico e um Cardeal corrupto) considerada pelos católicos "um ataque directo à crença cristã", "uma provocação", "uma ofensa", "uma infâmia", "uma blasfémia" (onde é que eu já ouvi isto...?).

Adenda 1. O Comunicar a Direito tem ums série de posts narrando a polémica sobre esta matéria: 1, 2, 3, 4, 5, 6.
Adenda 2: No final de 2004 esta mesma série esteve programada para a BBC3, mas a direcção da estação recuou face aos protestos dos católicos. Ver aqui e aqui.

domingo, abril 16, 2006

Green TV

A Green TV é um canal de TV dedicado às questões do ambinete transmitido online. Dá um lamiré sobre o futuro da televisão e veicula uma boa causa.
(via Irreal TV)
Recomendo o filme "The Store Wars". And may the "farm" be with you!

Marketing viral

Dica do Contrafactos & Argumentos, eis a lista das 12 mais criativas ideias de marketing viral segundo a MarketingSherpa. Curiosidade: há um caso nacional no #8 (www.kreedo.com).

Os media segundo Ramonet

Mais vale tarde que nunca.

Vi o debate do Clube de Jornalistas na passada quarta-feira, dia 12, e o que mais destaco são as citações de Ignácio Ramonet numa conferência realizada em Lisboa. Destaco esta porque me parece muito pertinente, mas recomendo a leitura integral das citações, em boa hora compiladas pelo Comunicar a Direito, aqui, aqui, aqui e aqui.

No decurso dos últimos quinze anos temos vindo a assistir à chegada de gigantes empresariais à comunicação social, juntando-se a isto, com todas as consequências, a globalização.
E o que é a globalização? É essencialmente uma fase da história económica onde as empresas tendem a tornar-se mais importantes do que os Estados.
Enquanto as empresas estão por todo planeta, os Estados estão limitados ao seu território.
A globalização é o privado contra o público. É o mercado contra o Estado. É a empresa privada contra o serviço público e é esse o papel principal das empresas no domínio económico.
Essas empresas, hoje, são sobretudo empresas dos grandes grupos mediáticos.
No seio desses gigantes grupos mediáticos, a parte da comunicação social é reduzida.
Se tomarmos como exemplo o grupo Murdoch, o aspecto realmente jornalístico, de informação, é extremamente reduzido naquele grupo, em comparação com a produção de filmes, de televisão, música, séries de televisão, livros, grandes séries, etc.…
”.
Ignacio Ramonet
.....
P.S. Se alguém souber como ter acesso ao conteúdo integral da conferência, sou todo ouvidos...

Uma boa ideia

Uma boa ideia de Tiago Barbosa Ribeiro no Kontratempos:

"Sugiro por isso que os leitores colaborem, por e-mail (t.b.ribeiro@sapo.pt) ou na caixa de comentários, indicando outras tarefas administrativas que podem perfeitamente ser desburocratizadas e assim simplificar o nosso dia-a-dia. Daqui a uns dias publicarei um post onde constarão todos esses actos que podem ser eliminados. E quem sabe o governo não aceitará mesmo as sugestões."

Mãos à obra! Todos sabemos que matéria não falta.

Stop AIDS

Este vídeo da organização Médicos Sem Fronteiras sobre a progressão da SIDA é notável e merece ser reproduzido.

MediaChannel na Europa

O MediaChannel, organização norte-americana de análise e controle dos media ("As the media watch the world, we watch the media"), abriu uma filial na Europa, dirigida porMark Stenzler, que para já se limita a pedir a participação dos jornalistas europeus. Confesso que não conheço muito bem o trabalho do Mediachannel, mas a ideia parece-me interessante.

The state of the news media 2006

Já saiu mais recente relatório do "estado dos media noticiosos" nos EUA, elaborado pelo Project for Excellence in Journalism. Vale uma visita prolongada. Eu estou mesmo a iniciar a minha.
(dica Unvarnished)

quinta-feira, abril 13, 2006

Gravuras de corpo inteiro

Agora são gravuras de corpo inteiro: o lançamento da edição indonésia da Playboy está a ser recebido com manifestações e ameaças.

A polícia indonésia pediu aos editores para não lançarem o segundo número da revista, que, ao contrário das suas multiplas congéneres, não inclui corpos nus (uma manifesta discriminação dos indonésios...).

Do outro lado, já existe uma petição online com mais de 7000 assinaturas pedindo a manutenção da edição local da revista (se eu percebi bem o indonésio...).

Cavaco e Sócrates

Afinal, na aludida notícia de primeira página do Independente não havia cartas; a notícia era simplesmente a existência das cartas. E na verdade este conflito só "ameaça tomar contornos institucionais" porque o jornal, como todos os outros, gostaria que isso acontecesse. A montanha pariu um rato.

Expresso em podcast

Já sabia (através do Radio.com), mas só agora estou a utilizar pela primeira vez:

O Expresso é o primeiro jornal português a disponibilizar para os seus leitores entrevistas em podcast. A técnica é cada vez mais frequente no estrangeiro e aplica-se não só a entrevistas como a todo o tipo de artigos. No caso do Expresso destaco sobretudo a disponibilização dos podcasts relativos ao programa da SIC e do próprio jornal, "Expresso da meia-noite" (feed aqui).

Clubes olham para os blogues

Através da Sportinvest Multimédia, os três grandes do futebol em Portugal (Sporting, Benfica e Porto) dedicaram um pouco de atenção aos blogues oferecendo contúdos gratuitos em forma de feed. Exemplo aqui. É mais do que já se viu em muitas outras áreas.

Berlusconi = Bush

Berlusconi é o George Bush da Europa. Com tudo o que se sabe, disse e se pôs a circular sobre ele, é de todo supreendente que tenha conseguido metade dos votos nas eleições italianas. Longe de nos afrontar, isso deve-nos desafiar a perceber melhor o que leva tantas pessoas a votar em alguém que nenhuma pessoa de bem recomendaria. Tanto no caso de Bush como no de Berlusconi, parece-me que, mais do que a divisão esquerda-direita (e para quem delas se conseguir abstrair...), o que é intelectualmente estimulante é analisar as diferenças entre quem os denigre e quem neles vota. Intuo que, em boa parte, essa divisão ajuda a explicar o funcionamento das sociedades modernas.

Cavaco vs. Sócrates

Sobre esta notícia do Independente, que ainda não li, o que eu gostaria de saber é quem é que deu ao jornal as cartas que a fundamentam. Porque a resposta a essa pergunta é politicamente definidora: embora o subtítulo apologético tente fazer crer que a questão é embaraçosa para ambos, a iniciativa terá vindo de algum lado. Se tiver vindo do lado de Sócrates, é uma forma de defesa prévia face ao "papão" Cavaco; se tiver vindo do lado do Presidente é uma declaração de guerra política, abrindo as hostilidades. Espero que a leitura da notícia seja esclarecedora.

A cautelosa abordagem à questão do Irão

A forma como as potências ocidentais estão a abordar a questão do Irão revela inteligência e capacidade de aprendizagem. É claro que uma intervenção militar é altamente provável senão mesmo inevitável. Parece que já se percebeu que os EUA já tomaram essa decisão. Portanto a questão é (1) quando e (2) com que aliados. Lenta mas notoriamente, os restantes países ocidentais colocam-se moderadamente em posição de poderem vir a apoiar essa acção.

Após os ataques de 2001 e subsequentes intervenções no Afeganistão e Iraque, julgo que boa parte da divisão ocidental resultou do efeito-surpresa da ameaça terrorista, que verdadeiramente só nessa altura se revelou na sua verdadeira magnitude. O Ocidente não estava preparado para lidar com essa situação e foi isso que gerou a sua divisão. Os países ocidentais, todos, perceberam então que a sua divisão era (foi) uma fraqueza e impõe a mais evidente inteligência geoestratégica que isso não se repita no Irão. É por isso que moderadamente, toda a gente se coloca a jeito para uma intervenção militar. Ou seja, a comunidade internacional percebeu depois do Afeganistão e do Iraque, que está perante uma realidade mundial nova e está a adaptar-se a ela. Uma das maneiras de o fazer é percorrer um caminho diplomático anterior à guerra cuja função é justamente preparar para a guerra. A visita de El-Baradei não será o último, mas é um passo decisivo nesse sentido.

quarta-feira, abril 12, 2006

Empolamento jornalístico

Esta questão do acórdão do Supremo Tribinal de Justiça a propósito dos maus tratos (versão integral aqui, via blasfémias), suscita algumas reacções rápidas:

1. Ouvi a notícia pela manhã na TSF e desde logo me pareceu um excesso interpretativo. O que em si mesmo é significativo;
2. Neste caso, como noutros, os media foram claramente uns atrás dos outros. O Público estabeleceu a agenda e a rapidez com que vários outros meios abordaram o assunto demonstra, na prática, que não o aprofundaram devidamente. A procura do sensionalismo está para os media como o populismo está para a política. O que impressiona é a abrangência dos media neste sensacionalismo em particular. Espera-se da TVI, do CM ou do 24 Horas, mas não se espera o Público, do Expresso ou da TSF.
3. A substância do acórdão é altamente discutível e dá um debate muito pertinente. Mas não nestes termos, naturalmente;
4. Como exemplo negativo, eis a formulação do Portugal Diário:
O acórdão diz "Qual é o bom pai de família que, por uma ou duas vezes, não dá palmadas no rabo dum filho". O Portugal Diário escreve "(...) E considera que 'o bom pai de família' 'dá palmadas no rabo do filho'." A deturpação é evidente.

segunda-feira, abril 10, 2006

Incógnita









Ao longo das últimas horas de Google News, esta pequena imagem aqui em cima já esteve a ilustrar as seguintes notícias:

- Comissão quer continuar a apoiar povo palestino
- Sócrates hoje em Paris na segunda cimeira luso-francesa
- Maria José Morgado defende que MP deveria coordenar polícias (estilo "na cama com")

Incógnita: de onde virá a foto e quem será a ubíqua moça?

Altamente recomendável

Para quem gosta de ouvir música no computador enquanto trabalha (ou enquanto finge que trabalha...), esta é uma boa recomendação.

Não tem nada de especial do ponto de vista técnico, a não ser uma excelente selecção musical: a Lounge Radio, da Suiça, está disponível online com vários formatos e permite colocar um pequeno leitor no blogue a servir (boa) música de fundo (como fez o Recanto Cibernético).

A Lounge Radio não é nova, mas a verdade é que fico com vontade de a recomendar de cada vez que a ela regresso. Como agora.

domingo, abril 09, 2006

Artigo indefinido

Quando Cavaco afirma que vai iniciar "uma outra fase" em Belém, o que intriga é o artigo indefinido. Se ele dissese que ia iniciar "a outra fase", isso significaria que alguém sabia que fase era essa. Que tinha sido anunciada, que constava de documentos. Ao dizer "uma outra fase" podemos ficar na dúvida se Cavaco sabe qual é mas temos a certeza que nós não o sabemos...

Miguel, somos todos ouvidos!

As declarações de Paulo Bento no final do Sporting-Porto parecem feitas à medida da mais recente crónica futeboleira de Miguel Sousa Tavares, sobre o "Clube Calimero".

Em 28 de Março MST escreveu: "Nunca assisti, e seguramente nunca irei assistir em dias da minha vida, a um jogo em que o Sporting perca e a culpa não seja do árbitro." Pois bem, não foram precisos mais de poucos dias...

(que pena MST não ter um blogue...)

sexta-feira, abril 07, 2006

Quebra-cabeças: a resolução

Não foi fácil encontrar a resposta a esta charada. Mas, para provar que na internet há resposta para tudo, ela aqui está.

Não sou Matemático nem entendo a explicação suficientemente para a reproduzir, mas, ao que parece, isto é uma manifestação da Sequência de Fibonacci (um matemático italiano nascido em 1175).

Ao que parece, os triângulos em particular terão sido desenhados pelo holandês Roy Nauw of Kloetinge, aluno de Floor van Lamoen, e foi primeiro referido num fórum sobre puzzles de geometria.

Quem quiser aprofundar que siga os links. Eu acho a charada interessante, mas o meu "negócio" é mais letras...

quarta-feira, abril 05, 2006

Alguns hooligans pelos cantos

Há buzinadelas de satisfação em Lisboa.

Quebra-cabeças

As partes coloridas do triângulo de cima têm a mesma dimensão do triângulo de baixo.
No total, o triângulo de cima tem as mesmas dimensões do triângulo de baixo.

Então, de onde surgiu a quadrícula em branco da segunda figura?


(via Bancada Directa)

Resposta num post próximo...

terça-feira, abril 04, 2006

A mais bela palavra do português

Nos Sinais de hoje (audio aqui), Fernando Alves fez alusão a uma interessante iniciativa:

"Uma oficina literária de Madrid, a Escuela de Escritores, acaba de dar a palavra aos cibernautas, lançando-lhes um desafio para que escolham a mais bela palavra castelhana. Qualquer cibernauta pode participar nesta homenagem à palavra com que, no sítio www.escueladeescritores.com, se pretende celebrar, este 23 de Abril, o dia do livro."

A ideia é genial na sua simplicidade e na sua beleza. Talvez fosse interessante um desafio semelhante em língua portuguesa. Se a esta que está aqui abaixo cada blogue for juntando a sua escolha numa lista cumulativa, talvez uns passos mais à frente o resultado fique bastante interessante.

O desafio fica lançado. Eis meu contributo:

PAIXÃO
Proposta Tese & Antítese
Porque é uma palavra tão arrebatadora quanto o seu significado; porque sugere imediatamente o movimento que se lhe associa; porque o "ão" só existe em português; e porque nada de verdadeiramente valioso é feito sem paixão.

domingo, abril 02, 2006

Funcionários públicos

Sobre a ideia feita de que temos funcionários públicos a mais, eis uma lista publicada no Correio da Manhã (não descobri o link) e citada (mais uma vez) no Cabalas:

PESO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS NA POPULAÇÃO ACTIVA (Dados de 2004)
Suécia - 33,3%
Dinamarca - 30,4%
Bélgica - 28,8%
Reino Unido - 27,4%
Finlândia - 26,4%
Holanda - 25,9%
França - 24,6%
Alemanha - 24%
Hungria - 22%
Eslováquia - 21,4%
Áustria - 20,9%
Grécia - 20,6%
Irlanda - 20,6%
Polónia - 19,8%
Itália - 19,2%
República Checa - 19,2%
PORTUGAL - 17,9%
Espanha - 17,2%
Luxemburgo - 16%

Sobre a regionalização

Através do Cabalas, descobri este blogue, que não conhecia, relativo à problemática da regionalização. Imagino que este link ainda possa vir a ser útil no futuro próximo...

Boa pergunta...

Em relação à questão das quotas, faço minha a dúvida existencial do Adufe: se uma deputada decidir mudar de sexo a meio de uma legislatura, perde o mandato?

Desafio de perspectiva



Nesta imagem, as pequenas manchas brancas são os camelos e as figuras negras são as suas sombras.
(foto enviada por J.M.Figueiredo para o Sorumbático)

O (meu) cantinho do hooligan

Sábado, vos esperamos!

sexta-feira, março 31, 2006

Sobre a racionalidade no futebol

A propósito do Benfica-Barcelona gerou-se uma (bem disposta) polémica sobre a racionalidade no futebol, aqui, aqui e aqui.

Não só não é racional apoiar o Benfica contra o Barcelona como, para qualquer adepto do Sporting ou do Porto, é racional o contrário:
- o sucesso do Benfica dá pontos e possibilita que daqui a alguns anos haja mais vagas europeias para 18 equipas disputarem, entre elas o Porto e o Sporting;
- mas esse mesmo sucesso também lhe dá receitas que para o ano vão permitir não vender os jogadores que tem, comprar melhores jogadores e ficar com uma equipa mais forte, para confrontar sobretudo o Porto e o Sporting.

Haverá algo mais racional do que desejar a derrota do Benfica?
É que nem é preciso apelar às razões emocionais...

Em destaque

Sobre as quotas:

"Começou com as mulheres, mas não há razão para que, a prazo, outras quotas não se venham a impor, por cor da pele, religião, orientação sexual, região ou classe social de origem. Para quem tenha uma concepção liberal da política, na velha tradição da liberdade, há uma perda de qualidade da naturalidade democrática a favor do artificialismo, da engenharia utópica da sociedade."
Pacheco Pereira, no Abrupto

Lobby gay contra a Galp

O site PortugalGay denunciou o novo hino da Galp como sendo homofóbico por causa deste trecho:

"Vamos com tudo, meter o pé, chutar primeiro,
Que o último a chegar é paneleiro."

Curiosamente, no site da Galp a palavra surge substituída por reticências.
(via Tomarpartido)

quinta-feira, março 30, 2006

Perspicácia

Mais um exemplo de fabulosa perspicácia dos dirigentes do Sporting:

A assembleia geral que vai elegar a próxima direcção do clube foi marcada para a sexta-feira anterior à penúltima jornada do campeonato, quando, provavelmente, o título de campeão estará em plena decisão...

Muito perspicaz!

Explicação para uma providência cautelar

Finalmente a explicação para uma providência cautelar que já chegou à Quadratura do Círculo:

"Diário da tua ausência", o novo livro de Margarida Rebelo Pinto é lançado no próximo dia 12 de Abril.

Pode não saber escrever, mas é inteligente!

Ironia

Aqui está uma ironia que muitos imigrantes africanos certamente dispensavam:

"É BOM TRABALHAR NA OBRAS", diz a página inicial da Oficina do Livro.

Titânico

E ainda dizem que o futebol não é galvanizador...

Vejam a página inicial do site oficial do Vitória de Guimarães na antevisão do próximo jogo com o Sporting:

Renaissance

O renascimento do film noir francês pós-americano:

Estreou no passado dia 15 em França, Renaissance, de Christian Volckman, um curioso filme de animação 3D integralmente a preto e branco passado em Paris no ano de 2054. O blogue Alambique explica do que se trata e o site oficial merece uma visita (os videos de making of e os trailers são particularmente recomendáveis).

quarta-feira, março 29, 2006

Confesso...

Confesso que uma vez já ofereci um livro de Margarida Rebelo Pinto*.

*Ainda não tive coragem de pedir desculpa à ofertada.

terça-feira, março 28, 2006

Estratégia defensiva



Afinal o 3-2-2-3 pode ser uma estratégia defensiva.

("roubado" no Aos 35)

Inteligência europeia












Segundo um estudo referido no Times, os alemães são os mais inteligentes dos europeus. Os franceses aparacem em 19º lugar...
(via Jumento)

"Censura"

Segundo o Diário Digital, Margarida Rebelo Pinto e a sua editora interpuseram uma providência cautelar para impedir a publicação do livro "Couves & Alforrecas: Os Segredos da Escrita de Margarida Rebelo Pinto", de João Pedro George, do Esplanar, editado pela Objecto Cardíaco. Um assunto que merece acompanhamento.

Adenda: O Estado Civil diz que o DN de amanhã pega no assunto.

segunda-feira, março 27, 2006

Para reflexão

Como subproduto do interessante debate sobre liberdade de expressão organizado pelo DN, eis uma ideia profícua de Pacheco Pereira:

Em Portugal, devíamos estudar com muita atenção a censura. Com excepção da União Soviética, somos o país da Europa em que a censura durante mais tempo moldou a maneira de pensar: 48 anos sem um único dia de interregno. Na Turquia, Grécia ou Espanha, houve dias sem censura. Em Portugal foram 48 anos seguidos sem interrupções.

E os nossos coronéis tinham uma enorme sensibilidade para aquilo que era importante na censura: a autoridade. A censura prévia em Portugal cortava tudo o que pudesse ser entendido como crítica à autoridade. Há cortes da censura a críticas à maneira se vestir do Príncipe de Gales, às críticas à actuação dos árbitros. Os censores percebiam muito bem quando estava em causa aquilo a que eles chamavam o ‘desrespeito’.

O mais importante na nossa censura nem era a censura do político mas sim a censura da conflitualidade. Tínhamos uma censura em Portugal que proibia notícias de suicídios. Eram sempre ‘acidentes com armas de fogo’. As mortes e os assassinatos violentos também não existiam. Tudo aquilo que pudesse implicar uma ideia de conflito social era cortado.

Se quisermos estudar os nossos problemas de liberdade em 2006, não podemos ignorar uma tradição longuíssima de uma censura que combatia essencialmente o conflito social. Esta ideia é algo que ficou na nossa mentalidade e que tem muito a ver com o retorno do sr. Bom e do sr. Senso. Acho que este debate sobre as caricaturas a incorporou: nós temos uma enorme facilidade em integrar o sr. Bom e o sr. Senso no nosso quotidiano. O Sr. senso tem sucesso em Portugal porque nós temos uma mentalidade que não gosta do conflito. Nós não gostamos do conflito. Nós somos socialmente avessos ao conflito.

sábado, março 25, 2006

A liberdade de expressão em debate

Para quem não ouviu, vale a pena ouvir as conjecturas a propósito do sr. bom e do sr. senso no debate sobre liberdade de expressão organizado pelo DN e transmitido pela TSF (audição aqui).

Why China scares the US

"Why China scares Russia"
Newsweek



Porque será que não consigo deixar de ver este título da Newsweek como um indício de que - manifesta projecção - os americanos estão cheios de medo da China? O poder real e (sobretudo) potencial da China está envolto em incógnitas, mas o receio que ele desperta nos EUA é o melhor indício de que "não há fumo sem fogo".

quinta-feira, março 23, 2006

A Terra, a Água e o Ar

"À escala cósmica, a água é mais rara do que o ouro."
Hubert Reeves, citado por Fernando Alves nos Sinais de ontem.

A multiplicação das iniciativas e estratégias relacionadas com o aproveitamenteracional da água, faz pensar nos elementos fundamentais dos gregos e na forma como eles explicam boa parte do quadro de fundo da história do ser humano.
Por volta de 1500 a Terra ainda era um bem não escasso e a descoberta de "nova terra" era possível. Hoje, a terra é disputada ao centímetro, há poucas zonas no mundo "livres de humanos" e as que há têm que ser deles protegidas. A Terra transformou-se num recurso escasso, passou a a valer dinheiro e por isso foi tomada pela propriedade privada.
A água é nos dias que correm objecto de acordos e convenções internacionais quando não de disputas veladas entre países (Portugal e Espanha, por exemplo). Ainda é um bem livre e não escasso, mas está a tornar-se em algo com valor económico, primeiro numa perspectiva nacional, mas depois também numa perspectiva particular. Neste momento a discussão ainda permanece no primeiro desses planos, mas vai evoluir para o segundo.
Por fim, o Ar. O que significam acordos como o de Qioto senão a assunção de que tembám o Ar, o mais abundante dos elementos, é afinal limitado e tem que ser "gerido"? A pergunta que se coloca então é: se hoje em dia fosse tecnicamente possível criar e manter ar puro em zonas controladas, isso não teria imediatamente um enorme mercado potencial em muitos países ocidentais? Aliás, partindo da crença no progresso inelutável da técnica, a pergunta não deve ser "e se"; deve ser "e quando" isso for possível?
A muliplicação dos seres humanos gera pressão sobre os recursos todos. Primeiro a Terra, agora a Água, no futuro o Ar. E na medida em que essa pressão cresce, cresce o valor económico dos elementos e portanto a sua atractividade para a propriedade privada.

segunda-feira, março 20, 2006

Solidariedade

(Post de solidariedade com todos os Larry deste mundo)

Quem terá tido a ideia de dar nomes de pessoas às catástrofes naturais?
(será um velho vestígio de animismo?)

sábado, março 18, 2006

Cenas da vida real

Numa cervejaria de Lisboa peço uma palhinha para a coca-cola do meu filho. O empregado traz uma palhinha às listas vermelhas e brancas e diz: "Aqui está a palhinha. É do Benfica. O momento não é o melhor, mas ainda assim..."
A cor da palhinha era irrelevante, mas a observação não. Por isso peguei na palhinha e respondi: "Não tem em verde. Não leve a mal, mas nós preferimos."

O resto do almoço decorreu na maior normalidade, mas a reflexão impôs-se-me:
Que grau de clubite poderá ser necessário para um empregado de mesa aborbar dois clientes perfeitamente desconhecidos desta forma? Mais: que tipo de ideias povoam a mente daquela criatura para ver "Benfica" numa palhinha para a coca-cola? Quantas sinapses, Dr.Damásio?

Fim de citação III

"Cantar em português, nem pensar. Seria como cantar fado em inglês."
Angelina, cantora de jazz, na mesma reportagem da NS

Bom paralelo! Mas talvez fosse de o desafiar à Jacinta, ouvida na mesma reportagem.

Fim de citação II

"Acho ridículo que para certas pessoas o jazz tenha uma conotação elitista."
Marta Hugon, cantora de jazz, numa reportagem da NS (sem link)

E eu acho ridículo que alguém não perceba o rídiculo de que se reveste quando deseja que o mundo seja como ela deseja.

Fim de citação

"Não há uma criatura do PSD em quem Cavaco Silva confie que confie no dr. Marques Mendes para levar o partido a porto razoável."
Ana Sá Lopes, no DN (sem link), sobre a escolhas de Cavaco Silva para o Conselho de Estado

O Jumento vai ao Ministério

O Jumento vai ao Ministério?

"Polícias vão levar um burro ao ministro António Costa
Indignada pela forma como foi tratada pelo Governo, a direcção do Sindicato dos Profissionais de Polícia vai levar no próximo dia 21 de Abril um burro até ao Ministério da Administração Interna. O animal (...) sairá (...) rumo ao Terreiro do Paço levando consigo um carregamento de pastas com 'todos os problemas' que enfrentam os polícias."
DN de hoje (sem link)

Brilhante!
Mas a história tem antecendentes, explicados mais à frente:

"Uma acção de protesto (...) que pretende estabelecer uma relação com uma iniciativa que o próprio António Costa levou a cabo quando era candidato à Câmara de Loures. Na altura, Costa simulou uma corrida entre um burro e um Ferrari na Calçada de Carriche, em Lisboa, para chamar a atenção para os problemas do trânsito (...)."

Resumindo: é a vingança do burro!

terça-feira, março 14, 2006

Serviço Público

Um blogue de serviço público: o Obsecado tem por missão compilar e denunciar as gralhas, onde quer que elas ataquem.
(dica Sorumbático)

Berlusconi no seu melhor

Berlusconi abandonou uma entrevista na RAI 17 minutos depois do início por não ter gostado da atitude da jornalista. O vídeo (quase) integral está aqui, e a transcrição da azeda troca de palavras é a seguinte:

BERLUSCONI: «Il governo della sinistra ha avuto uno sviluppo inferiore alla media Ue dello 0,9%, noi dello 0,8. Quindi abbiamo fatto meglio. Capisco che lei non sia molto pratica di economia, ma i dati sono questi...».
ANNUNZIATA: «Lei dice che non sono molto pratica di economia, ma la perdita di 102 mila posti di lavoro...».
BERLUSCONI alza la voce: «Lei adesso mi lascia parlare, mi fa la cortesia di lasciarmi rispondere, sennò mi alzo e me ne vado. Chiaro?».
ANNUNZIATA prova a replicare.
BERLUSCONI insiste: «Lei mi ha fatto una domanda, esigo che lei mi faccia rispondere».
ANNUNZIATA: «Che lei si alza e se ne va è una cosa che lei non può dire».
BERLUSCONI: «Allora io mi alzo e me ne vado e questo resterà come una macchia nella sua carriera professionale. Allora, lei mi ha fatto una domanda, mi usa la cortesia di farmi rispondere?».
ANNUNZIATA prova a dire: «Presidente, ma io...».
Ma BERLUSCONI la ferma: «No, mi ha fatto una domanda e non mi ha datto il modo di rispondere».
ANNUNZIATA: «Presidente, ritiri il discorso del “mi alzo e me ne vado”, perché questo non è accettabile».
BERLUSCONI: «No, io mi al-zo e me ne va-do perché se lei non mi lascia rispondere...».
ANNUNZIATA: «Presidente, non lo faccia».
BERLUSCONI: «Lei non può dire a me quello che devo fare».
ANNUNZIATA: «Neanche lei a me, ci sono delle regole nel mondo giornalistico. La prego di non dire che se ne va».
BERLUSCONI: «Io posso dire quello che voglio, lei non me lo può negare».
ANNUNZIATA: «Presidente, non può dettare le regole».
BERLUSCONI: «Lei vuole decidere anche per gli altri, mentre io sono un liberale e decido solo per me».
ANNUNZIATA: «Guardi, lei non è abituato ad avere colloqui con i giornalisti».
BERLUSCONI si alza, stringe la mano a Annunziata: «Va bene, arrivederla signora, se lei non mi lascia parlare la saluto. Complimenti, lei ha illustrato bene come si comporta una persona che ha pregiudizi e sta con la sinistra. Le posso dire una cosa: lei deve avere un po’ di vergogna per come si è comportata». Mentre Berlusconi se ne va.
ANNUNZIATA dice: «Presidente, mi dispiace ma lei non sa trattare con i giornalisti».
Allontanandosi, BERLUSCONI continua a sfogarsi: «Arrivederla, arrivederci, ringrazio, la Rai è controllata da me...».

segunda-feira, março 13, 2006

Um pedido


(via Sorumbático)

A OBA! de Sócrates

Haverá melhor aliado para o Governo de Sócrates que a confiança revelada pelos empresários que, com um intervalo de poucos dias, anunciaram dois enormes investimentos para os próximos anos? As OPA de Belmiro e do BCP devem ter sido comemoradas com champanhe em S.Bento.

Subsiste no entanto uma pergunta muito pertinente que uma reportagem da TV se limitava a insinuar (???): que peso terá a eleição de Cavaco nas decisões destes empresários? Anunciariam eles as mesmas decisões se Soares tivesse sido eleito? Ou Alegre? Ou mesmo se Sampaio tivesse continuado? Porquê?

Relativismo: caso prático

O verdadeiro poder da imaginação neste post de JMF no Mau Tempo no Canil.

Peões de brega

«After having overcome fascism, Nazism, and Stalinism, the world now faces a new totalitarian global threat: Islamism. We, writers, journalists, intellectuals, call for resistance to religious totalitarianism and for the promotion of freedom, equal opportunity and secular values for all. The recent events, which occurred after the publication of drawings of Muhammed in European newspapers, have revealed the necessity of the struggle for these universal values. This struggle will not be won by arms, but in the ideological field. It is not a clash of civilisations nor an antagonism of West and East that we are witnessing, but a global struggle that confronts democrats and theocrats.»
(via Klepsýdra, via Esquerda Republicana)

Esta declaração é corajosa e merece aplausos. Mas o que também acho que merece registo é o facto de ela ser subscrita por um grupo de intelectuais residentes no ocidente, na sua maior parte com origem em países do terceiro mundo e, alguns deles, muçulmanos (os países).

Percebo a intenção, mas não consigo deixar de os ver como os peões de brega da civilização ocidental. Os cavaleiros entram em cena quando o touro já estiver cansado.

O grande equívoco

"O futebol, que já foi um desporto, é hoje uma indústria que consiste na venda de um espectáculo desportivo."
Sporting, esclarecimento aos sócios

Eis o grande equívoco que está na base da ruína do projecto Roquette e do Sporting. Um jogo de futebol não é um espectáculo. É uma liturgia. As pessoas não vão ao estádio para verem boas jogadas, vão para comungarem, para exteriorizarem emoções juntos dos "seus". Economicamente, o paralelo não é o do altamente rentável e comercialmente bem sucedido futebol americano; é o do igualmente rentável e bem sucedido negócio dos evangelistas.

Talvez na Dinamarca, Noruega, Suécia, talvez mesmo Alemanha, o futebol seja encarado assim. Mas em Portugal - como em Itália, Espanha, Grécia - primeiro está a liturgia, só depois o espectáculo.

Por isso, quem configurar aquilo que tem para oferecer pensando no espectáculo vai descobrir que as pessoas não aderem. Quem preparar uma liturgia para cada jogo terá o povo futebolístico a seus pés. Foi isso que Luis Filipe Vieira já percebeu e os dirigentes do Sporting ainda não.

Talvez um dia seja assim. Oxalá. Mas por agora estão dramaticamente adiantados no tempo.

sexta-feira, março 10, 2006

Eu sabia que queria ter sido escritor...

Não sei se já conhecem a mulher de Salman Rushdie...


(dica Mau Tempo no Canil e foto roubada ao Miss Pearls)

O Espectro final

O fim do Espectro é uma má notícia. Por todas as razões e mais uma: não chegámos a ver o lado optimista de VPV.

Era?

"Era uma betinha insuportável"
Júlia Pinheiro, em entrevista à Sábado

sexta-feira, março 03, 2006

Assumar



Na minha opinião, este é sítio ideal para passar um fim-de-semana.

Quem fala assim não é gago...

Tudo o que precisa ser dito sobre o conflito entre o ocidente e o islão está neste vídeo de Wafa Sultan, uma psicóloga árabe-americana, na Al-Jazeera. Coragem é isto!
(via Insurgente)

Sublinhado adicional: na Al-Jazeera, a mesma que transmite os vídeos de Osama e que Bush em tempos acusou de estar ao serviço dos terroristas. Oxalá as cadeias de TV norte-americanas fossem assim tão abertas ao contraditório...

Duplos sentidos



Mais uma pérola do "caucho" nacional: "Lá dentro", como título de primeira página, é uma expressão arrojadamente polissémica...

Será ironia?

"Com quem vai governar Cavaco?"
Título de primeira página do Semanário

Será ironia ou será mesmo um lapso jornalístico?

Memória colectiva

Um pouco da nossa memória colectiva, nos vídeos do The National Archives.
(dica Sorumbático)

Um elogio...

Segundo VPV, Marcelo é "o único comentador de génio da televisão".

quinta-feira, março 02, 2006

O segredo desvendado...

Finalmente, clara e cristalina, eis a explicação para as vitórias de Mourinho:

"A lógica da distribuição pelas diferentes unidades de treino é garantida pelo princípio da progressão horizontal e pelo princípio da alternância horizontal em especificidade, tendo em conta o manuseio conveniente do desgaste global - «mental-emocional» e «físico» implicados no solicitar diverso da tríade relacional das ditas estruturas locomotora, orgânica e perceptivo-cinética - e da recuperação."
in Mourinho, Porquê tantas vitórias?, de Bruno Oliveira, Nuno Amieiro, Nuno Resende e Ricardo Barreto, Gradiva.
(citado em A destreza das dúvidas)

domingo, fevereiro 26, 2006

Nuclear? Onde???



Faço minhas as palavras de Carlos Medina Ribeiro no Sorumbático. Este cartoon de Bandeira publicado no DN de ontem diz tudo: para quê discutir a energia nuclear se nunca chegaremos a consenso sobre onde a instalar. Pura perda de tempo.

24 Horas

Por acaso descobri, com esta história das buscas, que havia jornalistas no 24 Horas. Ainda não tinha percebido...

Vai ser um belo fim de tarde



Agora sim, refastelado olhando para o clássico.
Raramente temos um jogo em que os resultados possíveis variem entre o bom e o excelente:
Vitória do Porto: Bom. É sempre bom ver o Benfica perder, seja contra quem for, seja em que circunstâncias for.
Vitória do Benfica: muito bom. Benfica a três pontos e Porto ao alcançe de uma mão.
Empate: excelente. Quatro pontos ganhos numa só jornada aos competidores directos.

Haverá melhor programa para um fim de tarde?

sábado, fevereiro 25, 2006

A Política prevalece sobre a Justiça

Sobre o incidente de recusa de juíz no processo Casa Pia:

Se uma manobra processual, real ou possivelmente dilatória, pode pôr em causa um julgamento com a relevância pública deste, compete ao poder político assegurar-se que não é pelos prazos - uma formalidade - que a justiça - em substância - falha a sua aplicação. Nomeadamente, compete à organização e funcionamento do sistema judicial, um subproduto do poder político, garantir que os prazos em causa não são ultrapassados. Se o governo não tem competências directas para o fazer, se calhar devia ter. E devia ter porque, se é verdade que o poder político não pode administrar a justiça ou interferir na sua administração, tem o dever de garantir que ela funciona. E isso é manifestamente o que está em causa.

Que toda a gente ache que o governo não pode intervir nesta matéria porque é do foro da Justiça é algo que dá muito jeito ao governo, que, naturalmente, a última coisa que deseja é ter que tomar decisões com relevância nesta matéria tão complexa. Daí que não tenha havido, até ao momento, qualquer reacção governamental a este respeito.

Mas a ideia de que a Justiça é terreno proibido para o governo só parcialmente é verdadeira. É certo que o poder político não pode interferir na substância da Justiça. Mas tem o dever de grantir que os seus formalismos a servem em vez de a prejudicarem. Ou seja, a Política prevalece sobre a Justiça. O julgamento judicial depende da avaliação do juíz, o julgamento político depende da comunidade no seu todo. O juíz regula o seu julgamento pelas leis, a comunidade faz os seus julgamentos a partir daquilo que observa à sua volta. A economia, a televisão, o emprego, as obras, o trânsito, a criminalidade, o aborto, o casamento homossexual, a segurança social, mas também a justiça. E ninguém compreenderia que o processo Casa Pia fosse anulado por uma razão processual. Não faz qualquer sentido e só pode ter um julgamento político: inépcia. Se não dispõe dos meios ou instrumentos para solucionar a questão, o Governo deve reuni-los rapidamente e tornar claro que não será por uma razão processual - ainda para mais relacionada com os prazos dilatados em que a justiça funciona (mais de um mês para avaliar a imparcialidade de um juíz?) - que o caso deixará de ser competentemente julgado.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Parking lot

E tu, és bom a estacionar carros?
(dica Mau Tempo no Canil)

Tenho subscrito!

Sobre o anonimato na blogosfera, penso exactamente isto.

Gripe das aves

Será o alarmismo a expressão social da hipocondria (uma "doença" da civilização ocidental)?

"As far as I can read it, the flu strain known as H5N1 has taken eight years to spread from east Asia to Europe. In that time, it has killed just 91 people who have been in intimate contact with diseased birds. Roughly 200 people are ill at present, with a 60% chance of recovery. Short of eating infected bird faeces, humans seem close to immune. As world diseases go, this is trivial, yet it currently consumes more time and column inches than MRSA, malaria or Aids."
Simon Jenkins, The Guardian
(via Bicho Carpinteiro)

Comer e beber

Blogues de serviço público: 1, 2, 3.
(via Bloguítica)

10 Leis do Abrupto sobre debates na blogosfera

Estão finalmente completas as 10 leis do Abrupto sobre debates na blogosfera, aqui e aqui.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Opinion (des)maker

Sobre o excesso de opiniões da blogosfera, subescrevo (já que não consigo escrever assim...) este excelente post de Afonso Bívar no Bombyx Mori:

"Não é que haja em excesso; nem que as pessoas, escudadas no seu carácter sacrossanto, falem com ligeireza e fast thinking do que não sabem; nem sequer que, através da colagem da livre expressão à opinião, esta tenda a colonizar a esfera pública prensando outras modalidades de expressão a ponto da microscopização. O meu problema com a opinião é que ela encerra uma gramática assertiva, afirmativa, categórica que se coaduna mal com inquietações, perplexidades, dúvidas, interrogações. Quem opina por regra define, assevera, firma-se, toma posição, situa-se em contraditório com outrem igualmente assertivo, procura o veredicto, ter razão, quer dizer: beneficiar do reconhecimento de possuir a razão do seu lado. Um discurso que não apresente essas propriedades centrais da opinião (auto-)condena-se ao esoterismo, ao objecto excêntrico, quando não estapafúrdio e caprichoso. Para mim opinar é de facto uma violência (à qual cedo de quando em vez). É-o não por causa do esforço de construção de argumento mais ou menos complexo mas sim por ser constrangido a adoptar uma nomologia que encana o logos dentro de limites insatisfatórios, demasiado estreitos, obstruindo a reflexividade que quer rasgar além do mero esgrimir tantas vezes auto-complacente e narcísico de pré-conceitos. Eu tenho sempre muito mais dúvidas e enigmas por resolver que certezas e convicções, essas pautas de ordem que nos levam à certa, por mais tranquilizantes e reconfortantes, diria anestesiantes que estas sejam. Aliás, interessa-me mais o trabalho de enigmatização que o decifração. Não havendo enigma não há lugar à revelação, à descoberta, a abrir a arte do entendimento, apenas à confirmação, à reiteração de ponto de vista. À lógica da opinião falta essa curiosidade fundamental, pueril no melhor sentido do termo, ou seja como a que (só) se observa nas crianças e ainda mais nos bebés, singularmente (con)genial.
Contrapor-se-á que este texto é uma contradição nos termos. Uma opinião sobre a opinião, que por isso replica todos os vícios que a opinião – tal como aqui é paradigmatizada – apresenta. Não contesto. Mas o mundo não é só complexo, é também contraditório – aspecto que a Razão Providencial tem dificuldade em aceitar. Nem este texto nem eu próprio estamos fora do mundo(...)."

Citizen Journalism em Espanha

O jornal espanhol El Correo passou a integrar duas páginas de uma nova secção - EnlaCe - integralmente dedicadas ao citizen journalism.
(via Obercom, vias Editors Weblog, via Periodistas 21; o que também é um bom exemplo de como a informação flui)

P.S. (Post Scriptum) Um dia destes temos que traduzir Citizen Journalism, embora não goste muito do castllhano periodismo ciudadano. Aceitam-se ideias.

domingo, fevereiro 19, 2006

Mourinho em análise

A dimensão politico-filosófica de Mourinho num artigo publicado no Observer (com algumas incorrecções mas também algumas ideias interessantes). Este artigo exemplifica bem de que forma José Mourinho está a moldar a imagem dos portugueses.
(dica Bicho Carpinteiro)

Pequenos detalhes

Pequenos detalhes de linguagem que nos ensinam coisas:

"...Cerca de 200 mil euros enquanto primeira proposta..."
José Sá Fernandes, sobre a tentativa de suborno da BragaParques (audio aqui). O detalhe está no sublinhado. Será esta uma "transacção" tão banal que já tem um processo negocial habitual? Como quando vendemos ou compramos um carro usado? Aparentemente sim.

As 10 leis da blogosfera

Estas são oito das 10 leis da Blogosfera segundo o Abrupto, aqui e aqui. Uma nova versão está anunciada para breve.

1. Evitar discutir a Posição, procurar atacar a Contradição.
2. A ferocidade dos comentários está em relação directa com o seu anonimato mais o número de comentários produzidos por metro quadrado de ecrã / dia.
3. A esmagadora maioria dos temas, comentários, reacções, alinhamentos, posições é absolutamente previsível.
4. A blogosfera tem horror ao vazio.
5. O carácter lúdico dos blogues diminui à medida que a importância da blogosfera aumenta na atmosfera.
6. O tribalismo é a doença infantil da blogosfera.
7. O que vale na blogosfera tem que valer na atmosfera.
8. Na blogosfera o lixo atrai o lixo, não sendo a inversa verdadeira.

Ficamos ansiosamente à espera das restantes duas.

sábado, fevereiro 18, 2006

Admirável mundo novo

Notável, este software que permite transformar palavras escritas em palavras faladas. Ainda soa um pouco a robot, mas o que anuncia para o futuro é entusiasmante. Basta escrever algo, escolher "português" e deixar a moça falar (eu prefiro a Amália).
(dica Mau Tempo no Canil)

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Freitas do Amaral

Freitas do Amaral é o Santana Lopes do governo PS, é o José António Saraiva da actual política portuguesa. Claro que pôs-se a jeito com uma declaração em que faltava metade do que lá devia estar (a condenação dos tumultos) e uma ideia risível que se calhar até era uma boa ideia. Mas isso não chega para explicar tamanha unanimidade em torno da figura. Como SL ou JAS, Freitas conseguiu unir contra si toda a intelligentsia nacional. E todos sabemos como a unanimidade gera unanimismo. Hoje em dia toda a gente "bate" em Freitas porque... toda a gente "bate" em Freitas. É isso o unanimismo. Há muitas figuras nacionais que separam opiniões, mas apenas umas poucas que as congregam. Freitas é uma delas. E como o que é normal é as opiniões divergirem, e não convergirem, talvez nos devamos perguntar porque será assim neste caso. Será que a intelligentsia nacional precisa do seu saco de porrada para compensar a angústia da divergência de opiniões? Será que FA, como SL ou JAS, têm afinal a função reflexiva de nos assegurar que também nós fazemos parte dessa elite em que nos projectamos? Procurar a unanimidade em figuras como Freitas é, para os espíritos livres, o mesmo que para os pobres de espírito é procurar em Deus a explicação do mundo. Na verdade, nem uma nem outro existem. Por angustiante que seja, é mesmo assim. E disso Freitas não tem culpa.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Back to the classics

Depois de Xerxes, a jukebox passa a emitir Ryuichi Sakamoto (o site, por si só, vale uma visita) e David Sylvian em Forbidden Colors. Este tema começou em Feliz Natal Mr. Lawrence e depois evoluiu para esta bela canção, uma das mais belas que já ouvi.

O que sabemos nós sobre a guerra?

Uma reflexão rápida (falta tempo...) sobre o escândalo público que provocaram as imagens de soldados britânicos espancando jovens civis no Iraque:

Claro que a atitude dos militares é condenável. Mas a reacção ocidental (declarações do primeiro-ministro, primeiras páginas de jornais, inquéritos, prisões, etc..), não sendo desproporcionada, evidencia uma falha de perspectiva que é particularmente grave e explica boa parte dos sucessivos equívocos ocidentais em relação ao Iraque.

Com declaração formal ou sem ela, os militares ocidentais estão no Iraque em situação de guerra (guerra de guerrilha, mais precisamente). E a única diferença entre esta cena que nós vimos e muitas outras que se passam naquela ou em qualquer outra guerra é que esta foi filmada. Nada mais. Há de certeza nesta e noutras guerras episódios ainda mais repugnantes (de ambos os lados da barricada...) de que nunca chegamos a ter conhecimento porque não estamos lá e ninguém os filma.

O que nos deve escandalizar é a guerra em si (isso ninguém discute, claro) ou a presença de militares ocidentais no Iraque (isso jé é mais discutível...). Mas, uma vez assumida essa opção, devemos tomar consciência que os "nossos" militares estão no Iraque em situação de guerra. Achar que eles passariam por lá incólumes à violência, seja como vítimas seja como agentes, é - de duas uma - ou uma risível ingenuidade; ou uma preocupante manifestação de má-consciência, permitindo-nos dormir descansados em relação às restantes atrocidades que todos os dias acontecem no Iraque, perpetradas pelos "nossos" ou sofridas por eles. Como em todas as guerras.

Estando nós no lado mais "iluminado" do mundo, seria de supor que fôssemos capazes de não ser ingénuos ou de superar essa má-consciência, senão com o conhecimento de tudo o que se passa, pelo menos com a noção de que, de certeza, se passam coisas que não podemos julgar (sem o fazer levianamente) confortavelmente sentados no nosso sofá.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Eu apoio!

"COMUNICADO - CONVITE

Na próxima 5ª feira, 9 de Fevereiro, pelas 15 horas, um grupo de cidadãos portugueses irá manifestar a sua solidariedade para com os cidadãos dinamarqueses (cartoonistas e não-cartoonistas), na Embaixada da Dinamarca, na Rua Castilho nº 14, em Lisboa.

Convidamos desde já todos os concidadãos a participarem neste acto cívico em nome de uma pedra basilar da nossa existência: a liberdade de expressão.

Não nos move ódio ou ressentimento contra nenhuma religião ou causa. Mas não podemos aceitar que o medo domine a agenda do século XXI.

Cidadãos livres, de um país livre que integra uma comunidade de Estados livres chamada União Europeia, publicaram num jornal privado desenhos cómicos.

Não discutimos o direito de alguém a considerar esses desenhos de mau gosto. Não discutimos o direito de alguém a sentir-se ofendido. Mas consideramos inaceitável que um suposto ofendido se permita ameaçar, agredir e atentar contra a integridade física e o bom nome de quem apenas o ofendeu com palavras e desenhos num meio de comunicação livre.

Não esqueçamos que a sátira – os romanos diziam mesmo "Satura quidem tota nostra est" – é um género particularmente querido a mais de dois milénios de cultura europeia, e que todas as ditaduras começam sempre por censurar os livros "de gosto duvidoso", "má moral", "blasfemos", "ofensivos à moral e aos bons costumes".

Apelamos ainda ao governo da república portuguesa para que se solidarize com um país europeu que partilha connosco um projecto de união que, a par do progresso económico, pretende assegurar aos seus membros, Estados e Cidadãos, a liberdade de expressão e os valores democráticos a que sentimos ter direito.

Pela liberdade de expressão, nos subscrevemos

Rui Zink
Manuel João Ramos
Luísa Jacobetty"

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Hã!?

"O Governo tem sido useiro e vezeiro em agredir juízes, funcionários públicos, outros sectores. Agredir seja quem for, neste caso os juízes, é de um populismo inaceitável".
Marques Mendes, no JN

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Estou de esperanças

Ainda não é bem uma redenção, mas, com muitas, muitas reservas (sublinhados abaixo), há uma ténue luz de esperança a iluminar o pessimismo militante de VPV:

"(...) do meu ponto de vista infinitamente insignificante (que nem a História, nem Deus, nem o seu profeta ou o seu vicário recomendam), não me parece discutível que a civilização ocidental contribuiu mais para a liberdade e felicidade do homem - e da mulher - e para o domínio do homem sobre a natureza do que qualquer outra civilização conhecida. Mais prosaicamente, em 2005, não imagino espécie de futuro para uma civilização fanática, despótica e analfabeta e consigo imaginar algum futuro, e até depor alguma cautelosa esperança, na angústia, na desordem e no perpétuo conflito, que é, como lhe compete, a civilização do Ocidente. Peço desculpa pelo tom altissonante da última frase."

V., pá, não peças desculpa: "depor alguma cautelosa esperança" merece bem um "tom altissonante"!

Pérolas jornalísticas *

"Pontapé na bola e fé em Deus"
'Remate' da reportagem da TSF sobre a selecção portuguesa no europeu de futsal do clero.

* a sério...

Choque!

Ontem, na SIC Notícias, Rui Santos reclamou um «choque 'futebológico'» em Portugal.
(nota: mas pediu a devida autorização ao primeiro-ministro José Sócrates)

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Macro-causa



Eis uma causa que realmente vale a pena.
(via Bodegas)

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Justificação filosófica do casamento homossexual

Um dos argumentos mais repetidos contra o casamento homossexual de Teresa e Helena é o de que este instituto foi criado para servir o casamento bissexual e portanto a união, admissível, entre duas pessoas do mesmo sexo deve ter outro nome e outras características. Na Quadratura do Círculo de ontem, esse foi o único argumento usado por Lobo Xavier, repetido até à exaustão, à falta de outros.
Acontece que esse argumento é falacioso. Primeiro, porque representa, em si mesmo uma capitulação. Trata-se de defender uma posição com um detalhe quando não se tem coragem de puxar do essencial. Admitir que duas pessoas do mesmo sexo devem poder constituir uma família com os mesmos direitos e deveres de um matrimónio mas não lhe podem chamar "casamento" é reduzir a questão a um problema de nomenclatura. Se a união de Teresa e Helena, qualquer que seja a designação, lhes permitir fazer o IRS em conjunto, abrir conta conjunta no banco, partilhar os bens adquiridos, deixar herança, etc, etc; então o que é que distingue essa união do casamento bissexual? A possibilidade de adopção? Parece pouco. O que os opositores do casamento homossexual gostariam de ter coragem para dizer que distingue o casamento de uma união homossexual é o tipo de relação sexual entre os membros do casal. O que os opositores do casamento homossexual gostariam de dizer e não dizem é que um está conforme com as leis de Deus e da natureza e o outro não. Porque isso é políticamente incorrecto, dizê-lo requer coragem e envolve confronto.
Mas isso é precisamente o que se exige. Ou o comportamento homossexual é considerado um desvio e uma doença, e então deve ser tratado e não tolerado (e muito menos "sacralizado" pelo matrimónio). Ou, pelo contrário, o comportamento homossexual é "normal", não tem qualquer influência na maneira de ser de quem o adopta e então os direitos da pessoa homossexual não podem ser nem um mílímetro diferentes dos de qualquer outra pessoa, incluindo o direito à adopção. Se Lobo Xavier considerar que uma pessoa homosexual pode ter, independentemente disso, o mesmo equilibro e maturidade pessoal que ele tem, então não pode deixar de admitir que ela ou ele possa aceder a todos os institutos a que ele acede, e possa mesmo querer sagrar religiosamente o seu matrimónio (religiosamente, não catolicamente). E, nesse caso, não pode deixar de concordar também que a pessoa seja capaz de criar um filho com o mesmo grau de responsabilidade que um heterossexual maduro.
É evidente que o comportamento homossexual é contra-natura (não permite gerar descendência...). Essa é que é a questão fundamental. Todas as outras são-lhe acessórias. Mas, pegando na questão fundamental do ponto de vista filosófico, quantas das actividades humanas não são contra-natura? Quantos detalhes da nossa existência quotidiana de hoje podemos dizer que estão "de acordo" com a Natureza? Muito poucos certamente. E provavelmente cada vez menos. A Natureza é uma emanação de Deus, assim como o Homem. Mas, ao moldar a Natureza à sua imagem, o Homem, a pouco e pouco e em progressão, faz-se Deus ele próprio. Hegelianamente (se é que não estou a fazer uma leitura errada de Hegel), o Homem consumará a sua vocação divina no momento em que tiver o controlo de todo o mundo físico. E já faltou mais. Nesse longo caminho que vimos percorrendo, a instituição do casamento entre pessoas do mesmo sexo, como muitas outras coisas que não estavam inscritas na Natureza e que nós escolhemos inscrever, é apenas um pequeno passo.

....

ADENDA
(Ok, ok... eu prometo que não volto a tomar aqueles comprimidos coloridos!)

A multiplicação das caricaturas

O facto de vários jornais europeus terem reproduzido caricaturas na linha das publicadas na Noruega, embora provavelmente não intencionalmente orquestrada, dá ao mundo islâmico a mensagem certa: na defesa da liberdade de imprensa, há muitos focos de resistência por toda a Europa. Os noruegueses não estão sozinhos. As reacções fundamentalistas, a existirem, têm muitos alvos a abater.
Claro que o risco neste tipo de solidariedades espontâneas é tornar a questão civilizacional em vez de particular. Mas o correcto não é evitar as caricaturas porque elas ofendem o mundo islâmico; o que é preciso é manter a defesa irredutível da liberdade e esperar que essa liberdade encontre eco dentro do mundo islâmico. Não por qualquer superioridade cultural, mas sim porque a lei dos homens manda mais no mundo dos homens do que a lei dos deuses. Quaisquer deuses.

O conto de fadas mais curto do mundo

Era uma vez um rapaz que perguntou a uma rapariga:
- Queres casar comigo?
Ela respondeu:
- NÃO!
E o rapaz viveu feliz para sempre. Caçou, foi à pesca, teve sempre tempo
para ver os jogos na Sport TV, bebeu a cerveja que quis, voltou para casa
sempre à hora que lhe apeteceu e ninguém lhe chateou a cabeça...
Fim
(recebido por e-mail)

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Exercício de cidadania

Eis o que para realmente serve um blogue: o Viver na Alta de Lisboa retrata, desde Junho de 2005, as preocupações e anseios dos respectivos habitantes. Um verdadeiro exercício de cidadania. Outro, do mesmo género, ali citado é o jornal da praceta. Não tenho dúvidas que é com pequenas coisas destas que se faz um país melhor. São ambos exemplos a seguir.
(via Canhoto)

A profissionalização da blogosfera

Um interessante par de posts (aqui e aqui) sobre a recomposição da blogosfera, no Telescópio, da autoria de Tiago Alves. A ler.
(via Blasfémias)

A vida dos cães

Durante anos os clubes de futebol andaram a alimentar uma matilha de cães raivosos para assustar os adversários. E agora admiram-se que eles se voltem contra o dono? Então isso não era mais do que evidente?
E, nesta matéria, todos sem excepção têm telhados de vidro. As claques organizadas do Benfica já assassinaram adversários com very-light, já distribuiram navalhadas pela província e já espancaram quem se lhes atravessou pela frente. As claques do F.C.Porto já roubaram áreas de serviço, já desafiaram dirigentes de outros clubes e já ameaçaram de morte a família do seu próprio treinador. Os adeptos do Sporting também já pilharam aqui e ali, já impediram a contratação de um treinador e ainda recentemente entraram na academia para "reunir" com os capitães e dizer mal do treinador (antes de entrarem à força na SAD para que ele fosse despedido). E nenhum dirigente de qualquer dos clubes achou que lhes estava a dar demasiado poder senão mesmo importância.
Ninguém entende porque razão esta corja recebe subvenções dos clubes, tem descontos nos bilhetes e dispõe de instalações nos estádios. Estou com Joel Neto: por mim acabava todo o tipo de apoio às claques. E estou em crer que pelos dirigentes também. Só que, se antes alimentavam a matilha por interesse, agora acredito que o fazem por medo. São burros, portanto.

Vida de cão

Percebo a ironia de Fernando Alves nos seus Sinais de hoje (audíveis aqui) e concordo com ela. Mas, na sua aparência de fait-divers colateral, a notícia de que uma empresa neo-zelandesa de comida para cães ofereceu 42 toneladas de alimento para as famintas crianças do Quénia (prontamente recusadas pelo governo local) é desarmante e desafiante.
Porventura será melhor que as crianças morram à fome? Porventura será melhor que se alimentem do que quer que consigam encontrar nas imediações, por mais prejudicial que lhes seja? Alguém dúvida que muitas delas passarão primeiro por isto e para depois chegarem aquilo? Para lá da fome não há nada senão a morte. E para a evitar todos os meios são legítimos.
O que nos deve preocupar, a todos, os que têm cães e os que não têm, é que a questão se chegue a colocar. Podemos dormir descansados, podemos pôr comida aos nossos animais, podemos pensar nas minudências da nossa vidinha sem nos lembrarmos que há crianças com fome? Podemos admitir que a resposta seja sim? Sim?

O que faz correr Vasco?

Finalmente VPV chegou à blogosfera e está tudo em polvorosa. Já aqui elogiei a capacidade e criatividade do seu olhar sobre a actualidade, e a forma como casa na perfeição com a blogosfera. VPV e a blogosfera foram feitos um para o outro e provavelmente viverão felizes para sempre.

Mas, estou- julgo que estamos todos - ansiosamente à espera que, finalmente, com a produção acrescida que um blogue implica, VPV diga bem de alguma coisa. Recuso - julgo que recusamos todos - que não haja possibilidade de redenção para o nihilismo de VPV. Até ao momento, os posts de VPV seguem a doutrina habitual, aqui, aqui, aqui, aqui, e aqui, com a perspicácia e criatividade com que os comuns mortais apenas podem sonhar. Sem supresa e portanto com deleite para quem lê e veneno viperino para quem é visado.

Mas, tal como Sammy descobriu, só e abandonado, o que o fazia correr, também um dia VPV encontrará a salvação num post da blogosfera. Nesse dia quero estar presente e testemunhar o milagre.

Análise do derby no quadro actual do futebol português

Agora já é possível fazer uma análise fria e racional sobre (ou suscitada por) o que se passou no sábado passado, no derby Benfica-Sporting. E porque a análise transcende o "chuta na bola vs. entrada de carrinho" habitual, justifica-se que a faça aqui.

É verdade que o resultado (e sobretudo o jogo) foi supreendente. Mas estou em crer que foi ainda mais surpreendente para os sportinguistas do que para os benfiquistas. Nos dias anteriores ao jogo criou-se um clima global de superioridade do Benfica sobre o Sporting no qual aparentemente toda a gente acreditou (incluindo os sportinguistas) e que espicaçou os jogadores do Sporting, como se viu em campo. Isso explica boa parte do jogo.

A outra parte é explicada por sobranceria do Benfica. E não me refiro tanto - embora ela tenha existido - à sobranceria dentro do campo, mas mais à sobranceria fora dele, nomeadamente no momento da nomeação do árbitro. Durante os 90 minutos houve vários lances em que um julgamento diferente teria dado ao jogo um caminho completamente diferente. Acontece que - arrisco - na altura de nomear o árbitro para este jogo tanto os dirigentes do Benfica como os responsáveis da arbitragem terão pensado que a superioridade era tanta que não havia necessidade de nomear um árbitro "amigo", evitando-se assim também eventuais polémicas, que são sempre maximizadas em jogos grandes. Por isso foi nomeado um árbitro que se pauta pelo famoso "military code" e que por isso instroduziu na equação a imprevisibilidade do falível julgamento humano. Ou seja, julgou sem premeditação, errando numas vezes e acertando noutras.

Mas nem os benfiquistas devem dar o caso como perdido nem os sportinguistas podem criar falsas esperanças. A equipa leonina não deixou de ser jovem, inexperiente (incluindo o treinador) e em parte desequilibrada e, sobretudo - convém não esquecer - vive-se um período pré-eleitoral decisivo que obviamente põe todas as outras questões "on hold". Por isso é muito provável que a irregularidade (de que este jogo afinal também faz parte) se mantenha. Os benfiquistas, por seu lado, podem esperar que a sua equipa regresse rapidamente à "normalidade" assim que o treinador, como habitualmente, ouça a voz da razão contra as suas próprias ideias.

Mas há outra razão para os benfiquistas estarem optimistas. O Benfica tem enormíssimas probabilidades de ganhar este campeonato. Já as tinha no seu início e continua a tê-las agora. O Benfica está hoje na situação em que estavam as sucessivas equipas do F.C.Porto que foram campeãs há alguns anos atrás: joga bem, tem um lote dos melhores jogadores do campeonato, em todas as posições, tem uma estrutura profissional e competente, e, em cima de tudo isso, controla o "sistema". Tal como no tempo de Pinto da Costa, este não é o único factor decisivo, mas é o único factor decisivo que não é desportivo.

Neste momento parece claro que o Benfica "roubou" o controlo do "sistema" ao F.C.Porto. É verdade que ainda há dirigentes das estruturas organizativas do futebol e de alguns clubes que são fiéis a Pinto da Costa. Afinal, são muitos almoços, muitas noitadas e muitas cumplicidades forjadas ao longo de muitos anos. Mas o que as nomeações dos árbitros, os castigos aos jogadores, as votações na liga, as contratações e empréstimos "tácticos", os almoços suspeitos e a "bofetada Moretto" vêm provar é que isso está definitivamente a mudar. Hoje quem manda no futebol português é o Benfica. E como é de Poder que se trata, já toda a gente está a mudar agulhas para o novo pólo de direcção do "sistema", que agora é o pólo sul: dos árbitros aos dirigentes da federação, dos dirigentes dos clubes "pequenos" aos juízes desportivos, até dos jogadores aos técnicos. Não é preciso que a demonstração de Poder seja explícita para que todos os agentes do futebol entendam de onde vem a força nos tempos que correm. Há dois ou três anos atrás ainda se lutava pelo ceptro do Poder no futebol português. Mas este é/foi o ano da viragem decisiva. Por isso, os adeptos benfiquistas podem estar descansados: eles terão o seu título no final da época. Que lhes faça bom proveito!

terça-feira, janeiro 31, 2006

A TV do povo

Via Bichos Carpinteiros descobri (não, não conhecia) a Current TV, dirigida por Al Gore e introduzida, neste vídeo, por Sean Penn. Um pouco como a TV Alentejo aqui abaixo, mas mais antiga e mais sofisticada, a Current TV pretende ser um "canal" de viewer created content. Vê-la como alternativa às TV tradicionais é provavelmente exagerado. Mas negar-lhe a condição de semente de algo novo é analiticamente imprudente. Em comunicação, todas as mudanças são alimentadas pela tecnologia. E esta tecnologia veio para ficar (já alguém reparou como o preço da memória se reduziu em poucos anos?).

SoundByte

Mais uma seta de Pedro Mexia:

"Inveja
Uma pessoa que tenha inveja de mim não é mal-formada. Está é mal-informada.
"

A blogosfera a olhar para si própria

A chegada de VPV à blogosfera é um acontecimento importante. Para o assinalar convenientemente, o Achtung Baby seguiu o método do Quod Erat Demonstrandum de JPP e fez uma detalhada cronologia do evento. A não perder!

Alentejo, Século XXI

O Diário Digital noticia que o site tvalentejo tem cerca de sete mil visitas diárias, 15 por cento das quais provenientes do estrangeiro. Com notícias simples, testemunhos audio e algumas reportagens video, o site é um bom exemplo de como se podem utilizar as novas tecnologias de informação ao serviço de uma região empobrecida e que não dispõe de muitos meios, e demonstra, na prática, como essas tecnologias podem pôr em causa os conceitos tradicionais de Rádio e Televisão. Uma visita interessante para alentejanos e não só.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

VPV já bloga

Pois é! Vasco Pulido Valente também já chegou à blogosfera, no Espectro. Penso que alguma coisa será como dantes. Mas não tenho a certeza...

Belo

NimbyPolis: um belo blogue. Merece uma visita.
(dica PuxaPalavra)

«É preciso ter cabeça»

O estado actual do futebol português segundo o adepto comum: Neste vídeo.
(fonte: Bola na Rede)

Adriaanse Best Friend

Este blogue (dica Bancada Directa) chama-se “Adriaanse Best Friend” e é uma hilariante paródia ao treinador do F.C.Porto, obviamente feito por adeptos do F.C.Porto. Começa assim: “MacGyver and Michael Knight are Adriaanse's best friends. Together they will enlight and help the best Manager of the world into the road of success, always in english so he can understand.”

O post introdutório diz o seguinte:
"Welcome to home of Adriaanse Best Friend. I am Michael Knight. This is an introductory post to the full purpose of this blog. Myself and MacGyver are Co Adriaanse's best friends. That's a fact. We are going to help him make our favourite team - FCPorto - the best team in the world. He really doesn't need our help, but we are so kind in our hearts that we feel we have to give all the insight we can to make his job easier.
Anyway, i hope you enjoy this Co, since it's for you.

For the general readers here i leave you with a small FAQ about this site:

Q.: Does Co Adriaanse really need help?
A.: No he doesn't. We are just being kind.

Q.: Did Co Adriaanse really invent Football?
A.: Yes he did. When he was 20 years old he invented a Time Machine that ported him back in time to invent football.

Q.: Are MacGyver and Michael Knight really fans of FC Porto?
A.: Yes they are. Whenever MacGyver isn't saving the world with a piece of wire, a can of baked beans and chewing gum he can be seen rooting for Porto at the Dragon Stadium. Michael Knight usually watches the games from a mini screen on Kitt.

Enjoy the blog."

O resto do blogue segue no mesmo tom e pode ser acompnhado em http://adriaansebestfriend.blogspot.com/

Nota: verifiquem também para onde redireccionam os links.

Também tu, Google!

Depois de ter desenvolvido uma irritação especial pelas pessoas que chamam ao treinador do F.C.Porto "Co Adriaansen", como se, em português, um nome holandês tivesse obrigatoriamente que terminar em "en" (sem que se perceba minimamente porquê), agora foi o Google a fazer-me a desfeita. Quando pesquisei "Co Adriaanse", a máquina, com todo o desplante, respondeu: "Será que quis dizer Co Adriaansen?" O que vale é que, seguindo esse link, encontramos o mesmo erro em sites finlandeses, romenos, belgas, brasileiros, espanhóis e... holandeses.

domingo, janeiro 29, 2006

Isto é... censura.

Via bombyx mori, eis como funciona a censura:

Aqui, a pesquisa "Tianamen" no Google Images em inglês.
Aqui, a mesma pesquisa no Goolge em chinês.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

IMPRESSIONANTE!

Já sei que estamos em Portugal e isto é a justiça portuguesa, mas felizmente ainda consigo achar IMPRESSIONANTE que um julgamento tenha que ser repetido por causa da deficiente gravação das suas sessões!